sábado, 21 de setembro de 2024

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Pela primeira vez no Rock in Rio, Espaço Plural apresenta a diversidade LGBTIQAPN+ de favelas no maior festival de música da América Latina

















A ONG Grupo Conexão G e o estilista Almir França participam do Rock in Rio para destacar a diversidade e a pluralidade no festival, retratando, no inédito Espaço Plural, a diversidade LGBTIQAPN+ de Favelas,celebrando a cultura e figuras de relevância para a comunidade LGBTQIA+ nas favelas.

Após uma seleção, foram escolhidas quatro homenageadas que representam a resistência, a cultura e a luta dessa população: Lorna Washington, Majorie Marchi, Gilmara Cunha, Monique Rayson e Desiree Cher. Juntas, elas são símbolo de força e transformação social, unindo arte, ativismo e cidadania. A iniciativa conta com o apoio do  Programa Rio Sem LGBTIfobia e do Fundo Brasil. 


Em 40 anos de festival, é a primeira vez que o Rock in Rio abre um espaço criativo que transmite o universo LGBTQIAPN+, fomentando a memória da cena artística LGBTQIAP+ de favelas, como forma de visibilidade e promoção de um mundo plural, livre de desigualdades.


Gilmara Cunha, presidenta da ONG Conexão G, destaca a importância dessa iniciativa:  “Consideramos significativo, neste momento do festival, incluirmos a temática da inclusão social a partir de temas chaves: população LGBTQIAPN+, favelas, negritude e sustentabilidade. Portanto, é imprescindível que, ao pensar o conceito estético desse espaço plural, iniciemos pela concepção de sustentabilidade que, de acordo com os objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas, coloca no centro do debate a superação da pobreza, o meio ambiente e o clima de modo a alcançarmos uma realidade de paz e prosperidade para todas as pessoas, sem distinção”


O estilista Almir França, que vem colaborando com diferentes projetos em todas as edições do Rock in Rio e é o responsável pelo conceito artístico do Espaço Pluralidade - Diversidade LGBTIQAPN+ de Favelas, reconhece que esse é um momento histórico. “É muito gratificante visibilizar a nossa história nesse lugar. Estou confiante que estamos  ‘furando uma bolha’ para, quem sabe, amanhã, poder vislumbrar a ideia de um Palco Drag dentro do Rock in Rio. Eu aposto nessa ideia e vamos trabalhar para que ela se concretize. 



Concepção artística do Espaço Pluralidade - Diversidade LGBTIQAPN+ de Favelas

A construção de um conceito estético que integre a diversidade da população LGBTQIAPN+ nas favelas, em sintonia com os princípios de sustentabilidade e negritude, representa uma abordagem inovadora e inclusiva na arte contemporânea. Esse conceito nasce da intersecção de identidades que carregam em si histórias de resistência e resiliência, desafiando padrões estéticos tradicionais e afirmando novas formas de beleza enraizadas nas experiências vividas por essas comunidades.


A estética proposta reflete a complexidade e riqueza cultural das favelas, onde a criatividade floresce mesmo em condições adversas, e onde a sustentabilidade não é uma opção, mas uma necessidade diária. Ao incorporar elementos da negritude, esse conceito estético celebra a ancestralidade negra e sua influência na cultura das favelas, ao mesmo tempo que reconhece a luta constante por igualdade e visibilidade da população LGBTQIAPN+.


Essa estética não é apenas visual, mas também política e social, pois desafia as normas estabelecidas e reivindica espaços de pertencimento para aqueles que muitas vezes são empurrados para a margem da sociedade. Ela busca criar um diálogo entre arte, identidade e sustentabilidade, propondo uma nova forma de ver e experienciar o mundo a partir das periferias urbanas.



Figuras homenageadas

Lorna Washington (in memoriam) foi uma das pioneiras do movimento LGBTQIA+ na Maré, fez história nos anos 80 e 90 com suas performances e também na defesa das pessoas que convivem com HIV/Aids. Seu trabalho na comunidade e no entretenimento lhe rendeu o título de “Fernanda Montenegro do mundo drag”. 


Gilmara Cunha, por sua vez, é a primeira mulher trans preta com visibilidade da favela da Maré e fundadora do Grupo Conexão G, organização que está desde 2006 na luta por políticas públicas para as pessoas de diferentes orientações e identidades nas favelas. Além disso, a luta de Gilmara resultou no primeiro Centro de Promoção de Cidadania LGBTQIA+ dentro de uma comunidade.  


Monique Rayson, artista da comunidade da Maré, é conhecida por sua atuação em projetos culturais e educacionais dentro da favela, levando a arte a cada canto da comunidade. Já Desiree Franco é uma das figuras mais emblemáticas da noite carioca, famosa por suas performances que homenageiam a cantora Cher e por seu engajamento em eventos que promovem a cultura LGBTQIA+. Ambas são símbolos importantes de resistência e de valorização da cultura nas favelas. Essas quatro personalidades, escolhidas por suas trajetórias inspiradoras, representam a essência do Espaço Plural no Rock in Rio, conectando arte, ativismo e diversidade em um dos maiores palcos do mundo. 


Majorie Marchi (in memoriam), foi fundadora da ONG Astra Rio e também idealizadora do projeto Damas, focado na qualificação e empregabilidade de pessoas trans e travestis. Ela também esteve ativamente na criação do Programa Rio Sem Homofobia, atualmente Rio Sem LGBTIfobia, junto ao governo do estado do Rio de Janeiro, que instaurou os Centros de Cidadania LGBT e diversos serviços de atendimento psicossocial e jurídico, entre outras ações.


Desiree Cher, moradora do Jacaré, é ator transformista e cover oficial no Brasil da cantora norte-americana Cher. Produz e apresenta performances artísticas, que vão desde shows musicais a comédia de costumes, em diversas casas da noite carioca. Desiree também se destaca como ativista na prevenção do HIV/Aids, tendo recebido em 2010 o título de Madrinha da Prevenção, pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT. Representa a ONG/Aids Grupo Pela Vidda/RJ como Drag da Prevenção. Foi nomeada Madrinha do Projeto Praça Onze (dedicado a pesquisas em saúde, especialmente as sexualmente transmissíveis, em particular HIV/Aids) e foi Garota Propaganda do Iprex (sigla para Iniciativa Profilaxia Pré-Exposição) em campanhas educativas voltadas para promoção da saúde e prevenção das ISTs/Aids.


 
 


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