JANELAS
Por Pedro Lichtnow
Queria eu atravessar as janelas da vida
Correr livre por campos e serenos
Encontrar o mundo às avessas
Olhar para fora enquanto vivo para dentro
Existem janelas pequenas, amplas e turvas
Vidros estilhaçados
Quadros embaçados
Horizontes estreitos e momentos perdidos
Quantas janelas fecham
Quantas portas abrem
Quem somos sem a sorte da vida
Ou o medo da morte
Quando olho por desenhos abstratos
Eu vejo os sonhos abertos
Os desejos secretos
Em pensamentos em sínteses
Nossos olhos também são janelas
Nossa visão, cristais ilusórios
Nossa mente porões invisíveis
Os pensamentos livres
As emoções retráteis
Sensações pérfidas ou instáveis
Quando atravesso janelas abertas e vãos infinitos
Portais do tempo
Por corações ungidos
De frações imperceptíveis
De todos os nossos sonhos e pesadelos
Daqueles futuros sombrios
Por terrenos vazios da alma
Ao caminhar por sertões aborrecidos
Em sentimentos escondidos
Quando vejo reflexos florais, eu esmero em pensamentos:
O que há por trás desses vidros e vitrais?
Quem eu posso encontrar do outro lado da cena?
Apenas celas sem chancelas
Ou instantes perdidos dentro do espírito.
Almas são janelas abertas para o lado de dentro
Janelas são espelhos para o mundo interior
Portas e portais para destinos despercebidos
Para vidas sensatas, passadas ou escolhas em desgraça
Eu quase nunca quis abrir tantas janelas
Porque eu quase nunca encontrei nenhuma aberta
Eu arrombei portas dentro de mim para avistar novas janelas do lado de fora.
De cores belas, vidros suaves e momentos eternos.
Janelas significam espíritos tristes
Corpos em pecado
Sonhos invioláveis
Em cada sentimento oculto em tantos mundos.
De quem ainda é cego mesmo com as janelas abertas
Sem enxergar a vida, nem a alegria destemida
De santos, ignorantes, servos e senhores.
Pedro Lichtnow é jornalista, escritor e palestrante existencialista
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