Marco da cena teatral nacional, a Cia. Maria Della Costa contou, ao longo de sua existência, com expressivos nomes, entre autores, diretores e atores. O quinto episódio da série inédita "Companhias do Teatro Brasileiro", que vem sendo exibida com exclusividade no Curta!, se dedica a relembrar sua história encerrada em 1974, depois de 30 anos de existência. A produção é da Camisa Listrada e tem direção de Roberto Bomtempo.
Juca de Oliveira, Nicette Bruno, Monah Delacy, Rosamaria Murtinho e Emiliano Queiroz são alguns dos entrevistados ao lado do pesquisador Daniel Marano, da historiadora e crítica teatral Tânia Brandão e do crítico teatral José Centro Filho. Ilustrado com fotos e imagens da época, entrevistas inéditas e de acervo, o episódio começa com Maria Della Costa relembrando a mudança para o Rio de Janeiro com a mãe, perseguindo o sonho de ser artista.
Filha de imigrantes italianos, Maria Della Costa atuou pela primeira vez como showgirl no Cassino Copacabana e sua estreia no teatro se deu com a peça “A Moreninha”, ao lado de Bibi Ferreira, considerada uma das maiores atrizes brasileiras. A historiadora e crítica teatral Tânia Brandão destaca a beleza da jovem Maria Della Costa, que chegou a estampar a “Revista do Globo”, de Porto Alegre. Em entrevista de acervo, a atriz comentou essa característica: “A beleza me atrapalhou muito. Quando eu comecei, era realmente uma mulher muito bonita. E como se diz na gíria, fui cantada por muitos homens importantes do nosso Brasil; muitos presidentes e governadores. Mas sempre fui muito íntegra, eu subi degrau por degrau. E isso que é importante de dizer e que faço questão de dizer”.
Ela se casou com o português Fernando de Barros e se mudou para Portugal para estudar no Conservatório de Lisboa. Tânia relembra que ela não chegou a concluir o curso: “quando volta ao Rio, impressiona uma outra figura muito destacada no teatro, que é Ziembinski, o diretor. Então ela é chamada para participar, no Rio, da tentativa de profissionalização do grupo Os Comediantes”.
O grupo Os Comediantes provoca uma revolução teatral em 1943, ao encenar "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues. Maria Della Costa é convidada por eles a participar da peça “A Rainha Morta”, e conhece Sandro Polloni, com quem acabaria se casando. Com o fim d’Os Comediantes, eles criam o Teatro Popular de Arte, que viria a se tornar mais tarde a Cia. Maria Della Costa
Segundo o pesquisador e ator Daniel Marano, a companhia opta por um trabalho que une alto nível artístico e alcance popular, montando produções ousadas como "O Anjo Negro", "Teresa Raquin", "A Prostituta Respeitosa" e "Tobacco Road", todas encenadas no Teatro Fênix, no centro do Rio.
A atriz Nicette Bruno, que participou da montagem de “O Anjo Negro”, em 48, lembra em entrevista inédita a chegada à companhia de outro nome importante: Itália Fausta. “Tinha uma voz que dominava qualquer espaço. Quando eu fui fazer “O Anjo Negro”, com a Maria Della Costa, na entrada dela (Itália), a primeira palavra era ‘maldição’, que ecoava no cenário, no teatro... Era uma coisa de uma força... que eu me tremia ao passar perto dela”.
Na virada dos anos 50, ao perceberem que São Paulo se tornara uma potência no consumo e criação de cultura, Maria Della Costa e Sandro Polloni transferem a companhia para a cidade. A proposta era construir uma sede própria e manter um elenco permanente. Para a estreia da casa trazem da Itália o diretor Gianni Ratto que ficaria à frente de vários espetáculos de sucesso. Com o “O Canto da Cotovia”, Maria Della Costa recebeu o prêmio Saci, de melhor atriz. Em outro momento, ela renuncia a um papel na peça "A Moratória", em 1955, para dar espaço a um novo talento: Fernanda Montenegro.
A saída de membros notáveis da companhia como Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sérgio Britto e o diretor Giacomo Ratto, obriga a uma reformulação, e Maria Della Costa convida o diretor Flamino Bollini Cerri, integrante do Teatro Brasileiro de Comédia. Com ele, realizam espetáculos como “A Casa de Bernarda Alba”, “Rosa Tatuada”, “Moral em Concordata” e “A Alma Boa de Setsuan”, primeira montagem brasileira profissional do consagrado dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Rosamaria Murtinho se integra à companhia nesta época, chegando a excursionar no exterior.
Outros grandes nomes que passaram pela Cia. Maria Della Costa foram os diretores Plínio Marcos, Gianfrancesco Guarnieri e Antunes Filho. Em “Bodas de Sangue”, de Antunes Filho, Maria Della Costa faz par romântico com Ney Latorraca. É de Antunes também, em 1974, a última montagem: “Tome conta de Amèlie”. A falta de recursos para manter a companhia torna inviável sua continuidade.
A série "Companhias do Teatro Brasileiro" foi viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). São 15 episódios e, após "Cia. Maria Della Costa”, serão exibidos "Teatro Brasileiro de Comédia", "Teatro de Arena", "Teatro Oficina", "Grupo Opinião", "Teatro Ipanema", "Asdrúbal Trouxe o Trombone", "Teatro dos Quatro", "Companhia Estável de Repertório", "Grupo Macunaíma" e "Grupo Galpão".
"Cia. Maria Della Costa” também pode ser assistido no Curta!On – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e em CurtaOn.com.br, a partir da quarta-feira, dia 23. Novos assinantes inscritos pelo site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo. A estreia do episódio é na Terça das Artes, 22 de agosto, às 23h30.
Segunda da Música (MPB, Jazz, Soul, R&B) – 21/08
22h20 – “Alceu - Na Embolada do Tempo” (Documentário)
“Nunca tive um ídolo! Pronto, acabou! Nem Luiz Gonzaga foi meu ídolo, ele foi uma referência”. A afirmação vem da boca do próprio artista que dá nome a este documentário. Produzido pela TVZero com exclusividade para o Curta!, o filme, dirigido por Paola Vieira (de “As Incríveis Artimanhas da Nuvem Cigana”), viaja pelos 45 anos de carreira do cantor e compositor: da infância na cidade de São Bento do Una, no agreste pernambucano, passando pelo início da carreira como músico profissional pela incorporação de influências da cultura popular, até culminar em seu estrelato, com o sucesso de suas canções, shows em diversas partes do mundo e aparições na televisão. A produção e as reflexões de Alceu são apresentadas através de canções, depoimentos, vasto material de arquivo e imagens recentes — a equipe do documentário o acompanhou em uma maratona de shows ao longo de 2018. Direção: Paola Vieira. Duração: 86 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 22 de agosto, terça-feira, às 02h20 e às 16h20; 23 de agosto, quarta-feira, às 10h20; 26 de agosto, sábado, às 22h20; 27 de agosto, domingo, às 16h10.
PROMO: https://youtu.be/BxlQwvT56Hs
FOTOS: https://drive.google.com/drive/folders/1h4lrs82Ef2uDlC9oRq5LK-7JXrPCbeGw?usp=sharing
Terça das Artes (Visuais, Cênicas, Arquitetura e Design) – 22/08
23h30 – “Companhias do Teatro Brasileiro” (Série) - Episódio: “Cia. Maria Della Costa” - INÉDITO
A Cia. Maria Della Costa foi um grande projeto do teatro brasileiro moderno. Rompendo com o teatro tradicional, mais conservador, a atriz Maria Della Costa levou grandes autores e diretores para sua Cia., criando um dos melhores repertórios do teatro brasileiro. Direção: Roberto Bomtempo. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 23 de agosto, quarta-feira, às 03h30 e às 17h30; 24 de agosto, quinta-feira, às 11h30; 26 de agosto, sábado, às 18h30; 27 de agosto, domingo, às 08h30.
PROMO: https://youtu.be/riviBVPCKXs
FOTOS: https://drive.google.com/drive/folders/1JDQ1B_P8XJJGfsMcnZBabT1I_KyDPbcV?usp=sharing
Quarta de Cinema (Filmes e Documentários de Metacinema) – 23/08
23h – “Viagem Através do Cinema Francês” (Série) - Episódio: “Os Esquecidos” - INÉDITO
O cineasta Bertrand Tavernier investiga os grandes diretores, atores, escritores, compositores e diretores de fotografia do cinema francês. Neste episódio, são analisados os estilos e a obra dos diretores Raymond Bernard, Maurice Tourneur, René Clair, Jean Boyer. Direção: Bertrand Tavernier. Duração: 52 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 24 de agosto, quinta-feira, às 03h e às 17h; 25 de agosto, sexta-feira, às 11h; 26 de agosto, sábado, às 13h; 27 de agosto, às 18h.
PROMO: https://youtu.be/9A7f3RQdoi0
FOTOS: https://drive.google.com/drive/folders/1qI8SS2N8nT7J5SBL2WXxss_xy-lx4uT-?usp=sharing
Quinta do Pensamento (Literatura, Filosofia, Psicologia, Antropologia) – 24/08
19h30 – “Caminhos dos Orixás” (Série) - Episódio: “Ossain - o princípio ativo das folhas” - INÉDITO
A água, o vento, o sol, toda a natureza é sagrada para os Yorùbás. Dentro do candomblé, as folhas são elementos primordiais para o acontecimento do culto. Porque é através da magia terapêutica das folhas que o axé acontece. Ossain é o orixá que traz o princípio ativo das folhas e as usa para curar. Ko sí Ewé, Ko sí Orisa (Sem folha, não há Orixá)! Direção: Betse de Paula. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 25 de agosto, sexta-feira, às 05h30 e às 13h30; 26 de agosto, sábado, às 07h30 e às 20h30; 27 de agosto, domingo, às 10h30.
PROMO: https://youtu.be/hGM3rmCc1bQ
FOTOS: https://drive.google.com/drive/folders/1m2x1_SsSO59dIffoLBUmwMrJi5-R_omi?usp=sharing
Sexta da Sociedade (História Política, Sociologia e Meio Ambiente) – 25/08
23h – “Dopamina - Os Efeitos das Redes Sociais no Cérebro” (Documentário) - INÉDITO
Facebook, WhatsApp, Instagram, Tiktok... O que acontece em nosso cérebro para que consultemos compulsivamente esses aplicativos sociais? Bem-vindo ao mundo da dopamina, uma molécula que a indústria de tecnologia sequestrou para melhor capturar nossa atenção e nos tornar cada vez mais viciados. Direção: Léo Favier. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 26 de agosto, sábado, às 03h e às 16h30; 27 de agosto, domingo, às 22h.
PROMO: https://youtu.be/273aGxZlXLI
FOTOS: https://drive.google.com/drive/folders/1iejVpm0oqcTeOE_XfyqHjABVwyGhUakv?usp=sharing
Sábado, 26/08
20h – “Balanço Black” (Série) - Episódio: “Legado”
A chegada da disco music termina com o movimento soul brasileiro. Surge o disco funk, de Kool and The Gang, e, no Brasil, Lady Zu e o eterno Tim Maia. E aparece tardiamente uma verdadeira soul woman brasileira: Sandra de Sá. A chegada da cultura hip hop e as expressões musicais atuais que se originaram do soul, como o funk carioca e o rap. Direção: Flávio Frederico. Duração: 26 min. Classificação: 12 anos. Horário alternativo: 27 de agosto, domingo, às 10h.
PROMO: https://youtu.be/EsQizqT9SfQ
Domingo, 27/08
23h – “Guignard: Mundo sem chão” (Documentário)
Em 2022, quando se completaram 60 anos da morte do pintor Alberto da Veiga Guignard, o diretor Marcos Guttmann reuniu especialistas em arte, colecionadores e ex-alunos para descreverem a importância e a atualidade de sua arte, além dos tormentos e paradoxos da vida do artista. Direção: Marcos Guttman. Duração: 52 min. Classificação: Livre.
PROMO: https://youtu.be/aU_LOU47uqE
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