Beto Ribeiro |
CRÔNICA
Todo dia era a mesma coisa. Marieta sempre esperava o engenheiro chegar. “Ele é formado!”, era o que ela sempre contava para a mãe. Já sonhava com o casamento e a inveja das amigas. “A Marieta casou com um engenheiro!”, diriam.
Naquela quarta-feira seria diferente. Ah, seria. Marieta estava decidida a falar com o moço-engenheiro. Ele quase não a via, sempre dava apenas um bom-dia rápido quando passava pelo seu balcão. Marieta era a recepcionista da firma onde o casal desta história trabalhava.
Enquanto pensava na decoração de seu futuro casamento, Marieta encaminhava mais uma ligação para um dos diretores mal-humorados da empresa. O engenheiro a tiraria daquele lugar. Tinha certeza disso. Afinal, engenheiro ganha bem, acreditava. E ele chegou. Seu marido, seu salvador, o herói de sua novela das oito passaria por ela. “Calma, Marieta, calma”, repetia, num mantra descompassado.