O que você diria à Anita Malfatti se tivesse chance?
Em continuação de saga elogiada por Laurentino Gomes, escritora Mandi Castro insere o público jovem no contexto social e artístico da década de 1920 no Brasil
Anita Malfatti está na sala de casa enquanto lê para os amigos, Mário de Andrade e Di Cavalcanti, a crítica que Monteiro Lobato fez sobre uma de suas exposições. Ele desaprova as tendências artísticas da época e afirma que os talentos da pintora estão sendo gastos com uma “arte caricatural”. Ao escutar os argumentos do autor de “Sítio do Picapau Amarelo”, a adolescente Nina, que havia sido convidada a participar daquele encontro com pessoas famosas, defende Anita Malfatti.
Porém, o que uma menina do ensino médio está fazendo na casa de uma grande artista? Em Nina Lafayette e o Salto Temporal, continuação da saga de Mandi Castro, a protagonista viaja no tempo para salvar a humanidade. Com um enredo que mistura fantasia e ficção científica, a autora traz para a obra o contexto sociocultural da década de 1920 e mostra a influência da arte na formação histórica do país.
A arte brasileira depende da realidade brasileira
e é, ao mesmo tempo, reveladora dessa realidade.
Por isso, nossa expressão é ainda em grande parte lírica.
Como pode o Brasil ter uma arte trágica e grandiosa
sem que se faça a revolução social?
Como podemos pegar tamanha necessidade
e representação e condensá-la em três dias?
Nina Lafayette e o Salto Temporal, pg. 79