Este não vai ser um discurso de recebimento de um Oscar, só que vai ser ainda mais longo, porque temos muito o que dizer – e agradecer.
Quando recebemos a notícia que MARTE UM havia sido selecionado para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2023, recebemos junto uma incumbência: a expectativa de quebrar um jejum de 25 anos sem uma indicação para o país. Nestes 25 anos, o Brasil produziu filmes maravilhosos, ganhou muitos prêmios, exposição no mundo inteiro, e gerou cineastas diversos, com visões de mundo e cinema plurais, propondo para o universo audiovisual uma cinematografia potente, rica, viva!
A ideia de que precisávamos de um Oscar nunca pareceu mesmo fazer sentido, pois estamos seguindo firmes e fortes, mesmo com desmonte, com crises e com mudanças de uma indústria que não se vê partidária da independência. Dito isso, todo mundo queria este Oscar, inclusive a gente, que antes dessa escolha nem sabíamos que também queríamos essa validação para o cinema que fazemos. Porque o Oscar é um troféu dourado que pesa um bocado, mas que só é atingível com campanha (sim, política mesmo, apertos de mão, sorrisos, fotos, e até mesmo as promessas para uma carreira futura). Mas descobrimos que o troféu, e a campanha, significavam muita coisa que a gente ainda não sabia.
Com o senso de responsabilidade de tentarmos quebrar esse jejum, nos aventuramos a fazer campanha, levar o filme para lugares que não o conheciam, pessoas que pudessem ver nele a esperança de um cinema da periferia, de personagens pretos, de gente com sentimento e legitimidade afetiva. E hoje, apesar de não lermos o nome do filme na lista daqueles que seguirão buscando esse troféu dourado, podemos dizer que chegamos nessa linha final um pouco precoce com sensação de dever cumprido. Talvez não o "dever" do Oscar, da indicação, do jejum quebrado; mas sim um dever de representarmos o cinema do nosso país, estes artistas diversos e muitos, que se uniram ao redor de MARTE UM com a esperança de um futuro melhor para a nossa arte.
Trabalhamos muito, ficamos exaustos, aprendemos muitas coisas, erramos também, para no final descobrirmos que o filme circulou, chegou nas pessoas, as emocionou e com dignidade aumenta a expressividade do cinema brasileiro neste mercado internacional cada dia mais duro. De algum modo, nos sentimos como Wellington, dando o nosso jeito, que mesmo que não tenha concretizado aquele sonho que parecia impossivel, ajuda na caminhada para que um dia possamos chegar lá!
Em breve divulgaremos os nomes das diversas pessoas e instituições que nos ajudaram nesse caminho, que nos honraram com sua confiança, sua generosidade e amor pelo cinema brasileiro.
Por enquanto, segue um agradecimento geral a todo mundo que torceu e nos emanou amor, pois sentimos de modo retumbante! Em nome de nosso elenco e equipe agradecemos por tudo.
Por fim, viva Carlos Segundo e equipe, viva Sideral, e força na jornada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Assim que possível retornaremos sua mensagem
Atenciosamente
Equipe Blog Leite Quentee news