BOA VIZINHANÇA: Casa Vogue propõe um olhar atento à arquitetura latino-americana
Com o objetivo de quebrar a rotina viciada do olhar, a edição de agosto de Casa Vogue chama a atenção para o que tem sido feito nas nações próximas e nos interiores remotos do próprio Brasil.
Com o objetivo de quebrar a rotina viciada do olhar, a edição de agosto de Casa Vogue chama a atenção para o que tem sido feito nas nações próximas e nos interiores remotos do próprio Brasil. Guiada pelo Professor Fernando Viégas, um dos coordenadores da pós-graduação Civilização América, a revista aponta projetos relevantes realizados recentemente nessa parte do continente.
A areia do deserto e o barro dos templos e pirâmides pré-hispânicos se confundem no Santuário de Pachacamac, nas proximidades de Lima. Em meio ao sítio arqueológico de 465 ha, os arquitetos Patricia Llosa e Rodolfo Cortegana, do escritório Llosa Cortegana Arquitectos, implantaram gentilmente os volumes de concreto que compõem o museu, inaugurado em 2015, a fim de guardar e exibir os itens encontrados nas escavações realizadas na área, como tecidos, cerâmicas, utensílios variados e objetos de madeira. “A escala é manipulada em cumplicidade com a topografia e o desnível do terreno para evitar a invasão do local. É somente ao descer até o ponto de encontro que o edifício se revela em sua escala total”, explica a dupla no memorial do projeto.
Capela San Bernardo /Argentina
Tijolos e luz natural: esses são os únicos elementos que o arquiteto Nicolás Campodonico diz ter utilizado para dar forma ao templo cristão de 92 m², finalizado em 2015. Indispensável ao edifício, a luminosidade é captada pela abóboda vazada e, ao percorrer as paredes internas, projeta a sombra de duas hastes localizadas na parte externa. Quando o pôr do sol se aproxima, as sombras desenham uma cruz perfeita – único símbolo religioso permanente na pequena igreja. Os blocos que constituem a construção – arredondada por dentro e reta por fora – são centenários, reaproveitados da casa e do curral que antes se assentavam sobre a discreta colina na zona rural de La Playosa, na província de Córdoba. Para armar a cobertura, Campodonico inspirou-se nos tradicionais fornos de carvão argentinos, dispondo os tijolos de modo que uns exerçam compressão sobre os outros e, assim, mantenham-se alinhados.