Artistas homenageiam Juarez Machado em mesa-redonda no MON
Evento reuniu os artistas João Osório Brzezinski e Fernando Velloso, além do crítico e professor Fernando Bini e do curador Edson Busch Machado. Curador apresentou visitas mediadas à exposição em cartaz no MON, em Curitiba
A mesa-redonda sobre Juarez Machado realizada na noite do ultimo (23 de agosto) no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, converteu-se em uma homenagem ao artista – cujos 80 anos de vida, completados em 2021, são celebrados pela exposição “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”, em cartaz no museu até 18 de setembro.
Diante da plateia que ocupou além da lotação o Miniauditório do MON, a conversa dos participantes produziu um panorama tanto da biografia quanto da obra do artista catarinense iniciada em Curitiba nos anos 1960.
Irmão do artista, o curador da exposição, Edson Busch Machado, tratou das raízes artísticas de Juarez desde a infância em Joinville. Juarez, como ele mesmo declara, já “nasceu” artista, mas estabeleceu-se ao longo de um itinerário em busca de cenas artísticas cada vez mais desenvolvidas – a começar pela capital paranaense, onde chegou em 1961, atraído por uma mostra de artistas de Curitiba exibida em sua cidade natal.
Colega de Juarez na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, João Osório Brzezinski deu um tom pessoal ao relato sobre a vida de Juarez em Curitiba e seus primeiros passos em direção ao Rio de Janeiro, para onde se mudaria em seguida e onde se destacaria pelo trabalho na TV Globo – inicialmente como cenógrafo. “Como ele sempre fazia mais do que lhe pediam, ele propôs uma série de mímica em que seus desenhos ganhariam vida”, contou, em referência ao quadro que Juarez Machado produziu para o programa “Fantástico” entre 1973 e 1978.
Já “veterano” à época da chegada de Juarez Machado, Fernando Velloso explicou como o artista rapidamente entrou em sintonia com a geração moderna que desafiava o “academicismo rançoso” que ainda marcava a cena artística em Curitiba. “Quando chegou, já era o ‘dono da banca’. Era uma figura notável em matéria de boas relações”, brincou. “Imediatamente ele atraiu uma enorme simpatia dos artistas mais velhos. Sempre fizemos de tudo para dar espaço ao Juarez”, contou, destacando a personalidade e a linguagem únicas do artista. “Juarez sempre teve uma linguagem própria”, disse.
Homenagem
O professor e crítico de arte Fernando Bini lembrou a grande importância que o artista sempre deu à sua passagem por Curitiba e defendeu que a cidade deve reconhecer isso. “A aprovação da exposição ‘Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos’ pelo Conselho do MON é um primeiro agradecimento que devemos fazer a Juarez”, defendeu. “Esta mesa é uma homenagem mais do que merecida.”
Ao fim da mesa-redonda, que abriu o microfone para que membros da plateia lembrassem outros aspectos da história de Juarez – sua obra literária e seu trabalho na televisão paranaense –, o público fez uma visitação à exposição na Sala 3 na companhia dos palestrantes. Entre os presentes estavam a diretora cultural do MON, Glaci Gottardello, que conduziu a mesa; e a marchand Liliana Cabral, idealizadora da exposição e representante do artista em Curitiba.
Visitas mediadas
O curador da exposição, Edson Busch Machado, voltou ao MON no dia 24/8 para conduzir duas visitas mediadas para o público espontâneo. Centenas de visitantes – 335 apenas na primeira sessão – acompanharam o percurso sugerido pelo curador para esta que é a mais completa mostra panorâmica da obra de Juarez Machado.
Edson conectou as obras à trajetória pessoal e artística de Juarez, contextualizando referências à família e à infância e destacando seus temas e símbolos centrais – das bicicletas e mulheres às cores potentes, passando pelos elementos biográficos e políticos de seus trabalhos.
A reunião de mais de 170 itens na exposição ilustra, como destacou o curador, a originalidade extraordinária da obra de Juarez Machado, que ninguém conseguiu ainda enquadrar em um único estilo ou movimento. “Juarez é isto – diversidade e profusão”, resumiu.
Exposição “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”
De 2 de junho a 18 de setembro de 2022
Sala 3
Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. De terça a domingo, das 10h às 17h30 (permanência até 18h). R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Toda quarta-feira, entrada gratuita.
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