O projeto Conservação de Obras de Arte em Espaços Públicos, que recupera obras instaladas em três linhas e cinco estações do Metrô de São Paulo, chega a sua terceira e última fase, bastante aguardada. Afinal, a etapa envolve a restauração da obra Quatro Estações, que compreende quatro painéis de mosaico em tésseras de vidro, da consagrada artista Tomie Ohtake, ícone das artes plásticas no Brasil.
Instalados literalmente na parede oposta à plataforma de embarque onde circulam os trens, na estação Consolação, Linha 2-Verde, os painéis têm exigido uma logística intensa da equipe de restauração, com os trabalhos sendo realizados durante as madrugadas. “Como a estação inicia seu funcionamento a partir das 4h, temos apenas três horas de trabalho por noite. E tem também a questão da segurança porque tudo acontece na via”, conta Claudemir Ignacio, restaurador responsável pelo projeto, que explica que estar nesses locais requer muitas vezes erguer andaimes para alcançar as obras e, por isso, os restauradores precisam seguir uma série de normas de segurança, o que inclui passar por treinamentos e pelo uso de EPIs.
Apreciados pelos passageiros enquanto aguardam o trem, os painéis foram instalados em 1991, mesmo ano da inauguração da estação Consolação. Com o desgaste natural ao longo desses 32 anos e a trepidação provocada pelas composições, as pastilhas de vidro foram descolando. E, agora, repô-las não é tarefa fácil porque a fabricante não atua mais no mercado. Mas o ateliê de conservação ainda conseguiu um pequeno estoque da antiga fábrica e garimpou demolições em busca de mais peças. “Embora não seja uma restauração das mais problemáticas, teremos que corrigir uma intervenção realizada na obra há alguns anos, na qual foram colocadas pastilhas muito diferentes das originais. Serão retiradas e devolveremos o aspecto mais próximo possível do original”, pontua Ignacio.
Paralelamente, o projeto também avança em novos episódios, de um total de dez distribuídos gratuitamente no YouTube, Facebook e Instagram, da Websérie Conservação de Obras de Arte do Metrô, produzida pela Frontera Filmes. Trata-se de um material bastante rico e completo de todo o processo, começando com registros do antes, durante e depois da execução da conservação das obras e que podem ser vistos no link:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLuYbLPnGYIYkM7FSvOlVocemMu2BtVaaI.
Terceira edição
Desde o início dos trabalhos, em novembro de 2022, e até o final, julho de 2023, a iniciativa terá contemplado ao todo 12 obras nas estações Brás, Palmeiras-Barra Funda, São Bento, Paraíso, Consolação e Clínicas. Vale destacar que 100% das instalações existentes na estação Paraíso estão conservadas (seis nesta edição do projeto e duas na anterior).
Idealizado pelo produtor Eduardo Lara Campos e realizado em parceria com o escritório Júlio Moraes Conservação e Restauro, a ação conta com patrocínio de Coop, Tereos, Fleischmann, Bimbo e PremieRpet®, e apoio do ProAC – Programa de Ação Cultural e da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. “O projeto tem uma importância absoluta para a população da cidade de São Paulo. Com ele, pretendemos ajudar a conscientizar o cidadão sobre as obras de arte presentes em seu entorno, sua magnitude e o quão satisfatório é poder preservá-las para as gerações futuras. São verdadeiros presentes para as mais de 4 milhões de pessoas que passam pelo Metrô de São Paulo todos os dias”, enfatiza Lara Campos.
Os documentários produzidos nas duas edições anteriores do projeto podem ser conferidos no Youtube: “Conservação de Esculturas em Espaços Públicos na Cidade de São Paulo” e “Conservação de Obras de Arte do Metrô”.
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