O filme coreano 12.12: O DIA revive o golpe militar de 1979 na Coreia do Sul, uma história que ganha ainda mais relevância diante do atual cenário político do país, com o recente impeachment do presidente Yoon Suk-yeol. Em dezembro de 2024, o então chefe do Executivo surpreendeu ao declarar lei marcial, fechar o parlamento e restringir a liberdade de imprensa, em uma atitude que muito se assemelha a um golpe. Embora a medida tenha sido revogada após resistência popular e parlamentar, o episódio reacendeu debates sobre democracia e liberdade, destacando o quanto o passado pode ecoar no presente. 12.12: O DIA, dirigido por Kim Sung-soo, retrata uma noite igualmente decisiva da história coreana, expondo as lutas de poder e os dilemas morais que marcaram o país há mais de quatro décadas. O diretor Kim Sung-soo combina história e ficção para capturar a intensidade de 1979, quando a morte do presidente Park e a declaração de lei marcial levaram o comandante Chun Doo-gwang a tentar tomar o poder. Enquanto isso, o comandante Lee Tae-shin enfrenta o desafio de impedir que o exército seja usado politicamente. O filme foi a maior bilheteria da Coreia em 2023 e foi o escolhido para representar o país no Oscar 2025. Esta é a primeira vez que o golpe militar é retratado no cinema de ficção. O diretor Kim Sung-soo, conhecido por filmes como “Asura: The City of Madness” e “The Flu”, ressalta que 12:12: O DIA mistura acontecimentos históricos com elementos fictícios para transmitir a intensidade daquele período. “Minha intenção foi levar o público para aquela noite gelada e carregada de tensão, retratando as escolhas e dilemas das pessoas que vivenciaram esse momento tão significativo”, declara. Kim também revela que sua ligação com a história é pessoal, pois vivenciou os eventos de 1979 quando tinha 19 anos. “Fiquei por mais de 20 minutos sentindo o ar gelado daquela noite de inverno, ouvindo os tiros ecoando pelo céu. Foi uma experiência aterrorizante, mas ao mesmo tempo repleta de curiosidade. Sempre me perguntei: quem estava lutando contra quem, e qual era o motivo?”, compartilha. O elenco de 12:12: O DIA conta com nomes como Lee Sung-min, Park Hae-joon e Kim Sung-kyun. Além disso, Jung Hae-in, protagonista da série “Love Next Door” da Netflix”. Inclusive, a produção do longa se dedicou a recriar com precisão os detalhes históricos de 1979, incluindo locações como o Bunker B2 no Quartel-General do Exército, a sala de comando do Grupo de Segurança da 30ª Divisão e as ruas de Seul. Para alcançar esse nível de autenticidade, a equipe recorreu a uma combinação de arquivos históricos, fotografias e consultores militares. O cinema tem o poder de nos ensinar a resistir em tempos difíceis. 12.12: O DIA não é apenas um retrato do passado, mas um alerta para o presente. Em um mundo onde a democracia enfrenta desafios contínuos, o filme nos lembra que a liberdade nunca é garantida — é preciso defendê-la. A partir de 24 de abril, o filme será relançado nos cinemas brasileiros com distribuição da SATO COMPANY. |
Um comentário:
“12.12: O Dia” é um filme tenso que retrata um capítulo crucial e angustiante da história da Coreia do Sul. Baseado em eventos reais, ele mergulha os espectadores em um drama de ação que destaca as consequências do assassinato do presidente Park em 1979. Essa tragédia marca o início de um colapso político profundo, onde a decretada lei marcial lança o país em uma atmosfera de medo e incerteza. O filme não apenas retrata a violência e o caos que se seguiram, mas também questiona as complexidades do poder e da liderança em momentos de crise.
À medida que o enredo se desenrola, o público é apresentado a um emaranhado de facções militares, cujos conflitos acentuam ainda mais a já tensa situação. As hesitações entre os líderes, somadas ao misterioso desaparecimento do Ministro da Defesa, criam uma narrativa cheia de suspense. O destino de Seul é incerto, e o filme habilmente captura a luta interna entre aqueles que desejam preservar a democracia e os que buscam aproveitar a instabilidade para seus próprios fins. Isso gera um ambiente onde a confiança é uma raridade e a traição está sempre à espreita.
Os personagens são um dos pontos altos do filme, cada um representando diferentes facetas dessa tumultuada era. Eles não são apenas peças de um tabuleiro político, mas indivíduos com ideais, medos e sacrifícios pessoais. Suas histórias entrelaçadas revelam a resiliência e a coragem de lutar pela liberdade, mesmo quando as perspectivas são sombrias. A conexão emocional que o espectador desenvolve com esses personagens torna a experiência ainda mais intensa e reflexiva.
“12.12: O Dia” é mais do que um simples relato histórico; é um chamado à reflexão sobre os custos da liberdade e as dificuldades enfrentadas por aqueles que se opõem à opressão. Através de sua narrativa envolvente e personagens marcantes, o filme recria um período obscuro da história sul-coreana, explorando como as ambições políticas e a luta pela estabilidade podem moldar a vida de uma nação. É uma obra que, além de entreter, provoca discussões sobre a democracia, o poder e o valor dos sacrifícios feitos em nome da liberdade.
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