domingo, 28 de janeiro de 2024

 

CARNAVAL E POESIA NA LÍRICA DE CARLOS CARDOSO E DOS MESTRES.



Grandes poetas do Brasil fizeram do carnaval, folia mais popular do país, matéria viva de seus versos: Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, entre outros. Expoente da poesia nacional contemporânea, Carlos Cardoso ingressa esse time de notáveis com "A Pedra no Carnaval". O poema ganha um novo relevo na mídia – e nos olhos do público leitor - neste período de blocos carnavalescos pelas ruas de todo país e nos ensaios para os desfiles da Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro e do Sambódromo do Anhembi em São Paulo. Paralelamente, seu autor expande sua presença nas livrarias com o recente lançamento de sua mais nova incursão poética, Coragem, que tem inspirado uma série de perguntas sobre processos criativos, a busca pela palavra mais adequada a uma frase lírica e transcendental.


Poemas de Cardoso receberam leituras de artistas como: Othon Bastos, Patrícia Pillar, Marco Ricca, Tony Belloto e Malu Mader em interpretações registradas em vídeo, o que lhe garantiu espaço na cena audiovisual.

 


Malu Mader leu o poema “A Pedra no Carnaval” – 


“A PEDRA NO CARNAVAL” POESIA DE CARLOS CARDOSO DO PREMIADO LIVRO MELANCOLIA

 “Espero que a pessoa, ao ler ou ver ou ouvir meus poemas, interprete-os e os sinta de uma forma distinta e, a partir daí, uma conexão comece a ser estabelecida. A poesia dá fruição de mão-dupla, onde os poemas despertam memórias. A poesia do movimento. Por isso, acredito que a poesia estabelece conexões com nossas raízes profundas e, ao mesmo tempo, com o desconhecido”, explica o poeta Carlos Cardoso.


A ouriversaria por trás de sua escolha de palavras, estrofe após estrofe, valeu a ele um duplo reconhecimento em terras italianas. Em meados de novembro, o autor do consagrado Melancolia recebeu, num auditório em Roma, duas prestigiosas honrarias pela força lírica de sua obra e ao humanismo de seu olhar: o Prêmio Amicizia Italia Brasile e La Palma d’Oro di Assissi-Pax. Durante a premiação, Cardoso leu para o público italiano três poemas de sua autoria: “Pedra”, “Ora” e “Calmaria”. Em seu discurso de agradecimento, Cardoso destacou: “Eu sou um brasileiro em Roma. É meu dever como autor - e, sobretudo, como cidadão do meu país - entender que minha presença aqui simboliza um gesto de consideração para com o Brasil. É um reconhecimento de vocês para com o que a minha terra natal produz na arte, no verso”, disse o poeta.


Carlos Cardoso também já tinha sido premiado no Brasil com um dos mais importantes prêmios literários do país, o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2019, como o melhor livro de poesia por Melancolia, reconhecimento que o coloca entre os grandes poetas brasileiros da atualidade. E recebeu a Medalha Pedro Ernesto, da Prefeitura do Rio de Janeiro em 2023.

A PEDRA NO CARNAVAL


No carnaval a pedra

se fantasia de flores,

a pedra tem amores,

dissabores,

a pedra se disfarça

mas não há farsa

que a pedra não veja,

a pedra toma cerveja

e ainda é pedra,

 

ela percorre a avenida

da saída ao início,

a pedra é doce feito fel,

é mel que figura na louca,

é precipício.

 

No carnaval a pedra

vive para esclarecer que é pedra,

no carnaval a pedra não reza,

a cartilha?

A pedra se solta na ladeira,

faz besteira, brincadeira?

A pedra namora, beija,

é marinheiro, é bailarina

ou general, a pedra é mal?

 

A pedra se fantasia, se disfarça,

mas não se esquece que é da massa,

massa mole, pedra dura que não fura,

 

a pedra é vertigem, é fumaça,

namoradeiro, patrulheira,

é porta-bandeira, se veste de máscara

em formato de pedra,

a pedra ergue, degenera, empedra,

tudo que é não era,

a pedra não erra,

no bloco raso ou fundo

é porco imundo, é bela,

a pedra no carnaval

é só e somente pedra.

Sobre o autor

 

Carlos Cardoso é um poeta e engenheiro carioca premiado no Brasil e no exterior por sua lírica. Conquistou uma série de honrarias com Melancolia, que foi eleito o melhor livro de poesia pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2019. Seus poemas foram traduzidos e publicados na França, na Espanha, na Itália, em Portugal, nos Estados Unidos, no México, na Colômbia, na Bulgária e na Ucrânia, entre outros países. Em 2021, lançou o aclamado Sol Descalço e, em 2023, regressou às livrarias com o inédito Coragem, todos pela editora Record.


Mais informações:

YouTube: carloscardosopoeta

Instagram: carloscardosoficial

Site oficial: www.carloscardoso.com


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