O “luxo” Neoclássico
Arquiteto Maicon Rodolfo Hamm
Ao analisarmos a
história da Arquitetura mundial, vamos constatar que, assim como as artes, esta
é reflexo do contexto social de determinado período na história.
Denominamos de Clássico
o período compreendido entre os séculos VI a IV a.C na Grécia. O Clássico
representa um momento de grande expressão artística e cultural, com
desenvolvimento de uma arquitetura de grande esplendor, reconhecida pela
perfeição das proporções matemáticas aplicadas aos materiais e tecnologias
construtivas da época.
O Pártenon, um
dos mais belos templos da Acrópole de Atenas, impressiona até hoje não somente
por sua perfeição, mas também pela técnica e materiais empregados na sua
edificação.
As obras deste
período foram predominantemente executadas em blocos maciços de mármore branco,
o que justifica o pequeno vão entre as colunatas, cuja função era suportar o
grande bloco horizontal denominado de arquitrave e que suporta sobre si o
frontal do edifício, lembrando que à época os operários não dispunham de gruas
e guindastes.
Como citamos no
artigo anterior, por vezes a proporção Divina foi redescoberta pelo homem e
após a idade média com os anseios pelo Renascimento eis que surge o Classicismo,
séculos XIV a XVI. O classicismo foi um movimento cultural
que valorizava e resgatava elementos artísticos da cultura clássica
greco-romana, ou seja, foi o reflexo do anseio da sociedade pela detenção do
conhecimento esquecido na idade média.
Alguns
artistas de renome deste período foram: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael
Sanzio, Andrea Mantegna e o arquiteto Andrea di Pietro della
Gondola.
Mas aonde
queremos chegar hoje é ao período Neoclássico, século XVIII ao século XIX, cuja
característica foi fundada no estudo da arquitetura classicista do século XVI
como resposta ao Rococó, ao Barroco e à busca pelo Racionalismo.
O Neoclassicismo
se tornou o estilo dos estados burgueses enriquecidos com a industrialização e
esteve presente na arquitetura de vários países, incluindo os Estados Unidos,
Itália e Alemanha, mantendo-se apenas como ideologia e perdendo inclusive
qualquer significado histórico.
Em plena
Revolução Industrial já não fazia mais sentido se edificar reproduzindo
técnicas e formas obtidas pelos materiais rudimentares empregados nos séculos
passados, portanto o desenvolvimento do Neoclassicismo contribuiu para o
aprimoramento da crítica arquitetônica e favoreceu a transposição do Iluminismo na arquitetura,
afirmando princípios relacionados ao Racionalismo e o Funcionalismo.
Estas novas
percepções conduziriam a um novo ideal estético, com preferência para
formas geométricas e ao resgate do verdadeiro sentido Vitruviano da
arquitetura, a funcionalidade.
Foi no início
do século XIX, com a descoberta de novas técnicas de fabricação de aço e a
subsequente chegada das ferrovias que a arquitetura passou a experimentar uma
verdadeira revolução.
São obras
características deste período a Ponte do Brooklyn em NY, o Palácio de Cristal
em Londres e, já na metade do século, a famosa torre de Gustave Eiffel em
Paris, sendo reconhecida até hoje como a maior construção de ferro.
A inauguração
da torre em 1889 também resultou no primeiro uso em grande escala do elevador
para passageiros e abriu o precedente para a construção dos primeiros
arranha-céus.
Após todo este
contexto histórico, fica nítido que a Proporção Divina não deixou de existir ou
perder seu valor, mas sofreu uma visível alteração de escala.
Apesar da
crescente verticalização das edificações e o desenvolvimento de um novo estilo
arquitetônico adaptado às novas tecnologias e materiais, a Razão Áurea sempre
estará presente na arquitetura de qualidade, seja esta de forma evidente ou de
forma mais sutil, mas sempre sendo reconhecida por promover um olhar
diferenciado até mesmo ao observador mais leigo neste assunto.
Qualquer obra
edificada em pleno século XXI será sempre uma obra Contemporânea, por mais que
ela faça referência ao estilo Clássico, Neoclássico, Barroco ou à qualquer
outro, ela nunca deixará de ser uma imitação contemporânea de algum estilo
passado e jamais será uma obra legitima deste estilo, podendo ser considerada
uma obra anacrônica.
Arquiteto Maicon Rodolfo Hamm
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