quarta-feira, 14 de junho de 2023

Poemas Urbanos .Por Pedro Lichtnow.

 

Cândido

 


Auspicioso, Cândido

Com ladrilhos brancos

Pedras pueris

Lastros nas calçadas livres

Em meio aos carros e turbantes vivos

 

Por janelas e frestas

Olhares rápidos e desconfiados

Eu caminho por passos abertos

Por gente sincera e homens oprimidos

 

Nas ruas desertas

Cobertas por vaidades

Ressentida de verdades

 

Cândido, abre-te

Abre asas

Corre pelas estradas

Anuncia os sinais

Guarda em corais

Aquilo que a ti não serve mais

 

Ó Cândido, Ó Cândido

Do Palácio de Solares

Em trechos acinzentados

Eu parto em êxtase

Olho às janelas, os vidros, os carros

Fumaça que sai da boca

Ventila o nariz

Esmaga a desgraça

Polui quem um dia quis

 

Quisera tu, Cândido

Quimeras de luz

Virtuoso

Insano

Insalubre

Nada o conduz

 

Quais sonhos são mais cândidos do que uma vida pueril

Quais sonhos são incólumes, nativos e noturnos

Quais sonhos levam ao horizonte sem fim

Aos desejos incabíveis de quem nunca, de verdade, sente ou pressentiu a ti

 

Cândido, eu vejo o futuro

Eu vejo o mundo sombrio

O trânsito, os medos e os inocentes

Os culpados em silêncio

Os imundos mundanos

Os germes insanos

Em planos insolúveis

Por uma vida passageira

Encantos e prantos

 

Somos, eu e você, Cândido

Seres uníssonos e distantes

Próximos até algum recanto da alma

Dos sonhos mais infames

Calcados em travessas e lama

Por tragos e diamantes

 

Cândido, Cândido, Cândido

Canto em silêncio com o canto dos olhos

Com a boca sedenta, tenso em passos febris

 

Eu vejo o passado

Eu vejo o presente

Eu vejo a desgraça

Eu vejo a salvação da raça

 

Em uma cidade fria

Em corações urbanos

Cândido

Perpassamos juntos ao infinito em uma rua sem fim.

Aqui, agora e para sempre

Nobre servil...

 

Pedro Lichtnow

Comunicação e Marketing

041 98822 4524


2 comentários:

Ricardo Marajó disse...

Muito bom 👏👏👏

MARIA TERESA MARINS FREIRE disse...

Excelente Pedro! Seus poemas causam impacto poético e reflexão no leitor! Maria Teresa M. Freire