Adriano Gannam, médico psiquiatra, explica porque era um desejo entrar no programa No Limite e conta para quem está torcendo depois de sua saída | Viver o programa No Limite, para uns é improvável, é quase impossível se imaginar naquele cenário de fome, sede, frio, cansaço físico e emocional. Já para outros é um desafio, um sonho, uma meta na vida, assim como era para Adriano Gannam, médico psiquiatra de Volta Redonda.
| Adriano queria viver essa experiência, assim como muitas outras que já teve oportunidade de vivenciar. Nos últimos anos, Adriano Gannam alimentou um desejo: sair mundo afora em busca de experiências, muito mais do que viagens para destinos comuns, a fim de descobrir mais sobre o comportamento humano, novas culturas, e por que não, novas paisagens? Já viajou por mais de 30 países. Já esteve em cenário de guerra, já esteve perto de um vulcão, além de muitas outras oportunidades onde precisou rever seus conceitos humanos. Apaixonado pela fotografia documental, que trabalha o registro artístico ou cultural de um momento, com seu olhar atencioso e comprometido, cada foto conta uma história. Em cada lugar, percebe como o ser humano é diverso e como a cultura influência a vida de cada um.
Viver o programa No Limite precisava entrar para esse currículo. Segundo ele, que já trabalhou em cadeia, em hospital psiquiátrico e viveu diversificadas experiências em viagens, participar do ‘No Limite’ foi uma das mais incríveis experiências da vida e completamente diferente de tudo que já viveu. Oportunidade para poucos e somente para quem deseja encarar os próprios desafios. “Eu não me arrependo de nada do que eu fiz durante o programa. Penso que me posicionei da forma que deveria em todos os momentos. Talvez, o que eu pudesse ter mudado seria a forma de conduzir a minha estratégia. Porque eu acabei me relacionando bem com todo mundo e isso fez com que eu perdesse um pouco do meu voto estratégico, principalmente na hora das votações. Mas esse sou eu, sou uma pessoa muito afetiva que se dá bem com todo mundo e se fizesse diferente não estaria sendo eu, eu estaria vivendo um personagem e essa não era minha intenção quando entrei no programa!”, explicou o médico psiquiatra. Adriano viveu oito dias participando ativamente de cada tarefa, jogando com garra, disposição e coragem nas provas e deixa claro para quem vai sua torcida, tanto na tribo lua, a qual fazia parte como na tribo sol, já que depois que saiu do programa, conseguiu acompanhar a todos os episódios. “Na tribo Lua, torço para duas pessoas que me representam, minha torcida vai para a Negresca e o Charles. A Negresca era uma grande aliada minha, mesmo no pouco tempo que tivemos, foi uma relação muito bonita ali dentro. Ela é uma pessoa maravilhosa. Costumo falar que Negresca é uma força da natureza, ela é incrível e a gente se ajudava muito ali dentro. Estávamos sentindo muita falta de casa, dos amigos e da família, e éramos um suporte um para o outro. Ela foi leal até o fim. Quando eu já sabia que ia sair, eu quis fazer uma estratégia com ela e com os meninos, de todos votarem em mim, porque desta forma ninguém do outro lado do grupo da tribo lua, saberia em quem eles iriam votar. Aí ela bateu o pé e falou: “falei que não ia votar em você e não vou votar em você. Não me peça isso!” Foi incrível. E o Charles é um cara extremamente equilibrado. Ele consegue equilibrar força, inteligência, estratégia, visão de grupo, além de ser um cara muito bacana, com uma história de vida incrível. Mas também tenho minha torcida para um integrante da tribo sol, que é o Pedro. Pelo que vejo no programa acredito que é um forte candidato a chegar à final”, alegou Adriano Gannam. | | O médico psiquiatra, afirma que em alguns momentos pensou em desistir, já que não conseguia dormir. Inclusive, foi uma das coisas que o surpreendeu. “Eu não tinha noção de quanto a falta de sono iria interferir. Eu sabia que eu estava preparado para a questão de fome, as questões físicas e as outras dificuldades que eu enfrentei ali. Mas a falta de sono e a falta de silêncio interferiram em mim e no meu comportamento, mas não desisti porque tinha consciência que me propus a entrar ali e ir até o fim. Nós só tínhamos aquele espaço para ficar, e as pessoas falavam o dia inteiro, já que, a noite não conseguiam dormir com os insetos e a falta de conforto. Foram oito dias que passei a noite em claro, e nunca tinha vivido essa experiência. Moro em uma região mais afastada da cidade, justamente porque prezo o silêncio, e lá não vivi isso em nenhum momento. E na verdade, acredito que até isso foi um aprendizado para mim. Agora entendo quando meus pacientes chegam ao consultório, falando que não conseguem dormir, que a falta de sono muda o humor deles, sente na pele o que eles vivem, inclusive recebi vários recados via redes sociais dos meus pacientes falando justamente isso. Que agora sei o que eles vivem. Meus pacientes estão sempre me ensinado”; afirma ele.
Mas as aprendizagens não param por aí. Gannam conta que a primeira coisa que fez quando chegou em casa foi assistir aos episódios do programa, e percebeu que a condução da tribo lua é diferente da tribo sol. E que, inclusive se pudesse queria ter mudado de tribo, já que percebeu que a tribo sol valoriza mais as pessoas, diferente da equipe lua que foca nas questões de força dos participantes. Outro ponto, que fez ele repensar foi sobre algo que o marido sempre o alerta. “Agora vou ouvir mais o Marlos, meu marido, e procurar colocar em prática algo que ele sempre fala para mim, que é sobre não confiar demais nas pessoas. Sou psiquiatra, trabalho com sigilo, sou leal não só aos meus pacientes, mas nas minhas amizades e relações em geral, percebi que diferente de mim, algumas pessoas não têm palavra. Tudo bem que ali era um jogo, mas algumas questões percebi como deslealdade e falta de caráter”, justificou. Ele explica ainda que, sua intenção ao se inscrever e entrar no programa foram motivadas por três situações: “A primeira delas, é que quem me conhece sabe que amo um desafio e queria saber como eu viveria fora da zona de conforto. Por mais que já tenha vivido muita coisa que poucos tiveram a oportunidade de viver, desta vez foi tudo diferente, uma situação totalmente adversa, conviver 24h com pessoas completamente diferentes de você, com pensamentos diferentes, além de viver o tempo todo em competição. Passar fome, frio, calor, sede, sono, precisava viver isso. Além, é claro, o prêmio com o valor de 500 mil reais também me interessava. E, queria apresentar ao público as minhas histórias de superação. Acredito inclusive que esse foi um dos motivos pelo qual me escolheram. Aos 20 anos tive uma forte depressão, estava terminando a faculdade de medicina, e foi isso que me fez escolher a psiquiatria, ou a profissão me escolheu, hoje não me vejo fazendo outra coisa, sou feliz em saber que posso através da minha experiência de vida e de estudo apresentar as pessoas que estão passando por essa doença que é possível transformá-la em vitória. Já passei por um relacionamento abusivo por alguns anos, e consegui me reestabelecer emocionalmente. Tive síndrome de Burnout de tanto trabalhar e aprendi a conviver com as limitações da síndrome. E quando achei que já tinha enfrentado muitas questões, em 2015 tive um câncer de intestino, mas depois de cinco anos tive alta. Era essa a mensagem mais importante que eu queria passar. É possível vencer as suas lutas. É possível!”, emocionado contou ele. | | E para finalizar, ele deixou claro que ele não estava no programa como um psiquiatra, que durante todos os dias, estava ali como o Adriano, mas sabe que o fato de ser psiquiatra acabou sendo muito determinante ali dentro. “Foi o fato de ser um psiquiatra que fez com que eu enxergasse a mensagem vindo dentro daquele discurso da Shirley. Acredito que, se eu não exercesse essa profissão, deixaria passar, como muita gente deixou. E ainda bem que eu percebi, e me posicionei, recebi muito apoio e carinho do público fora do programa, por conta dos meus posicionamentos, e confesso que nunca esperei que isso fosse acontecer. Por isso, eu reforço e repito, é possível!”, enfatizou Adriano Gannam. |
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