Projeto pede doações para o 5º Natal de Rua em Curitiba.
ONG Mãos Invisíveis promove almoço natalino para população em situação de rua com comida típica da data, distribuição de panetones e chocotones, brinquedos para as crianças e kits de higiene, além de música e arte.
Garantir um Natal digno para a população em situação de rua e famílias em extrema vulnerabilidade. Esse é um dos resultados do trabalho da ONG Mãos Invisíveis, de Curitiba – projeto inédito que busca ir além do assistencialismo, procurando levar dignidade e representatividade a uma população normalmente invisível para a sociedade.
A ONG realizou a primeira festa de Natal em 2018, na ceia do dia 24 de dezembro. “Ali eu percebi que na noite da véspera tem mais pessoas que dão comida, mas que no dia 25 não tinha ninguém. Então os Natais de Rua dos anos seguintes foram um almoço no dia 25, com música, arte, comida natalina com chester, farofa, refrigerante, sobremesa, chocotone, brinquedos... Em 2021, conseguimos levar mesas e cadeiras, voluntários como garçons, servimos idosos e crianças”, conta a historiadora Vanessa Lima, fundadora da organização.
Para 2022, a intenção é atender de 400 a 500 pessoas e levar mais tendas (que ainda não foram viabilizadas) para servir os convidados na sombra, com música, brinquedos, pintura de rosto, kits de higiene, panetones e chocotones pra todos. Para servir a comida quentinha, a ONG também estuda a possibilidade de adquirir um forno – porque assar 45 a 50 chesters não é assim tão fácil.
Ao contrário do que acontece normalmente em ações de distribuição de comida para esse público, o Natal de Rua não utiliza marmitex prontos. “Levamos tudo nas panelas mesmo, pra que o privilégio da escolha possa ser exercido como em um Natal de família: a pessoa serve-se do que quer comer, na quantidade e do que jeito que quiser”, completa Vanessa.
Para ajudar o projeto a viabilizar o Natal de rua, doações podem ser feitas por meio do pix projetomaosinvisiveis@gmail.
TRAJETÓRIA – Além de historiadora, Vanessa deu aulas de artes para educação infantil por muito tempo e também começou a fazer trabalho voluntário com crianças, no contraturno da escola em que trabalhava.
Em 2018, ela decidiu passar o Natal na rua e começou uma busca por organizações que trabalhassem com essa população. “Nesse processo, eu não consegui encontrar nada que me ‘vestisse’. Me deparei com organizações que faziam uma exposição absurda da vulnerabilidade do outro, ou que faziam apenas uma entrega de comida automática, sem ter nada alem disso pra oferecer ou lutar”, conta.
Até que se deparou com o MNPR (Movimento Nacional da População de Rua), cujos integrantes do movimento têm algum histórico de trajetória na rua. Ali, Vanessa descobriu uma vocação e entendeu exatamente o que eu queria fazer. “Passamos – eu, meu ex-marido e meus filhos – por um mês, ou um pouco mais, indo todos os dias (todos mesmo) para a rua. Escutando, conversando, aprendendo. Aí a gente primeiro se desmonta, né? Eu sempre digo que o primeiro monstro que eu tive que matar era eu mesma, com tudo que tinha sido construído sobre essa população dentro da minha formação enquanto pessoa. Planejei uma metodologia para estar sempre no mesmo horário, mesmo local e da mesma forma, com vários detalhes que servem tanto pra criar vínculo com a pessoa em situação de rua e falar sobre direitos, quanto para educar voluntários e pessoas interessadas na pauta”.
Assim, ainda no início de 2018, nasceu um evento chamado “Café Pretexto”, na praça Generoso Marques. Todo domingo, até hoje, a ONG atende cerca de 300 pessoas distribuindo lanche como um pretexto para aproximação com a população atendida. São oferecidas diversas opções, para representar o privilégio da escolha. “Fazemos o café que a gente toma em casa e estamos ali: ouvindo demandas, fazendo encaminhamentos”, conta. No mesmo ano veio o primeiro Natal, que teve uma sequência e é realizado anualmente desde então.
Também desde 2018 o projeto vem atendendo diversos casos de gestantes em situação de rua e vivenciando todas as dificuldades enfrentadas por essas mulheres e seus filhos. Assim, surgiu uma campanha de arrecadação voltada com o intuito de construir um espaço de atendimento que possa oferecer suporte e acompanhamento durante todo o período de gestação, para em seguida encaminhar essas mulheres a uma moradia digna.
A CASA (Centro de Acolhimento, Saúde e Atenção da gestante em situação de rua) contará com uma estrutura profissional capacitada, composta por profissionais da saúde e da assistência social, visando o acompanhamento dessas mulheres no processo de desenvolvimento da maternagem. “É um sonho, mas precisamos de muito recurso pra torná-lo realidade. Estamos lutando demais pra que logo a gente consiga viabilizar”, finaliza Vanessa.
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SERVIÇO
• Doações para o Natal de rua podem ser feitas por meio do pix projetomaosinvisiveis@gmail.
• Mais informações sobre a ONG e as campanhas de arrecadação estão no site www.maosinvisiveis.com.br
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