Expedição científica descobre quatro novas espécies de peixe em Fernando de Noronha.
Pesquisadores exploraram o arquipélago mais famoso do Brasil por 17 dias, utilizando drones submarinos e equipamentos de mergulho de última geração para fazer os registros
Uma expedição marítima realizada por cientistas brasileiros e norte-americanos no arquipélago de Fernando de Noronha (PE) resultou na descoberta de ao menos quatro novas espécies de peixes, exclusivas do litoral brasileiro. Liderada pela Associação Ambiental Voz da Natureza, com patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o trabalho ocorreu em duas etapas. Na primeira, a equipe ficou embarcada por 17 dias realizando a exploração em águas profundas. Na sequência, foram mais de 12 meses de dedicação à taxonomia das espécies, comparando características morfológicas com centenas de outros peixes para comprovar se tratar de animais inéditos para a ciência. Além das quatro descobertas, outras 15 espécies foram registradas pela primeira vez na região.
Foram descobertas uma nova espécie de peixe gobídeo (Psilotris sp.), de peixe-pedra (Scorpaena sp.), de peixe-lagarto (Synodus sp.) e de peixe-afrodite (Tosanoides sp.). O peixe-pedra é uma espécie tipicamente venenosa, que se camufla no ambiente recifal como mecanismo de sobrevivência. O peixe-lagarto, por sua vez, também se camufla e fica praticamente imóvel à espera de indivíduos menores para abocanhar. Os novos gobídeos pertencem a um gênero raro, são pequenos e se alimentam de microrganismos, zooplanctons e microinvertebrados. Já o novo peixe-afrodite é apenas o segundo do gênero descoberto no Oceano Atlântico. O primeiro também foi encontrado no Brasil, em 2018, no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. O estudo com os resultados da expedição foi publicado neste mês na revista científica Neotropical Ichthyology.
Espécie nova de peixe-pedra encontrada a 110 metros de profundidade.