quinta-feira, 3 de outubro de 2024

PREOCUPANTE.

 Planos de governo de candidatos em 5 capitais não colocam o clima como questão prioritária, mostra Greenpeace Brasil.

 Análise qualitativa de propostas de candidaturas em capitais de quatro regiões do país - Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo - aponta que planos ignoram, em larga escala, a gravidade da emergência climática;

 A maioria dos candidatos não elaborou propostas de adaptação climática e de prevenção a desastres, mesmo com eventos extremos cada vez mais frequentes no país.

 Acesse a análise completa dos planos de governo aqui.

 
Ativistas do Greenpeace levaram uma réplica de urna eletrônica de 5 metros de comprimento para o Lago do Aleixo, em Manaus, Amazonas, completamente seco devido à estiagem. A mensagem "seu voto pode mudar isso" destaca a urgência de escolher candidaturas comprometidas com propostas de adaptação das cidades. Nilmar Lage/Greenpeace

 

Outubro de 2024 - Apesar dos inúmeros impactos que a crise climática vem causando em todo o Brasil, com chuvas e secas extremas, temperaturas recordes e queimadas em todo o país, candidatos à prefeitura em cinco capitais - Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus - não colocam questões relacionadas ao clima como prioridade em suas propostas de governo. É o que mostra uma análise do Greenpeace Brasil, realizada em parceria com o Instituto Clima de Eleição, com documentos enviados pelas candidaturas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo a análise, o meio ambiente é tratado nos planos de governo analisados sem profundidade técnica, sendo que a maioria das propostas não descreve ações prioritárias para populações vulnerabilizadas nem medidas de prevenção ou adaptação climática, assim como não inclui ampliação dos espaços de participação popular.

Há muitas propostas ambientais genéricas e superficiais, com sugestões de ações pouco precisas, como "ampliação de áreas verdes", mas sem nenhuma meta estipulada, tipo ou integração com políticas existentes, o que indica objetivo de marketing político e pouca possibilidade de implementação.

"Nossa análise demonstra que as candidaturas, de forma geral, não colocam a questão climática como prioridade de suas ações à frente das prefeituras, o que é muito preocupante. Dos 20 planos de governo que estudamos, apenas três, de fato, encaram a questão climática de forma prioritária. Não por acaso, os três projetos são de cidades recentemente atingidas por eventos climáticos: Porto Alegre, Manaus e Recife", afirma o porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Rodrigo Jesus.

Para a definição das propostas avaliadas, foram selecionados os quatro candidatos com maior intenção de voto por cidade, segundo pesquisas registradas no TSE. Foram definidos 14 critérios padronizados de avaliação para a análise do conteúdo das propostas:

 

  1. Áreas verdes;
  2. Proteção de animais;
  3. Transporte e mobilidade;
  4. Gestão de resíduos;
  5. Água e saneamento;
  6. Moradia digna e infraestrutura;
  7. Transição energética justa;
  8. Agricultura e segurança alimentar;
  9. Economia verde;
  10. Educação climática, pesquisa e inovação;
  11. Enfrentamento ao racismo ambiental;
  12. Povos e comunidades tradicionais;
  13. Incentivo à participação social;
  14. Adaptação e redução de desastres.

A avaliação levou em conta os conteúdos dos planos de governo e a presença ou ausência de medidas específicas e robustas relacionadas aos critérios nos documentos oficiais entregues ao TSE. Vale ressaltar que os planos de governo são documentos de intenções, que podem ser utilizados como forma de controle social e cobrança, mas não há garantia de que serão implementados.

Além da análise por meio dos critérios e níveis de avaliação, também foi feita uma análise de palavras-chave relacionadas à agenda climática, com a intenção de verificar quantas vezes estes termos são mencionados nos planos de governo e em quais contextos. Essa é uma forma de perceber, de maneira geral, o quanto os candidatos estão incluindo a questão climática de forma explícita em suas propostas. As palavras-chave buscadas foram: mudanças climáticas, clima, emergência climática, aquecimento global e mitigação.

"Percebemos um aumento do interesse pela crise climática, o que também leva a uma disputa de narrativa por representantes de partidos historicamente contrários à ação climática. Todavia, a pauta ainda é difícil de ser percebida e tratada como transversal, sendo muito associada apenas a questões ambientais. Por isso, nossa metodologia abarca essas questões para além de uma visão de mitigação de emissões, também respondendo à necessidade de adaptação e justiça social, mostrando que o clima está intrinsecamente ligado às bandeiras de moradia, saúde, educação”, afirma Beatriz Pagy, diretora executiva do Clima de Eleição.

“Além dessa análise, é importante olhar o histórico de votação e diretrizes partidárias para uma visão mais ampla e efetiva, uma vez que existe uma grande lacuna entre o que é prometido nos planos e o real posicionamento político das candidaturas ", conclui Pagy.

 

 

Sobre o Greenpeace Brasil

O Greenpeace Brasil é uma organização ativista ambiental sem fins lucrativos, que atua desde 1992 na defesa do meio ambiente. Ao lado de todas as pessoas que buscam um mundo mais verde, justo e pacífico, a organização atua há mais de 30 anos pela defesa do meio ambiente denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição das florestas.

 

Sobre o Instituto Clima de Eleição

Organização que impulsiona a transição climática justa no Brasil por meio de incidência política e participação social. Desde 2020, desenvolve a Campanha Vote pelo Clima durante os ciclos eleitorais brasileiros.

 

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