Escombros da AMIA após o atentado perpetrado pelo Hezbollah na Argentina, em 1994. (Commons/Reprodução)
Em 18 de julho de 1994, acontecia o ataque terrorista mais grave da história da Argentina, no qual um carro-bomba destruiu a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, matando 85 pessoas e deixando centenas feridas. Até hoje, ninguém foi punido. Em ocasião do aniversário de 30 anos do atentado, centenas de pessoas participaram de um ato na frente do local, contando com a presença de parentes das vítimas.
Em abril, o principal tribunal criminal da Argentina culpou o Irã pelo ataque, dizendo que ele foi realizado por terroristas do Hezbollah – movimento terrorista xiita libanês apoiado pelo país – em resposta a "um projeto político e estratégico" do Irã. Teerã, por sua vez, negou envolvimento e se recusou a entregar suspeitos. Investigações anteriores e mandados de prisão da Interpol não avançaram.
Na noite de ontem (17), o presidente argentino Javier Milei se manifestou sobre o assunto e prometeu corrigir décadas de inação e inconsistências nas investigações do ataque, dedicando mais recursos a investigações do incidente da AMIA. Milei também disse que proporia um projeto de lei que permitiria o julgamento dos suspeitos de cometerem o ataque e que reforçaria o sistema nacional de inteligência para evitar que ataques semelhantes ocorressem novamente.
Milei classificou a decisão de abril que culpabiliza Irã e Hezbollah pelo atentado como um “enorme passo” e comparou o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro ao atentado contra a AMIA, em 1994, pedindo a libertação de todos os reféns, incluindo oito argentinos. Na semana passada, Milei também declarou que o Hamas, apoiado pelo Irã, é um grupo terrorista.
O cientista político André Lajst, presidente executivo da StandWithUs Brasil, aponta que “nos últimos anos, a Procuradoria-Geral argentina descobriu que o Irã foi o principal responsável por esse ataque, bem como pelo atentado à embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992. Ao todo, o regime iraniano, que é o principal financiador do Hamas, é culpado pela morte de mais de 100 argentinos. Está mais do que na hora do mundo reconhecer a ameaça que o Irã representa para o Oriente Médio e a ordem internacional como um todo”.
“O regime islâmico dos Aiatolás do Irã financia, arma e controla grupos terroristas em diferentes locais do Oriente Médio, valendo-se de terceiros para realizar atentados: o Hezbollah no Líbano, o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza, os Houthis no Iémen e outros na Síria, Iraque, etc”, explica Lajst. “Por meio desses grupos, o Irã sempre procura atacar o Estado de Israel e os judeus, onde quer que estejam – seja na Argentina, há 30 anos, ou em Israel, como vemos atualmente”, conclui o especialista em Oriente Médio.
Informações: Times of Israel, AFP
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