ODE AO PAI!
Ouça-me, Pai!
Estou aqui
Nunca esmoreci
Nunca soube
Nada coube nessa roupa estranha
Em um mundo rebento
De flagelos e presentes
Pai, eu percebi!
A fala distante
A falta permanente
A presença ofegante
Os pensamentos presos
As sensações abafadas
Todos os silêncios calados
Todos os cadeados ocultos
Por medos e loucuras imperfeitas
Pai,
Ode ao pai
Ode a mim
Ode ao futuro
Ode ao passado sem vida
Às noites perdidas
À solidão descabida
Ode a mim, Pai!
Ode à minha alma brava
Aos tempos severos
Aos desertos dentro de mim
Ao oásis perdido em qualquer esquina escura
Por passos suspeitos, em trechos e trilhas incautas
Eu pedi, Pai.
Eu perdi.
Eu nunca conquistei.
Nunca, nunca recebi
Apenas chorei, derramei dores em mim
Sucumbi, caí, levantei
Aguardei sentado nas escadas da velha casa
Na despedida partida
Com o choro embargado
Na garganta refém do que eu nunca disse
Nem entreguei ...
Eu gritei
Ode ao pai
Ode ao filho
Ode de mim e de tudo sem frutos colhidos
Em pomares de vida, amor e feridas
Pai, você inexiste diante dos olhos de quem enxerga a verdade
Dos verdadeiros filhos de véus pálidos
Das correntes de carmas passados
Por destreza e ferocidade.
Eu clamei por ti em mim
Soquei o vento com o pensamento
Embruteci, depois abri o melhor que existe e nada mais
Tu és um servo dos sentidos inversos
Da falta que faz a falta
Dos gestos mais inquietos e imperfeitos
Da ausência triste e insensata de algo sem crédulo
Ode ao Pai!
Ode ao Filho
Ode de mim e mais ninguém
Eu subi os montes mais perversos
Encontrei o horizonte sem fim
A luz aquecida do meu coração
O verão da minha alma
O inverno que nunca quis
Sobrevivi, sou um eterno aprendiz
Alguém notável sem penas
Nem letras eternas ou tinta para redigir
O passado não me satisfaz mais
A ausência deixou a sagacidade
Eu virei dono do meu mundo
A minha paz está em mim
Ode ao Pai
Ode ao Filho
Que sentimentos são estes tão mesquinhos
Pouco altruístas
Sem impressões
Sentimentos ou arrependimentos
Daqueles péssimos com as palavras
Insensatos desde então.
Ó Pai, sem mim, eu não existo.
Sem ninguém, nem você, nunca insisto
Quem dera existir aqui
Nas profundezas de cada um
Um alento em vão
Eu sou o amor em fragrâncias desertas
A luz que irradia destemida
Vagões repletos
Emoções, um coração efervescente
Um alguém que nunca previu
Um filho, um pai, homem, menino e bravo
Destemido em coragem,
Cheio de medos sem razões
Eu sou Ode ao Filho
Meu espírito livre
Minha mente eterna
Meu coração sensato
Sabe a razão
Tem a dimensão do mundo
Das pessoas
De momentos passageiros.
Ode ao pai
Não existe retrato sem imagem
Não existem irmãos
Nem pais ou filhos sem amor!!!
Pedro Lichtnow é jornalista, escritor e palestrante existencialista!
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