Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 começaram e eu adoro acompanhá-los. Cada competição esportiva é simplesmente emocionante e uma chance para atletas se destacarem e entrarem para a história por meio das medalhas e dos recordes. Um dos recordes mais notáveis é o do salto em distância masculino, alcançado por Bob Beamon, dos Estados Unidos, com 8,90 metros nos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México. Este feito não foi superado em nenhuma edição olímpica desde então, mesmo após 56 anos.
Só para comparar, em 1968, a humanidade ainda não tinha alcançado a Lua, e ainda faltavam 16 anos para o meu nascimento. Com toda a tecnologia disponível, esse recorde perdura. Outra marca icônica é o arremesso de martelo masculino, feito de Sergey Litvinov, da União Soviética. Ele lançou o martelo a 84,80 metros nos Jogos de 1988, em Seul, Coreia do Sul.
Agora, vamos observar os recordes que mais avançaram?
No Atletismo, pode-se destacar:
● 100 metros rasos masculino: o recorde passou de 10,30 segundos em 1932 para 9,63 segundos por Usain Bolt, em 2012;
● Salto com vara masculino: em 1964, o recorde era 5,10 metros. Hoje, está em 6,03 metros, estabelecido por Thiago Braz, em 2016.
Natação:
● 200 metros livre feminino: o recorde foi reduzido de 2:24:60 em 1924 para 1:53:50 em 2012, por Allison Schmitt;
● 100 metros livre masculino: o recorde passou de 55,6 segundos em 1924 para 47,02 segundos em 2008, por César Cielo.
Além disso, é interessante analisar os esportes cujos recordes mundiais e olímpicos mais diferem:
● 3000 metros com obstáculos, masculino:
○ Recorde olímpico: 8:03:28, estabelecido por Conseslus Kipruto (Quênia), em 2016;
○ Recorde mundial: 7:53:63, estabelecido por Saif Saaeed Shaheen (Catar), em 2004;
○ Diferença: 9,65 segundos.
● Maratona feminina:
○ Recorde olímpico: 2:23:07, estabelecido por Tiki Gelana (Etiópia), em 2012;
○ Recorde mundial: 2:14:04, estabelecido por Brigid Kosgei (Quênia), em 2019;
○ Diferença: 9 minutos e 3 segundos.
Outro aspecto fascinante dos Jogos Olímpicos é como eles não apenas testam os limites físicos dos atletas, mas também refletem avanços tecnológicos e científicos. A introdução de novas técnicas de treinamento, equipamentos mais avançados e uma melhor compreensão da fisiologia humana contribuem para a melhoria contínua dos desempenhos atléticos. Por exemplo, os trajes de natação de alta tecnologia reduziram significativamente a resistência, permitindo que nadadores como César Cielo estabelecessem novos recordes nos 50 e 100 metros livre. Esses avanços tecnológicos são essenciais para entender como alguns recordes são superados mais rapidamente em comparação com outros.
No caso da natação, devido às preocupações sobre a vantagem injusta que esses trajes proporcionavam, a Federação Internacional de Natação (FINA) decidiu bani-los. A proibição entrou em vigor em 1º de janeiro de 2010, o que explica alguns recordes como o do Cielo ainda perdurarem. Tal fato não tira em nenhuma vírgula o mérito de um dos maiores nadadores da história.
Além dos avanços tecnológicos, o investimento financeiro e o suporte institucional também desempenham um papel crucial. Esportes que recebem maior financiamento tendem a ter programas de desenvolvimento de talentos mais robustos e melhores instalações de treinamento, o que aumenta a probabilidade de quebra de recordes. Nos Estados Unidos e na Austrália, por exemplo, os programas de natação são altamente financiados e apoiados por um forte sistema de treinamento, resultando em uma frequência maior de novos recordes. Esse suporte é um diferencial importante que pode prolongar ou encurtar a longevidade dos recordes em diversas modalidades esportivas.
Por fim, é importante reconhecer o impacto das condições específicas dos Jogos Olímpicos na performance dos atletas. A pressão psicológica de competir no maior palco esportivo do mundo pode tanto inspirar quanto desafiar os competidores. Alguns recordes, como o de Beamon, são estabelecidos sob condições excepcionais que podem não ser replicadas facilmente em edições subsequentes. Ao analisar esses fatores, podemos apreciar melhor a complexidade e a grandiosidade dos recordes olímpicos, entendendo que cada um deles é um marco de excelência humana e tecnológica.
E aí, será que recordes serão quebrados em 2024? Só nos resta ver e torcer!
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Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
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