| O capitão Barry Behnfeldt (à dir.), que pilota aeronaves A350 na Delta e comandou a missão, e Aaron Wilson (à esq.), também capitão na Delta e copiloto da empreitada (Crédito: Divulgação) | Imagine que você está pilotando um avião, com os pneus cantando ao tocar o asfalto do aeroporto de sua cidade natal. Você é saudado pelo arco formado por canhões jorrando água e os aplausos de mais de 200 pessoas ecoando sobre os pistões. Você acabou de voar por 48 Estados em menos de 48 horas, o que, uma vez verificado, deve estabelecer um recorde mundial do Guinness.
Foi exatamente isso que o capitão Barry Behnfeldt, que pilota aeronaves A350 na Delta, realizou. A ideia levou pouco mais de sete meses para ser concretizada e foi desencadeada pela tentativa de outro piloto da Delta de obter o recorde em 2021.
A premissa era a seguinte: Barry precisava voar por todos os 48 Estados norte-americanos contíguos, pousando em um aeroporto público em cada um deles para documentar oficialmente que esteve lá. A contagem do tempo começaria quando o avião deixasse o solo no primeiro Estado e terminaria quando o voo final aterrissasse. E, o mais importante, Barry precisava de um copiloto. Foi aí que o capitão do A321 da Delta Aaron Wilson entrou em cena.
Ex-alunos da Escola de Aviação da Bowling Green State University, os dois pilotos da Delta se encontraram para tomar um café, quando Barry apresentou sua ideia a Aaron.
“Aaron é um homem maravilhoso e um piloto excelente, com uma ótima atitude. Assim, quando precisei de um segundo piloto, pensei nele imediatamente”, disse Barry. | | Da esq. para a dir., Aaron Wilson, Barry Behnfeld e Thomas Twiddy, o trio que embarcou no desafio de voar por 48 Estados norte-americanos em menos de 48 horas (Crédito: Divulgação) | Aaron, que trabalha na Delta há quase 10 anos, também tinha experiência em pilotar um avião semelhante ao que Barry usaria na missão, um Piper Saratoga PA32R 1980 de seis lugares. “Ele me fez sua apresentação e demorei um segundo para perceber que ele estava me convidando para ir”, contou Aaron. “Mas eu estava superanimado com a ideia. A missão era bem a minha cara, então aceitei na hora”. Para completar a equipe, Barry entrou em contato com Thomas Twiddy, proprietário de uma estação de reparos certificada pela FAA 145 e que esteve na Marinha com Barry, e perguntou se ele poderia ser o técnico de bordo. Sua resposta também foi um sonoro sim.
PREPARANDO-SE PARA A MISSÃO
Para iniciar a missão, o primeiro passo de Barry foi planejar a rota. No caso dele, encontrar a maneira mais rápida de ir de Michigan ao Maine, com 47 paradas em todos os Estados contíguos.
Barry também precisava garantir que em cada aeroporto em que chegassem houvesse uma testemunha presente para assinar os documentos, o que ocasionalmente se mostrou um desafio para as paradas no meio da noite. | | Em cada aeroporto de parada, uma pessoa deveria documentar oficialmente que a tripulação de Barry esteve lá (Crédito: Divulgação) | Felizmente, as pessoas estavam ansiosas para apoiar os três pilares da missão de Barry: promover a aviação, inspirar a próxima geração de pilotos e doar para o Veterans Airlift Command (Comando de Transporte Aéreo de Veteranos, em tradução livre), uma organização que fornece transporte aéreo privado gratuito para veteranos dos Estados Unidos feridos em combate com fins médicos ou para apoiá-los em outros propósitos.
“O que começou como um projeto divertido de percorrer o país se transformou em algo com muito mais significado em um período de apenas sete meses”, explicou Barry.
04 DE JUNHO, 22:29 INÍCIO DA MISSÃO
Barry, Aaron e Thomas se prepararam para embarcar no avião e voar para seu destino inicial em Berrien Springs, Michigan, mas não antes de receberem uma despedida adequada de amigos, familiares e fãs locais. “A manifestação das pessoas da nossa comunidade foi incrível e muito acolhedora”, disse Barry. “Não pude acreditar no número de pessoas que compareceram. Fazia muito tempo que eu não via tanta gente no Aeroporto do Condado de Henry”. | | A fuselagem do Piper Saratoga PA32R 1980 de seis lugares usado na missão, assinada por entusiastas do voo que foi a quase todos os Estados norte-americanos (Crédito: Divulgação) | Enquanto aguardavam ansiosamente a hora da decolagem, eles repassaram o “ritmo de batalha” preparado por Barry: pousar o avião, obter as assinaturas, subir novamente na aeronave e partir. Depois de decolar em direção ao poente com uma formação de voo apresentando um T34, a tripulação estava oficialmente pronta para iniciar sua missão. | | O experiente capitão Barry Behnfeld, que, na Delta, pilota aviões A350 (Crédito: Divulgação) | 05 DE JUNHO, 18:53 20 HORAS DE MISSÃO
A jornada começou sem problemas, graças, em parte, ao planejamento preciso de Barry e à sua equipe de pilotos no centro de coordenação no Aeroporto do Condado de Henry, onde eles passaram dia e noite verificando obstinadamente o clima e certificando-se de que cada aeroporto de destino teria o pessoal adequado.
Por volta das 2h da manhã, a equipe teve sua primeira surpresa. Um número 48 iluminado na lateral do hangar os cumprimentou quando voaram para o Aeroporto Municipal de Wayne, em Nevada. “Foi tão bacana ver isso”, comentou Barry. “Esse tipo de coisa ocorreu ao longo de toda a rota, o que aumentou a motivação e manteve a aventura empolgante”.
Depois de uma noite clara de voo com a lua cheia como pano de fundo, eles começaram a ver bolsões de luz ao redor de Sheridan, Wyoming, proporcionando uma vista de tirar o fôlego das Montanhas Rochosas. “Um dos meus momentos favoritos foi aquela primeira manhã, quando o sol estava nascendo e voávamos para Montana”, relembrou Aaron. “Foi uma experiência surreal. Normalmente, eu voo muito alto para poder ver isso, então estar perto do solo o suficiente para ver essas paisagens foi incrível”. | | A tripulação pode contemplar um visual estupendo das Montanhas Rochosas ao amanhecer, no caminho entre os Estados de Wyoming e Montana (Crédito: Divulgação) | 06 DE JUNHO, 04:50 30 HORAS DE MISSÃO
Outro objetivo de Barry (além do recorde mundial do Guinness) era inspirar a próxima geração de pilotos. Por acaso, a tripulação teve a chance de realizar isso quando aterrissou em Coffeyville, Kansas. O centro de coordenação avisou Barry de que havia um grupo esperando por eles lá, apesar de ser por volta das 23h30.
“Eu não sabia o que esperar. Estava pensando em cinco a dez pessoas”, disse Barry. "Quando chegamos, havia cerca de 50 pessoas, inclusive várias crianças. Eu disse a Aaron e Thomas: ‘Temos de parar aqui’. Decidimos fazer uma pausa para abastecer e passar um tempo com todos”. | | Mesmo pousando tarde da noite no Aeroporto de Coffeyville, no Kansas, a equipe de Barry foi recebida por dezenas de aficionados por avião (Crédito: Divulgação) | Barry cresceu apaixonado por aviação, citando seu pai como a pessoa que inicialmente despertou esse amor nele. Ele começou a trabalhar no Aeroporto do Condado de Henry, que fica no Estado norte-americano de Ohio, aos 17 anos e, depois de acumular 2 mil horas de voo lá, foi para a Marinha, onde permaneceu por 30 anos, sendo que em 17 deles pilotou modelos F-18. Agora ele está na Delta há 24 anos.
“Quero acender a faísca em alguém que ainda não é piloto da mesma forma que meu pai fez comigo”, compartilhou Barry. “Olhar nos olhos das crianças de Coffeyville e ver que há potencial para um futuro piloto foi algo muito inspirador”.
Barry levou camisetas da 48N48 para distribuir às pessoas ao longo do caminho. Quando viu a empolgação que os moradores de Coffeyville demonstravam para com a tripulação, ele distribuiu todas as camisetas.
06 DE JUNHO, 18:42 44 HORAS DE MISSÃO
À medida em que se aproximava de sua meta, a equipe voava ao longo da costa leste para um destino que muitos funcionários da Delta conhecem bem: Atlanta. Esperando por eles no Aeroporto Internacional Hartsfield-Jackson, sob a asa de um A321, estava o chefe de Operações da Delta, John Laughter, juntamente com outros funcionários da companhia, ansiosos para dar as boas-vindas à tripulação e desejar-lhes os melhores votos.
“Algumas pessoas me perguntaram por que eu voaria em um dos aeroportos mais movimentados ao estabelecer um recorde mundial do Guinness”, comentou Barry. “Sim, levou um tempo extra, mas estar em Atlanta com a família Delta, sob a asa de um A321, valeu a pena”.
Pouco depois de partir de Atlanta, Barry recebeu uma mensagem de texto do fundador e presidente do Veterans Airlift Command (VAC), Walt Fricke. Um veterano ferido em combate e membro do conselho consultivo da entidade chamado Adam Kisielewski queria encontrar a tripulação em Maryland e levar-lhes o almoço. Com sanduíches a tiracolo, Adam estava lá para cumprimentar a equipe e passar algum tempo com eles.
“Fiquei impressionado com a generosidade e a gentileza de Adam”, rememorou Barry. “Ele é um jovem que perdeu o braço e a perna esquerdos em combate enquanto servia ao nosso país, e tivemos a honra de estar lá com ele”.
Até 24 de junho, a organização sem fins lucrativos 48N48 arrecadou US$ 30.048 dólares para o VAC. | | A tripulação com o veterano de guerra Adam Kisielewski, do Veterans Airlift Command, organização para a qual a missão arrecadou fundos durante a viagem (Crédito: Divulgação) | Faltando 10 paradas, Barry, Aaron e Thomas estavam na reta final.
“Chegando a esse ponto... Senti alívio e entusiasmo”, disse Aaron. “Alívio por tudo ter saído de acordo com o plano de Barry e empolgação por concluirmos a missão a tempo. E alívio também por poder dormir em um quarto de hotel no final do voo, depois de ter dormido em um avião de seis lugares”. | | A equipe de coordenação no Aeroporto do Condado de Henry, cidade natal de Barry, assiste ao pouso final da missão, em Portland (Crédito: Divulgação) | A equipe de coordenação no Aeroporto do Condado de Henry observou ansiosamente enquanto Barry, Aaron e Thomas aterrissavam no Aeroporto Internacional de Portland, sua última parada.
MISSÃO CONCLUÍDA TEMPO TOTAL: 44:07
A tripulação retornou ao Aeroporto do Condado de Henry com uma grande torcida dos apoiadores locais. Eles também se divertiram um pouco em sua viagem de volta para casa, “desenhando” 48N48 no céu com o avião. | | Com a missão concluída, o trio voltou para casa "desenhando" no céu a inscrição 48N48, nome da organização sem fins lucrativos que recolheu doações para o comando de veteranos (Crédito: Divulgação) | Mas, e quanto ao recorde mundial do Guinness?
“Honestamente, só saberemos oficialmente daqui a alguns meses”, explicou Barry. “Mas o que eu sei é que atingimos nossos objetivos de promover a aviação, inspirar futuros pilotos e apoiar o VAC. O recorde pode ter iniciado a missão, mas acabou ficando em segundo plano em relação a tudo o mais que aconteceu”.
Para saber mais sobre a missão e fazer doações, visite o site da 48N48.
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