| A representação de Bartolomeu de Gusmão, na série ‘Cientistas Brasileiros’ (Crédito: Divulgação/Curta!) | Série inédita sobre ciência nacional tem episódio de estreia sobre o padre Bartolomeu de Gusmão | A ciência está presente em diversas áreas da vida cotidiana, mas nem sempre as pessoas a reconhecem ou mesmo os seus benefícios. "Cientistas Brasileiros", série inédita e exclusiva do Curta! - canal que valoriza e apoia a ciência - busca mudar essa realidade, apresentando a trajetória de importantes nomes nacionais, de ontem e de hoje, e mostrando suas contribuições. Dirigidos por Rodrigo Grota, os cinco episódios trazem as histórias de Bartolomeu de Gusmão, Oswaldo Cruz, Nise da Silveira, Rosaly Lopes e Marcelo Gleiser.
O episódio de estreia é sobre Bartolomeu de Gusmão e transporta o público para o Brasil do século XVII. A presença portuguesa no país desempenhou um papel fundamental na formação do pensamento científico na colônia, como pontua o professor de História da Ciência no Brasil Marco Antônio Neves Soares. Ele explica que, nesse período, o Brasil não tinha universidades e, com um investimento limitado do governo português em educação, algumas famílias optavam por enviar seus filhos para o seminário, onde teriam acesso a uma formação. Muitos desses religiosos utilizavam as estruturas da igreja como uma forma de pensar livremente, ainda que se queixassem da influência excessiva da religião.
Nesse contexto, surge Bartolomeu de Gusmão, uma figura notável do Brasil colonial, segundo Laurette Godoy, autora de livros sobre o religioso. Nascido em 1685, na cidade de Santos, Bartolomeu já chamava atenção desde criança por sua memória prodigiosa e facilidade em aprender. Santos, na época, era uma cidade pequena, mas devido ao seu porto, tinha certa importância política.
O episódio narra que os pais de Bartolomeu tiveram contato com um sacerdote jesuíta chamado Alexandre de Gusmão, que se tornou mentor do garoto e o levou para Portugal. Em homenagem a esse tutor, Bartolomeu assumiu o sobrenome Gusmão, uma prática comum na época. Em Coimbra, ele se dedicou ao estudo de Direito, e foi convidado por João V para ser seu secretário, tornando-se próximo do rei.
Foi nessa conjunção que Bartolomeu teve a oportunidade de demonstrar sua invenção, a Passarola, um aeróstato – balão cheio de gás mais leve que o ar - que se assemelhava a um pássaro. Ele desenhou a Passarola de forma estratégica, com elementos como a bandeira de Portugal, um astrolábio para navegação aérea e outros dispositivos que dificultavam sua imitação. Com a Passarola, sua fama se espalhou pela Europa.
No entanto, as realizações de Bartolomeu também despertaram uma atenção indesejada. A natureza revolucionária de suas invenções e sua busca por conhecimento além das fronteiras estabelecidas incomodaram as autoridades religiosas da época. Bartolomeu foi perseguido pela Inquisição, sofrendo com restrições e acusações até a sua morte prematura. Apesar das adversidades que enfrentou, Bartolomeu de Gusmão é reconhecido como um visionário e um dos pioneiros da aeronáutica.
Produzida pela Kinopus Audiovisual, a série “Cientistas Brasileiros” foi viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A estreia é na Quinta do Pensamento, 25 de maio, às 23h.
| Novo episódio de ‘Tela sobre Tinta’ é dedicado a Celeida Tostes, que inspirou liberdade na arte e na educação | Celeida Tostes, com sua vivacidade e fala mansa, personificava uma liberdade que cativava a todos ao seu redor. A artista é tema do quarto episódio da série "Tela sobre Tinta", que vem sendo exibida no Curta!. No episódio, dirigido por Malu De Martino, várias vozes se unem para descrever a personalidade única e o impacto transformador que Celeida teve no campo da arte. A produção descreve que a presença da artista era como um sopro de ar fresco, capaz de instigar a criatividade e despertar a curiosidade ao mesmo tempo.
Com sua abordagem inovadora, Celeida criou um ambiente alquímico, no qual a arte e a educação se entrelaçavam de maneira única. Ela encorajava a ação coletiva, a colaboração e a experimentação, desafiando as normas e incentivando seus alunos a explorarem o desconhecido. Ela acreditava que a arte era uma força capaz de transcender limites e promover mudanças significativas na sociedade. Sua abordagem simples agregava pessoas, levando-as a "celeidar", termo usado para descrever uma imersão nas emoções e na expressão artística.
Ao longo do episódio de "Tela sobre Tinta", vemos depoimentos de amigos e colegas de profissão, como o do artista plástico Luiz Aquila, que relembra um momento marcante ao receber um abraço de Celeida, que se tornou fundamental em sua vida. Ele destaca a vibração intensa que ela transmitia através de seu corpo e como esse gesto, aparentemente simples, foi transformador e ensinou-o a abraçar de maneira profunda e significativa.
Em seu depoimento, Marcus Lontra, curador da exposição "A arte do fogo do sal e da paixão", no CCBB em 2003, conta como Celeida o tirou de sua zona de conforto, introduzindo-o ao conceito do fenômeno artístico e fazendo-o questionar o propósito por trás da criação artística. Para ele, Celeida era uma pessoa elegante e charmosa, ao mesmo tempo em que desafiava as convenções e explorava novos caminhos na arte. A professora da UFRJ Katia Gorini também observa esse paradoxo entre a elegância e a finesse de Celeida em seu cotidiano e a transformação que ocorria quando ela trabalhava com o barro. "Celeida era única, capaz de transitar entre diferentes facetas com facilidade", diz.
A série “Tela sobre Tinta” é composta por cinco episódios independentes, cada um dedicado a um artista de destaque no cenário nacional. Além de Celeida Tostes, também são protagonistas em outros episódios: Anna Bella Geiger, Luiz Aquila, Athos Bulcão e Farnese de Andrade. A produção completa está disponível no Curta!On – Clube de Documentários, que pode ser acessada na ClaroTV+ ou no site CurtaOn.com.br. A exibição do episódio é na Terça das Artes, 23 de maio, às 21h. |
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