domingo, 13 de agosto de 2023

 


ODE AO PAI!

 

Ouça-me, Pai!

Estou aqui

 

Nunca esmoreci

Nunca soube

Nada coube nessa roupa estranha

Em um mundo rebento

De flagelos e presentes

 

Pai, eu percebi!

A fala distante

A falta permanente

A presença ofegante

Os pensamentos presos

As sensações abafadas

Todos os silêncios calados

Todos os cadeados ocultos

Por medos e loucuras imperfeitas

 

Pai,

Ode ao pai

Ode a mim

Ode ao futuro

Ode ao passado sem vida

Às noites perdidas

À solidão descabida


Ode a mim, Pai!

Ode à minha alma brava

Aos tempos severos

Aos desertos dentro de mim

Ao oásis perdido em qualquer esquina escura

Por passos suspeitos, em trechos e trilhas incautas

 

Eu pedi, Pai.

Eu perdi.

Eu nunca conquistei.

Nunca, nunca recebi

Apenas chorei, derramei dores em mim

Sucumbi, caí, levantei

Aguardei sentado nas escadas da velha casa

Na despedida partida

Com o choro embargado

Na garganta refém do que eu nunca disse

Nem entreguei ...

 

Eu gritei

Ode ao pai

Ode ao filho

Ode de mim e de tudo sem frutos colhidos

Em pomares de vida, amor e feridas

 

Pai, você inexiste diante dos olhos de quem enxerga a verdade

Dos verdadeiros filhos de véus pálidos

Das correntes de carmas passados

Por destreza e ferocidade.

 

Eu clamei por ti em mim

Soquei o vento com o pensamento

Embruteci, depois abri o melhor que existe e nada mais


Tu és um servo dos sentidos inversos

Da falta que faz a falta

Dos gestos mais inquietos e imperfeitos

Da ausência triste e insensata de algo sem crédulo

 

Ode ao Pai!

Ode ao Filho

 

Ode de mim e mais ninguém

Eu subi os montes mais perversos

Encontrei o horizonte sem fim

A luz aquecida do meu coração

O verão da minha alma

O inverno que nunca quis

 

Sobrevivi, sou um eterno aprendiz

Alguém notável sem penas

Nem letras eternas ou tinta para redigir


O passado não me satisfaz mais

A ausência deixou a sagacidade

Eu virei dono do meu mundo

A minha paz está em mim

 

Ode ao Pai

Ode ao Filho


Que sentimentos são estes tão mesquinhos

Pouco altruístas

Sem impressões

Sentimentos ou arrependimentos

Daqueles péssimos com as palavras

Insensatos desde então.

 

Ó Pai, sem mim, eu não existo.

Sem ninguém, nem você, nunca insisto

Quem dera existir aqui

Nas profundezas de cada um

Um alento em vão

 

Eu sou o amor em fragrâncias desertas

A luz que irradia destemida

Vagões repletos

Emoções, um coração efervescente

Um alguém que nunca previu

Um filho, um pai, homem, menino e bravo

Destemido em coragem,

Cheio de medos sem razões

 

Eu sou Ode ao Filho

Meu espírito livre

Minha mente eterna

Meu coração sensato

Sabe a razão

Tem a dimensão do mundo

Das pessoas

De momentos passageiros.

 

Ode ao pai


Não existe retrato sem imagem

Não existem irmãos

Nem pais ou filhos sem amor!!!

 

Pedro Lichtnow é jornalista, escritor e palestrante existencialista!

 


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