Tecnologia edifica conexões entre o mundo virtual e o mundo concreto da construção civil. *Michael Vicentim Apesar das incertezas provocadas pela pandemia da covid-19, a construção civil registrou o maior número de lançamentos e vendas de imóveis dos últimos dois anos. Esses indicadores positivos impulsionaram os investimentos no setor que, atualmente, figura como uma locomotiva de crescimento e evolução em termos de lucratividade e empregabilidade. Hoje, construtoras e incorporadoras estão fazendo um alto investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e soluções que permitam desenvolver os projetos construtivos de forma mais econômica, rápida, sustentável e, principalmente, segura. O uso de Inteligência das Coisas ou IoT (Internet of Things), por exemplo, vem ganhando lugar de destaque, não apenas no período de execução das obras nos canteiros, mas também durante toda vida útil das edificações. O uso da IoT otimiza o desempenho e a produtividade na construção, ajudando a alterar, modificar, relatar e monitorar o canteiro das obras por meio de inteligência artificial. Muito além de um conceito futurista, esse mecanismo tecnológico auxilia na gestão remota de equipamentos e possíveis manutenções, maximiza a segurança dos colaboradores e profissionais, melhora a produtividade e assegura o cumprimento do cronograma de obras, economizando tempo e recursos. O uso da IoT aliada à automação ainda está em fase inicial no Brasil e não são todas as construtoras que adotaram a inovação em seus processos construtivos. Porém, alguns projetos já começaram a sair do papel e adentrar os canteiros. São construtoras que olham para o futuro, que não fazem apenas o que é obrigatório por legislação, mas que antecipam tendências, buscam soluções, e que, por isso, estão na vanguarda do setor. Os empreendimentos inteligentes antevêem, ainda em fase de projeto e planejamento, a integração de tecnologias e recursos. Esses projetos são minuciosamente elaborados para oferecer serviços integrados e controlados por meio de softwares e aplicativos, atendendo às necessidades de consumo e estilos de vida dos futuros moradores. Por isso é tão importante investir em automação dotada de inteligência que permita ao condomínio atuar de modo preventivo. E, também, na economia de recursos naturais. Algumas construtoras já vêm utilizando automação ligada a IoT, por exemplo, com dispositivos inteligentes nas áreas comuns, entre eles: sensores de controle de acesso com uso de leitura facial para entrada segura nos edifícios; elevadores com acesso controlado por biometria; sensores de presença para iluminação que geram consumo mais eficiente de energia; entre outros. E, como é sabido, o uso dessas tecnologias permite uma série de novas possibilidades que vão desde o monitoramento de máquinas, uso de EPIs conectados, que reforçam a segurança do trabalhador, até inteligência de marketing para monitorar e analisar tendências de mercado. Além da IoT, outro recurso inovador e surpreendente é a Modelagem da Informação da Construção (BIM, na sigla em inglês). A metodologia permite criar soluções digitais com manejo coordenado de toda a informação de um projeto de engenharia e arquitetura. A evolução dos projetos em BIM, que também envolve parceiros externos, proporciona maior domínio sobre as atividades que serão executadas. É possível prever, também, as interferências que o projeto poderá sofrer no canteiro e antecipar soluções na execução da obra. Além das integrações tecnológicas inovadoras, os empreendimentos do futuro baseiam-se em princípios sustentáveis. Despontam cada vez mais iniciativas que buscam solucionar problemas urbanos e melhorar a qualidade de vida das pessoas, como empreendimentos que priorizam a iluminação natural e a eficiência energética, a redução do consumo de água e seu reuso. Cabe destacar que a construção civil tem potencial para, não apenas melhorar a infraestrutura de uma cidade, como também otimizar a mobilidade urbana, aumentar a qualidade de vida da população e criar soluções sustentáveis que preservem o meio ambiente. O desafio é grande: como equalizar as tecnologias em engenharia e arquitetura ao movimento social global que demanda espaços mais conscientes, eficientes e racionais? Mais que um apartamento com vista privilegiada, provido de extremo conforto e segurança, o que se planeja, em cada detalhe, com o incremento de soluções e recursos tecnológicos, é a concepção de um lugar de existência e convivência entre as gerações do presente e do futuro. Não apenas no mundo virtual do metaverso e das NFTs. Mas, principalmente, no "mundo concreto" da boa e agora cada vez mais nova construção civil. *Michael Vicentim é superintendente de inovação e TI do Grupo A.Yoshii |
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