quinta-feira, 6 de julho de 2023

Poemas Urbano

 



JANELAS

 

Por Pedro Lichtnow

 

Queria eu atravessar as janelas da vida

Correr livre por campos e serenos

Encontrar o mundo às avessas

Olhar para fora enquanto vivo para dentro

 

Existem janelas pequenas, amplas e turvas

Vidros estilhaçados

Quadros embaçados

Horizontes estreitos e momentos perdidos

 

Quantas janelas fecham

Quantas portas abrem

Quem somos sem a sorte da vida

Ou o medo da morte

 

Quando olho por desenhos abstratos

Eu vejo os sonhos abertos

Os desejos secretos

Em pensamentos em sínteses

 

Nossos olhos também são janelas

Nossa visão, cristais ilusórios

Nossa mente porões invisíveis

Os pensamentos livres

As emoções retráteis

Sensações pérfidas ou instáveis

 

Quando atravesso janelas abertas e vãos infinitos

Portais do tempo

Por corações ungidos

 

De frações imperceptíveis

De todos os nossos sonhos e pesadelos

Daqueles futuros sombrios

Por terrenos vazios da alma

Ao caminhar por sertões aborrecidos

Em sentimentos escondidos

 

Quando vejo reflexos florais, eu esmero em pensamentos:

 

O que há por trás desses vidros e vitrais?


Quem eu posso encontrar do outro lado da cena?


Apenas celas sem chancelas

Ou instantes perdidos dentro do espírito.

 

Almas são janelas abertas para o lado de dentro

Janelas são espelhos para o mundo interior

Portas e portais para destinos despercebidos

Para vidas sensatas, passadas ou escolhas em desgraça

 

Eu quase nunca quis abrir tantas janelas

Porque eu quase nunca encontrei nenhuma aberta


Eu arrombei portas dentro de mim para avistar novas janelas do lado de fora.


De cores belas, vidros suaves e momentos eternos.

 

Janelas significam espíritos tristes


Corpos em pecado


Sonhos invioláveis


Em cada sentimento oculto em tantos mundos.


De quem ainda é cego mesmo com as janelas abertas

Sem enxergar a vida, nem a alegria destemida

De santos, ignorantes, servos e senhores. 

 

Pedro Lichtnow é jornalista, escritor e palestrante existencialista




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