Cândido
Auspicioso, Cândido
Com ladrilhos brancos
Pedras pueris
Lastros nas calçadas livres
Em meio aos carros e turbantes
vivos
Por janelas e frestas
Olhares rápidos e desconfiados
Eu caminho por passos abertos
Por gente sincera e homens
oprimidos
Nas ruas desertas
Cobertas por vaidades
Ressentida de verdades
Cândido, abre-te
Abre asas
Corre pelas estradas
Anuncia os sinais
Guarda em corais
Aquilo que a ti não serve mais
Ó Cândido, Ó Cândido
Do Palácio de Solares
Em trechos acinzentados
Eu parto em êxtase
Olho às janelas, os vidros, os
carros
Fumaça que sai da boca
Ventila o nariz
Esmaga a desgraça
Polui quem um dia quis
Quisera tu, Cândido
Quimeras de luz
Virtuoso
Insano
Insalubre
Nada o conduz
Quais sonhos são mais cândidos do
que uma vida pueril
Quais sonhos são incólumes, nativos
e noturnos
Quais sonhos levam ao horizonte sem
fim
Aos desejos incabíveis de quem
nunca, de verdade, sente ou pressentiu a ti
Cândido, eu vejo o futuro
Eu vejo o mundo sombrio
O trânsito, os medos e os inocentes
Os culpados em silêncio
Os imundos mundanos
Os germes insanos
Em planos insolúveis
Por uma vida passageira
Encantos e prantos
Somos, eu e você, Cândido
Seres uníssonos e distantes
Próximos até algum recanto da alma
Dos sonhos mais infames
Calcados em travessas e lama
Por tragos e diamantes
Cândido, Cândido, Cândido
Canto em silêncio com o canto dos
olhos
Com a boca sedenta, tenso em passos
febris
Eu vejo o passado
Eu vejo o presente
Eu vejo a desgraça
Eu vejo a salvação da raça
Em uma cidade fria
Em corações urbanos
Cândido
Perpassamos juntos ao infinito em
uma rua sem fim.
Aqui, agora e para sempre
Nobre servil...
Pedro Lichtnow
Comunicação e Marketing
041 98822 4524
Muito bom 👏👏👏
ResponderExcluirExcelente Pedro! Seus poemas causam impacto poético e reflexão no leitor! Maria Teresa M. Freire
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