FINALMENTE A JUSTIÇA CHEGA A FIFA!
Quem acompanha o noticiário nas últimas décadas sobre o comando do futebol no mundo não ficou surpreso com as prisões na alta cúpula da Fifa. Na parte que cabe ao Brasil, o País há mais de quatro décadas tem lugar privilegiado nos altos escalões do esporte. Na última quarta-feira, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi preso na Suíça, a pedido da Justiça dos Estados Unidos, em investigação conduzida pelo FBI. Ele é acusado de receber propinas de R$ 2 milhões ao ano de parceiros interessados nos direitos de transmissão da Copa de 2014. Um dia depois, o atual presidente e líder político de Marin, Marco Polo Del Nero deixou a Suíça antes do congresso que definiu, ontem, o novo comando do futebol mundial. Em meio a um dos maiores escândalos da história do esporte, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi reeleito ontem para somar mais quatro anos aos 17 que já acumula à frente de um dos mais lucrativos e apaixonantes negócios do planeta.
As denúncias não são novidade, mas as punições chegaram a escalões nunca antes alcançados, em particular em relação ao comando do esporte no Brasil. Essa gente há muito envolvida em suspeitas controla esse grande mercado de emoções, que movimenta bilhões e envolve paixões avassaladoras. Não é pouca coisa, mas a questão é mais grave ainda.
Durante sete anos – entre 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa, e 2014, quando o evento foi realizado – a CBF se tornou uma das instituições mais influentes sobre a política brasileira. À frente da organização do Mundial, coordenou um dos maiores programas de investimentos que o País já conheceu. Durante anos, essa turma foi paparicada e assediada por governantes eleitos, em busca de migalhas, como se a Fifa fosse favorecer as cidades-sede, não o contrário. Hoje, vê-se o tamanho do legado da Copa.
O Brasil entregou muito poder, muita influência e muita ascendência sobre o poder público para esse grupo investigado por envolvimento num dos maiores esquemas de corrupção do planeta. Não se pode falar em surpresa. Nenhuma das acusações é propriamente nova. Essa estrutura precisa ser reformada. E aqueles que, em nome do povo que os elegeu, curvaram-se e reverenciaram essa gente devem agora explicações sobre a conivência.