Mais de 60% dos trabalhadores da construção civil não têm casa própria na região de Cascavel. Construção Civil
Expectativas com obras do Novo Minha Casa, Minha Vida, programa de habitação de interesse social do governo federal, estimulam mercado imobiliário no Paraná e setores da construção civil.
São bastante atuais os versos da música “Cidadão”, composta pelo baiano Lúcio Barbosa em 1978, interpretados pelo mineiro Zé Geraldo (1979) e que, depois, se tornaram um grande sucesso nacional na voz do paraibano Zé Ramalho (1992). “Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar...” retrata a história real de um tio do compositor, que era pedreiro e cuja única casa que ainda não havia construído era justamente a casa própria, o teto para morar com a família. Essa é exatamente a realidade de mais de 60% dos trabalhadores da construção civil na região de Cascavel, de acordo com levantamento do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Cascavel e Região (Sintrivel).
“Cascavel tem um perfil econômico diferenciado e uma produção agropecuária que faz com que o setor funcione aquecido o ano todo, chegando a faltar mão de obra para trabalhar”, comenta o presidente do Sintrivel, Roberto Leal Americano. “Mas o que falta mesmo são programas de moradia de interesse social que, além de promoverem o incremento econômico da região, recarregam as esperanças e geram oportunidades ao povo pobre de ter seu teto para morar”, diz o sindicalista.
Ele lembra, ainda, que desde o governo de Dilma Rousseff, o país não investiu na moradia de interesse social e que, na primeira edição do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), no segundo governo do Presidente Lula, foram mais de 4 mil unidades construídas e entregues só na sua região. “Uma outra consequência do MCMV é a valorização da mão de obra, que traz essa chance do trabalhador poder comprar sua casa”, conta Leal. “O único jeito de manter ou aumentar a mão de obra em qualquer lugar é pagando bem”, acrescenta. Só no Sintrivel há conhecimento, por mais de 60 dias, da oferta de 130 vagas para trabalhar na construção civil.
A procura deve aumentar. Com a divulgação da seleção ao Novo Minha Casa, Minha Vida, o governo federal anunciou que serão construídas em 35 municípios, em um primeiro momento, mais de 5,2 mil moradias no Paraná pelo programa. Os municípios contemplados da região próxima de Cascavel somam mais de mil moradias nessa retomada da política pública. “É o que transforma de fato a realidade e beneficia a todos com a geração de empregos, com impactos no comércio e nas indústrias da construção civil da região, com mais dignidade e com oportunidades”, diz o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), líder da bancada do partido do Presidente Lula na Câmara dos Deputados.
Zeca destaca ainda que mais avanços virão e mais cidades serão contempladas pelo programa a partir do primeiro orçamento da União aprovado e da ampliação do teto do Novo Minha Casa, Minha Vida, para permitir que mais profissionais possam realizar também o sonho da casa própria com o MCMV.
Impulso importante
A expectativa é a mesma no segmento patronal da construção civil. O anúncio das primeiras unidades na região dá conta da construção de 1.148 unidades, distribuídas entre Cascavel (600), Foz do Iguaçu (516) e Assis Chateaubriand (32). Para o presidente do Sinduscon Paraná – Oeste, Ricardo Parzianello, a ampliação dos limites nas faixas do Novo Minha Casa, Minha Vida oportuniza que mais pessoas possam alcançar sua casa própria. “É um programa social muito interessante e um estímulo de grande importância para o setor da construção civil no Paraná e especialmente na nossa região Oeste”, diz.
Parzianello lembra que, na primeira edição do programa, o efeito foi positivo, incrementando ainda mais os negócios nos ramos imobiliário e da construção civil. “Houve um significativo aumento na demanda para essas empresas e muitas delas até se especializaram nessa modalidade de empreendimento”, acrescenta. “Nosso desafio é qualificar cada vez mais a mão de obra para preencher as vagas existentes na região. Temos aqui uma situação de pleno emprego e o programa de moradia também estimula esse aquecimento pelos próximos anos”, conclui.
A presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), Glades Helena Rossi, lembra que o programa habitacional nos governos de Lula e Dilma, entre 2009 e 2015, representou a construção de mais de 4 mil unidades habitacionais em Cascavel, para famílias que deixaram de pagar aluguel ou de morar em condições de extrema vulnerabilidade social. “Em um único local, como no Conjunto Riviera, mais de 2 mil famílias foram atendidas”, conta Glades. As 600 unidades anunciadas este ano para a cidade, destaca a presidente do PT local, serão construídas em três regiões periféricas. “Uma dessas localidades fica na região mais populosa da cidade, maior que 85% dos municípios paranaenses”, informa.
Na Grande Curitiba, a possibilidade de subsídios de até R$ 55 mil pelo programa federal na compra de imóveis no teto de R$ 255 mil, dependendo da faixa de renda, que pode contar com o acréscimo de mais R$ 20 mil pelo Casa Fácil da Cohapar, tem estimulado a oferta de unidades e alimentado a concretização do sonho da casa própria por famílias que desejam se livrar do aluguel. “A moradia é um direito social e uma das ações mais imediatas e eficazes em aquecer a economia do estado. A construção civil responde rapidamente quando tem o impulso da vontade política e alia esse fator ao compromisso com a qualidade de vida da população”, argumenta o deputado federal Zeca Dirceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário