Doença negligenciada
O monkeypox não é o mesmo víMas, então, como surgiu esse novo tipo de varíola?
Mestre em Ciências Veterinárias, Fernando Kloster lembra que o avanço das cidades e das populações em direção às florestas faz com que algumas doenças do meio silvestre circulem entre humanos. “A questão é que quando a doença é endêmica em países em desenvolvimento, a preocupação parece menor. Quando se dissemina na Europa ou entre populações com maior poder aquisitivo, entra-se em alerta. O que é um grande equívoco.”
Para o professor, o monkeypox foi uma doença negligenciada até o momento, já que estava presente apenas em países da África. “A preocupação só aumentou quando casos positivos surgiram nos Estados Unidos e na Europa.”
Combate à desinformação
Semelhante a outras doenças virais, o monkeypox requer estratégias para impedir sua disseminação e Fernando Staude Kloster faz um alerta: é fundamental combater a desinformação.
“Em primeiro lugar, os macacos não são os culpados pela doença e sim vítimas, como nós. É por isso que as autoridades vêm usando o termo monkeypox e não varíola dos macacos para se referir à doença”, avisa.
A intenção é evitar que atrocidades sejam cometidas contra esses animais, já que os reservatórios descritos do monkeypox são, principalmente, os roedores. O nome varíola dos macacos surgiu por causa da primeira identificação da doença em primatas de um centro de pesquisa em 1958.
Outro ponto essencial é o combate à desinformação. “Os movimentos antivacina, fake news e teorias conspiratórias prejudicam os planos de contingência e prevenção de doenças. A própria varíola humana só foi erradicada com o auxílio da vacina em uma época que sequer existia um medicamento antiviral para a doença”, conta o professor de Saúde Pública.
O sarampo é um exemplo de enfermidade que voltou a ser registrada no Brasil. Segundo dados do Unicef, três em cada dez crianças brasileiras não têm as vacinas necessárias e a meta de vacinação contra o sarampo está muito abaixo da expectativa, com apenas 47,08% das crianças imunizadas – a meta era 95%.
Sintomas e cuidados
Os cuidados para evitar a transmissão do monkeypox passam pela higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70%, uso de máscara para evitar a contaminação por aerossóis e distanciamento social - medidas já adotadas na pandemia de Covid-19.
Pacientes com suspeita de monkeypox devem ficar isolados. Como a transmissão ocorre também pelo contato com as lesões, estabelecimentos de interesse em saúde, inclusive barbearias e salões de beleza, devem estar atentos.
Os sintomas da varíola do macaco costumam durar de duas a quatro semanas e incluem febre, dor de cabeça, aumento dos gânglios linfáticos, dores musculares, cansaço e lesões cutâneas.
De acordo com o Ministério da Saúde, pessoas com início súbito de febre, aumento dos linfonodos e erupções na pele devem procurar um serviço de saúde. Não há tratamento específico para a doença, apenas medicamentos para o alívio dos sintomas.
Além disso, indivíduos suspeitos precisam evitar o contato com outras pessoas e o compartilhamento de talheres, toalhas, louças, panos de prato e roupa de cama, por exemplo. Crianças, idosos e pessoas com baixa imunidade são suscetíveis a quadros mais graves da doença.
No Brasil, o Ministério da Saúde articula a compra de vacinas e a OMS tem feito negociações de forma global com o fabricante para agilizar o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados. A estratégia inicial é imunizar pessoas que tiveram contato com casos suspeitos e profissionais de saúde com alto risco de exposição ao vírus.
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Fonte Mem Comunicação
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