Fato imita a ficção ou ficção imita o fato?
Novo livro de Luís Lomanth une os mistérios da Ilha do Medo, na Bahia, sua terra natal, e as experiências como jornalista no Rio de Janeiro
Tem quem diga que a vida imita a arte. Tem quem diga que a arte imita a vida. O novo livro de Luís Alves Lomanth, A ilha do medo, é um pouquinho dos dois. O autor traz o místico, as superstições e histórias assustadores que ouvia desde criança sobre a ilha, que fica na Bahia, estado onde cresceu. Uniu os mistérios com a realidade da criminalidade do Rio de Janeiro nos anos 60.
Uma mala com 500 mil dólares, um casal de detetives, um ex-fuzileiro naval e um sequestro. Os personagens prendem a atenção, obrigando o leitor a embarcar na trama como um dos investigadores. E o autor promete que tem mais um livro de gênero policial inédito chegando. Em uma entrevista exclusiva, Luís conta o que sabe sobre a Ilha do Medo e como decidiu escrever o livro misturando suas vivências com o mundo literário.
A ilha do Medo é bem conhecida na Bahia por ser deserta, mal-assombrada e cheia de mistérios. Conta pra gente um pouco das histórias de lá e de onde veio essa ideia de trazer a ilha para o livro?
Luís: Todos os baianos conhecem Ilha do Medo e sua história de superstição. A ilha está localizada na Baía de Todos os Santos. Quando criança, nos anos de 1960, meus pais costumavam passear final de semana na Ilha de Itaparica, na Bahia. A travessia Salvador – Ilha de Itaparica era feita por uma pequena embarcação. Quando ela se aproximava da Ilha do Medo, lembro-me, como se fosse hoje, dos comentários assustadores entre os passageiros. Isso me dava medo, mas, ao mesmo tempo, me causava certo fascínio. Eu evitava olhar para a ilha e levei anos para conseguir. Mas nunca ousei visitá-la.
Tempos depois, conheci Mitôr, o tipo pescador de histórias mirabolantes. Todavia, Mitôr afirmava sentir muito medo daquela ilha ao contar cenas que causavam arrepios. Foi quando narrou às aventuras de Jambo, outro pescador e ex-militar do Exército, com fama de ser o temido homem que atravessou a “Garganta do Diabo”, gruta submersa de acesso ao interior da Ilha do Medo, a fim de mostrar sua coragem; embora todos duvidassem dessa façanha. Aos 15 anos de idade decidi escrever um livro sobre a ilha, baseado nas aventuras de Mitôr e de Jambo. Publiquei em 1974.
Na década de 1980 fui contratado como jornalista pela TV Globo. Conheci os desvios de condutas de homens públicos, principalmente aqueles ligados à área de Segurança Pública, que descambaram para o crime organizado e foram presos por corrupção, formação de quadrilha, sequestros e assassinatos, entre outros crimes.
Nos anos 1990, resolvi escrever uma nova história sobre a Ilha do Medo, incluindo as façanhas de Mitôr e Jambo e os fatos que marcaram a credibilidade da Polícia Carioca. A criminalidade no Rio de Janeiro começava a inovar, com o contrabando, no mercado negro exterior, de armas de guerra. Por isso, a história se passa no Rio de Janeiro de tempos atrás.
Acha que ser jornalista e escritor é um diferencial para o seu livro? Viveria sem uma dessas paixões?
Luís: A minha paixão pelas letras é algo que não sei explicar. Mas, ratifico que literatura e jornalismo formam uma dupla inseparável em minha vida. Estão entrelaçados. O fato imita a ficção, assim como a ficção imita a fato. Os acontecimentos jornalísticos sempre me ajudaram na inspiração e na construção de personagens. Eu sempre apelo para a verossimilhança quando escrevo, pois, penso que causará um impacto maior no leitor. Portanto, convivo com as duas formas desde muito cedo e não penso em deixá-las.
O que os leitores podem esperar de A ilha do medo? Qual é a sua expectativa para este livro?
Luís: Leio romance do gênero policial desde muito cedo. Alguns me obrigavam recorrer ao dicionário, o que me deixava furioso, pois me obrigavam a interromper a leitura à procura de determinada palavra e quase sempre perdia o fio da meada. Isso não acontece nos meus romances. Escrevo de forma simples, pois acredito que o leitor não está interessado em termos longos com frases recheadas de palavras difíceis, e sim focar na história.
E espero que o leitor aprecie “A Ilha do Medo” como um bom livro de entretenimento, fácil de degustar. Quero que sinta aquele friozinho na barriga com a ação dos personagens e goste tanto a ponto de querer indicar o livro para outras pessoas.
Essa é a sua sétima obra. Já tem planos para um livro ou projeto novo?
Luís: Sim. Na verdade, tenho mais quatro romances do gênero policial inéditos, prontos, aguardando para serem impressos. Mas, revelo o título do meu próximo livro ainda sem data de lançamento, que é “Casa de Custódia”.
Sobre o autor: Luís Alves Lomanth nasceu em Salvador, Bahia, em 1954. Morador do Rio de Janeiro, é jornalista e autor de romances do gênero policial. “A Ilha do Medo” é o sétimo livro que publica. Boa parte do que é contado em seus livros é inspirado no que conheceu quando era repórter de jornais impressos e, depois, chefe de jornalismo da TV Globo. O romance “Apenas uma Razão para Matar”, por exemplo, surgiu após a cobertura jornalística que fizera no norte Fluminense, quando a polícia demorou a prender dois jovens necrófilos que aterrorizavam uma pequena e pacata cidade. Em 1999, Lomanth mostrou ser um grande escritor do gênero ao nos brindar com o não menos assustador romance “A Morte Usa Batom”, obra que alcançou sucesso de público e da crítica. Atualmente, Lomanth é diretor de jornalismo do jornal impresso Ilha Repórter, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, e também fundador e coordenador da TV Literária, um canal exclusivo para escritores do Brasil. Apaixonado por Literatura, Luís Alves Lomanth continua sedento pela criação literária, presenteando-nos com obras de qualidade e que fomentam em seus leitores a paixão e o prazer pela leitura. A cada obra concluída, Lomanth eterniza seu nome entre os grandes escritores brasileiros do gênero. Suas obras, na totalidade, são um verdadeiro tesouro da Literatura brasileira.
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