Raquel Machado, presidente do Instituto Libio, teve parte de suas terras devastadas pelo fogo, mas, graças à ação dos mais de 20 brigadistas do PrevFogo, os danos foram minimizados. "Sem o trabalho incansável desses brigadistas, as perdas seriam ainda maiores. Precisamos valorizar quem protege a Amazônia e repensar urgentemente a forma como lidamos com nosso patrimônio natural", afirma Raquel.
Esse cenário não é apenas um reflexo das mudanças climáticas, mas também da expansão agropecuária irresponsável que adota o desmatamento e as queimadas como práticas de expansão territorial. "Estamos vivendo a maior crise ambiental das últimas décadas, impulsionada por um modelo agropecuário destrutivo. Se não repensarmos esse modelo e adotarmos práticas mais sustentáveis, o futuro da Amazônia, e de todo o planeta, estará em risco", complementa Raquel.
Soluções Sustentáveis: Lições da Costa Rica
Enquanto o Brasil enfrenta essa crise, a Costa Rica, um pequeno país da América Central, nos mostra que é possível reverter o desmatamento e adotar um modelo econômico mais sustentável. Há cinco décadas, a Costa Rica enfrentava um cenário similar ao do Brasil, com uma devastação ambiental sem precedentes. No entanto, graças a políticas públicas inovadoras e à participação ativa da sociedade civil, o país conseguiu duplicar sua cobertura florestal. Hoje, mais de 50% do território costa-riquenho é coberto por florestas, e o país se tornou um exemplo global em conservação.
A mudança de modelo produtivo na Costa Rica, que migrou da agropecuária para o turismo sustentável e a produção de energia limpa, oferece uma lição valiosa para o Brasil. A transição para práticas mais sustentáveis pode ser a chave para preservar nossos biomas e garantir um futuro mais equilibrado para o planeta.
O Caminho Adiante
A agropecuária no Brasil, embora essencial para a economia, tem cobrado um preço alto do meio ambiente. A expansão desenfreada de pastagens e plantações, o desmatamento e as queimadas estão colocando em risco a biodiversidade, a qualidade do ar e o equilíbrio climático do planeta. Organizações como SOS Pantanal, Instituto Libio e Mercy For Animals clamam por ações urgentes para frear essa destruição e proteger o que resta dos biomas brasileiros.
O Brasil pode seguir o exemplo de países como a Costa Rica e adotar políticas públicas que incentivem a conservação e a sustentabilidade. A mudança depende das escolhas que fazemos como sociedade e da pressão por práticas que protejam o meio ambiente, garantindo um futuro mais justo para todos. Como enfatiza George Sturaro da Mercy For Animals, "É hora de agir e mudar o nosso atual sistema alimentar".
O que diz o analista do IBAMA, Lawrence Oliveira, Analista Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Incêndios Criminosos: O Impacto nas Operações
Suspeitas de que alguns incêndios têm origem criminosa afetam diretamente o planejamento das operações de combate. "A segurança dos brigadistas é nossa prioridade", enfatiza Lawrence, explicando que em áreas onde há atividades ilícitas, como garimpo ou extração ilegal de madeira, as operações podem ser comprometidas. "Antes de cada operação, fazemos uma análise de risco e, se necessário, solicitamos apoio policial. No entanto, a presença de atividades ilegais é um grande obstáculo para o combate ao fogo", afirma ele.
Desafios dos Brigadistas no Pantanal
Os brigadistas que atuam no Pantanal enfrentam condições extremamente desafiadoras. Lawrence Oliveira destaca que, em 2024, as condições climáticas estão particularmente desfavoráveis, com umidade baixa, rajadas de vento e temperaturas elevadas, o que torna o combate ao fogo ainda mais difícil. "O deslocamento é outro desafio, pois muitas áreas não são acessíveis por terra, o que exige o uso de aeronaves para transportar equipes e equipamentos", explica ele. Além disso, os incêndios subterrâneos, que ocorrem em camadas profundas de matéria orgânica, complicam ainda mais o trabalho, exigindo a abertura de trincheiras para impedir a propagação das chamas.
Treinamento dos Brigadistas
Todos os brigadistas passam por um curso de formação básico, que dura uma semana e abrange tanto a teoria do comportamento do fogo quanto práticas de combate e preparação de ferramentas. "Existem diferentes níveis de especialização", conta Lawrence, "brigadistas mais experientes participam de operações maiores, como no Pantanal e no Xingu, e recebem treinamentos avançados para operar aeronaves, pilotar drones e atuar em sistemas de comando de incidentes". Além disso, alguns brigadistas são treinados para apoiar investigações florestais, ajudando a identificar as causas e origens dos incêndios.
Operações Complexas: Um Caso Recente
Lawrence compartilha um exemplo de como os brigadistas superam desafios em áreas de difícil acesso: "Recentemente, fomos acionados pela Funai para combater um incêndio em uma terra indígena isolada, onde o acesso terrestre era impossível. Foi necessário organizar uma logística complexa, incluindo o uso de uma aeronave de grande porte, recém-adquirida pelo IBAMA, para transportar os brigadistas. Essa operação mostrou como, muitas vezes, nossas ações se assemelham a uma verdadeira operação de guerra".
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Equipe Blog Leite Quentee news