APÓS ENTRAR NO RADAR DE DJS DO CIRCUITO INTERNACIONAL,
MARIA RITA STUMPF VOLTA AOS ESTÚDIOS DEPOIS DE 27 ANOS
Com lançamento em 29 de maio, terceiro disco da cantora e compositora
gaúcha reúne dream team de instrumentistas da música brasileira.
Texto: Leonardo Lichote
(crédito Demian Golovaty)
“SOMOS TODOS ÍNDIOS”
As duas palavras - que soam como sementes do sentido da existência humana - são cantadas repetidas vezes, ecoadas, espelhadas nos últimos segundos de “Inkiri Om”, canção que abre e dá título ao terceiro disco de Maria Rita Stumpf.
Não é um acaso. “Todos” e “origem” guardam em grande medida o que se ouve nos poucos mais de 40 minutos do álbum - nos quais Maria Rita interpreta composições próprias (inclusive uma parceria com o poeta Gregório de Matos, que soa atualíssimo em seu olhar ácido sobre o Brasil, a despeito de tê-los escrito no século XVII) e de artistas como Taiguara, Milton Nascimento, Nelson Angelo, Vinicius Cantuária, Evandro Mesquita e Violeta Parra. Em versos, arranjos e melodias, a cantora aponta na direção de uma consciência da comunhão e das raízes humanas, da forma como os destinos de todos (homens, mulheres, animais, plantas, Terra, cosmos) se encontram inevitavelmente entrelaçados desde o início - uma obviedade que nos é lembrada de maneira inconteste em traumas como a pandemia que assola o mundo neste início de 2020.