Foto: reprodução da internet
Um exemplo, dentre outros vários, foi a fala de Antônia Fontenelle que declarou que os veganos são hipócritas. Segundo a apresentadora:
“O que não me cheira muito bem a coisa do vegano, é porque o vegano é hipócrita. Tem umas famosas aí, que se dizem veganas, que brigam pela causa, mas no carrinho delas, os bancos são todos de couro”.
Ao questionar o que Ricardo pensava a respeito, o presidente da SVB, prontamente respondeu:
“...eu acho que todo mundo, em algum momento, acaba passando por situações em que alguém pode falar “você foi hipócrita nisso e tal”. Eu não tenho o costume de apontar o dedo, acho que isso só leva a gente para um ambiente negativo. Eu fico muito feliz que cada vez mais as empresas estão lançando [carros com] couro sintético, ... A questão aqui, como eu disse, e eu vou sempre reforçar, é que nós estamos em um contexto de sociedade que para onde você olha tem exploração animal e o movimento vegano traz esse questionamento pra mudarmos. Então, o que eu diria para essa garota que tem o carro com banco de couro é que ela escolha um que não tenha (couro animal) e faça escolhas que não tenham relação com exploração animal”.
O cerne da questão em declarações como de Fontenelle, é que quando se faz um debate, espera-se uma discussão saudável que envolva diferentes perspectivas sobre um determinado assunto. É uma oportunidade de trocar ideias e argumentos entre os participantes. Mas, como presenciado por quem assistiu, os argumentos e questões levantadas pelos não veganos, acabaram mantendo o assunto em pontos simplórios e pouco estudados.
Nesse contexto, surge a relevância (ou não) do papel dos formadores de opinião que, ao serem defrontados com o movimento vegano e seus pilares, escancaram a falta de conhecimento a respeito do tema.
A polêmica não parou por aí. Durante o programa, foram expostas outras declarações inflamadas, todas prontamente respondidas por Laurino, desconstruindo mitos e mostrando a importância do veganismo. Enquanto alguns argumentavam que comer carne faz parte da evolução humana, Laurino destacou que vivemos em uma sociedade moderna, onde temos inúmeras opções e podemos fazer novas escolhas, independentemente do passado. Aliás, essa capacidade de escolher de forma crítica, levando em conta vários fatores, é a característica principal de nossa espécie, sempre frizado por Laurino
“Omega 3 você não vai achar em vegetais, vai precisar suplementar se for vegano”.
O debate também abordou o suposto déficit de ômega-3 em dietas veganas, mas Laurino desmentiu essa afirmação com veemência. Ele apontou que alimentos como a linhaça são ricos em ômega-3 e que é plenamente possível obtê-lo em uma dieta à base de vegetais.
“Se soltar uma vaca na Savana o que vai acontecer com ela? Um leão vai matar. Faz parte da cadeia”
Uma das declarações mais controversas foi a comparação entre o comportamento dos animais na natureza e a escolha ética dos seres humanos. Enquanto alguns argumentavam que matar animais é uma parte natural da cadeia alimentar, Laurino foi didático ao dizer que não devemos nos espelhar em leões ou qualquer outro predador, pois temos a capacidade de fazer escolhas éticas e respeitosas.
É importante ressaltar que a Declaração de Cambridge de 2012, que, inclusive foi assinada por Stephen Hawking, reconheceu que os animais são seres sencientes, capazes de sofrer, sentir fome, frio, lutar por suas vidas e de se relacionarem entre si. Portanto, é um equívoco ignorar sua importância e tratá-los apenas como objetos de consumo.
O debate mostrou claramente que a falta de informação e a disseminação de ideias superficiais podem minar o verdadeiro significado do veganismo.
O debate revelou o jogo perigoso da desinformação apresentados por aqueles que defendiam o consumo de carne. Diante de tantas polêmicas é imprescindível refletir sobre o papel dos formadores de opinião e sua responsabilidade informar com maior conhecimento, ou, de forma humilde, apenas abrir espaço para entender melhor um assunto do qual não conhecem. Somente através de debates justos e construtivos é possível avançar na compreensão dos assuntos relevantes, como o veganismo, que engloba não apenas questões de saúde, mas também éticas e ambientais.
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