sexta-feira, 27 de outubro de 2023


Centenas de milhares de pessoas estão deslocadas internamente devido à guerra em Israel

Cerca de 500 mil israelenses e 1,4 milhão de palestinos saíram de suas casas por conta do conflito, sendo evacuados pelo governo ou motivados pelo medo

Vídeo publicado pelo governo israelense mostra a situação de milhares de israelenses deslocados no sul e no norte de Israel que não podem regressar às suas casas devido às ameaças que enfrentam do Hamas e do Hezbollah. Esta garota explica que tem medo de voltar para casa pois teme que um terrorista virá ou um foguete atingirá sua casa. (Israel via X)


Cerca de 500 mil israelenses estão deslocados internamente por conta da guerra, de acordo com Jonathan Conricus, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF). Segundo ele, as forças de segurança evacuaram todas as localidades perto da Faixa de Gaza, bem como mais de 20 áreas perto da fronteira no norte. 


Segundo um porta-voz do Gabinete do Primeiro-Ministro, parte dos cidadãos deslocados receberam uma ordem de evacuação, como o que ocorreu em 105 comunidades perto das fronteiras de Gaza e do Líbano, e outra diz respeito às pessoas que deixaram suas casas por vontade própria, particularmente aquelas em áreas próximas da frente de batalha, perto de Gaza.


“Além das demandas de evacuação do próprio governo, o medo é um dos elementos centrais que caracterizam o deslocamento forçado”, explica Igor Sabino, doutor em Ciência Política (UFPE), gerente de conteúdo da StandWithUs Brasil e professor no curso de Relações Internacionais do IBMEC de Belo Horizonte. “Com o perigo iminente, as pessoas decidem deixar tudo para trás e procurar um local mais seguro, no qual possam tentar se sentir em segurança, mesmo sem terem tido uma ordem oficial para isso. 


O professor Igor explica que, além da questão psicológica, já que muitos perderam seus familiares, vizinhos e amigos de forma extremamente violenta, os prejuízos também podem ser vistos na parte socioeconômica: “as cidades destruídas pelo Hamas, principalmente as que fazem fronteira com Gaza, precisarão ser reconstruídas. A população que morava lá não poderá retornar até que o conflito acabe e o Hamas seja eliminado, paralisando totalmente a economia local, e a maioria destas pessoas estão desempregadas e sem sustento… Essa é uma tragédia em paralelo para a sociedade israelense, que também precisará de atenção a longo prazo”. Mais de 300.000 reservistas das Forças de Defesa Israelenses (IDF) estão fora da economia por conta do conflito.


Hotéis israelenses estão abrigando os refugiados internos e estão lotados. De acordo com funcionários do ministério, os números são divididos em duas categorias principais: pessoas que foram evacuadas de suas casas e pessoas que são elegíveis “para descansarem e se recuperarem” temporariamente em acomodações subsidiadas.


Em meio a repetidos ataques do Líbano, os militares e o Ministério da Defesa israelenses evacuaram 42 comunidades fronteiriças e a cidade de Kiryat Shmona. Muitos residentes das cidades do norte já haviam se deslocado para o sul em meio à escalada dos ataques.


A cidade de Eilat, ao sul de Israel, está preparando uma infraestrutura de tendas para abrigar mais das dezenas de milhares de pessoas que abandonaram as suas casas no norte e no sul do país desde o início da guerra. “Eilat dobrou de tamanho. Mais de 60.000 evacuados chegaram”, disse o prefeito do município, Eli Lankri, ao veículo israelense Canal 12. “Desde o início da guerra, eles estão hospedados em nossos 12 mil quartos de hotel, em centros especiais de hospitalidade que abrimos, em albergues e em quase 4 mil quartos do Airbnb na cidade”, afirma.


“Além das cidades e kibutzim destruídos pelos ataques bárbaros dos terroristas, os israelenses também estão sendo obrigados a deixar seus lares perto da fronteira com o Líbano, de onde vêm os ataques do Hezbollah, e das cidades perto de Gaza, de onde continuam os ataques do Hamas e da Jihad Islâmica”, aponta André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente executivo da StandWithUs Brasil. “Desde o dia 7 de outubro, a população civil de Israel tem sido atacada de forma extremamente violenta. No dia 7 o Hamas assassinou, decapitou e estuprou milhares de pessoas inocentes, e até hoje continua a lançar mísseis sobre Israel. Enquanto a população civil palestina foi alertada para saírem dos locais onde haveria ofensivas israelenses – sendo que muitos foram impedidos de deixar suas próprias casas pelo Hamas que os usa habitualmente como escudos humanos – os terroristas não avisam quando lançam mísseis em Israel. Para eles, quanto mais pessoas matarem melhor, sejam elas civis ou militares. A população depende exclusivamente do sistema de defesa israelense para que as pessoas possam ser alertadas e tentem se proteger”, explica o especialista.


De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cerca de 1,4 milhões de residentes de Gaza foram deslocados internamente desde o início da guerra, sendo que cerca da metade estão abrigadas em instalações da UNRWA, organização da ONU que trata os refugiados palestinos, cujos abrigos estão superlotados, especialmente no sul de Gaza. Houve um pedido de evacuação do norte de Gaza, uma vez que Israel atacaria as posições do Hamas naquela região, alertado com antecedência pelas IDF com o fornecimento de instruções aos habitantes do local.


Comunicado em árabe distribuído pelas Forças de Defesa Israelenses em Gaza alerta sobre operações militares de Israel na região Norte com antecedência e fornece instruções para que civis possam se proteger. (Raz Gvili via X)


Israel está em guerra com o grupo terrorista Hamas há mais de duas semanas, após o ataque de 7 de Outubro, no qual cerca de 2.500 terroristas invadiram Israel por terra, mar e ar, matando mais de 1.400 pessoas, em sua maioria civis, e ferindo mais de 4800. O grupo terrorista e outras facções também levaram 224 reféns israelenses de todas as idades para Gaza, incluindo bebês de meses, crianças, idosos e mulheres. Além disso, 121 pessoas estão desaparecidas.


Em discurso realizado na quarta (25), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que “Israel está no meio de uma luta pela nossa existência” e reforçou que os objetivos da guerra são “eliminar o Hamas, destruindo as suas capacidades militares e de governança, e fazer todo o possível para recuperar os nossos reféns”.






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