Deputado do Amazonas questionou, mas ficou sem resposta adequada sobre os pontos levantados na audiência pública
Ao ser questionada pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) sobre a proposta da atual gestão do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima para combater o desmatamento, ao mesmo passo em que trabalharia o avanço das obras da BR-319, a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, tratou o assunto com ironia e não garantiu planos para o avanço das obras na rodovia. A fala ocorreu durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), nesta quarta-feira (24/05).
Mandel questionou Marina sobre as estratégias da pasta para o combate ao desmatamento na região amazônica, considerando as características climáticas locais, e como isso seria trabalhado junto ao avanço do asfaltamento da BR-319. “Como essas estratégias se conectam com as tentativas de conclusão do asfaltamento da BR-319? O asfaltamento pode resultar na alta do desmatamento, mas o abandono da estrada não pode servir como uma política de combate ao desmatamento. Como o Ministério do Meio ambiente pretende atuar em conjunto para intensificar o combate ao desmatamento e os investimentos nesse caso?”.
O tema foi apresentado pelo próprio Governo Federal em conjunto com o Governo do Estado do Amazonas, em janeiro deste ano. Em resposta ao questionamento do parlamentar, Marina Silva se limitou a dissertar sobre a complexidade do assunto, mas não explicou de que forma o Governo Federal, por meio do Ministério de Meio Ambiente, irá atuar para garantir o desenvolvimento das obras e a intensificação do combate ao desmatamento de forma prática.
“A BR-319… É que eu não tenho o costume de ser irônica. [SIC]. Se fosse um processo fácil, é possível que já tivesse sido feito. Começando pela avaliação dos técnicos do IBAMA sem que eles tenham que ser pressionados para A ou para B e respeitada a sua posição técnica.[...] É um empreendimento de alta complexidade. Eu diria pro senhor, eu sei a demanda, eu vivi isso no meu estado”, declarou Marina Silva.
Dados distorcidos
Na mesma resposta, a ministra também apelou para a apresentação de dados positivos da sua gestão como forma de amenizar a tensão, mas se equivocou ao declarar que houve uma queda de 40% no desmatamento na região amazônica no primeiro quadrimestre deste ano, quando, na verdade, o percentual de queda foi de apenas 36% em comparação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Embate histórico no Amazonas
Há anos, a BR-319 está envolta em um imbróglio ambiental, o que impede o progresso das obras de asfaltamento em trechos da rodovia, dificultando o trânsito de milhares de pessoas de todo o País que precisam percorrer a estrada para se deslocar entre os estados do Amazonas e de Rondônia. O congressista declarou que entende a necessidade de estudos e pareceres ambientais técnicos, sem interferências políticas, para que se consiga realizar a conclusão das obras, alinhada à preservação da floresta amazônica na região.
Em uma série de embates durante a audiência pública, autoridades da região Norte e grupos políticos atribuíram a Marina Silva as dificuldades para a conclusão das obras. Porém, ainda que a acusação não tenha sido levantada pelo deputado do Amazonas, o parlamentar foi citado pela ministra em tom defensivo.
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