Mesclando romance histórico com contos de aventura, a jornada do protagonista começa em 1935, na cidade portuária de Aden, no Iêmen. Munido apenas de um amuleto recheado com cem rúpias deixado pela mãe, o menino decide gastar as escassas economias na busca pelo pai que nunca conheceu.
Assim se inicia a diáspora de Jama de mais de mil léguas até o Egito. De trem, caminhão, navio e, principalmente, a pé, o garoto passa de uma cidade para outra e se depara com as forças fascistas italianas que controlam partes da África Oriental. Durante essa peregrinação, ele é apanhado pela indiferente e opressora máquina da guerra e testemunha cenas de grande brutalidade, mas também profunda humanidade.
Publicada originalmente em 2010 e enviada para os mais de 30 mil associados da TAG Inéditos em novembro de 2021, a obra é a estreia de Nadifa Mohamed no mercado literário. Com ela, a autora ganhou o prêmio Betty Trask, foi cotada para o Prêmio Orange e indicada aos prêmios Guardian First Book, Dylan Thomas, John Llewellyn Rhys e PEN/Open Book Award.
Em 2013, Nadifa foi nomeada pela revista britânica Granta como uma das melhores jovens romancistas britânicas e, em 2021, foi finalista do Booker Prize com o livro The fortune men, que será publicado em breve no Brasil pela Tordesilhas Livros. Com tradução de Marina Della Valle, o projeto gráfico foi assinado pela designer Letícia Quintilhano, também responsável pela capa de O pomar das almas perdidas, outra obra de Nadifa, publicada em nova edição em outubro pela casa editorial.
Sob o viés somali, Menino mamba-negra evidencia como os conflitos da Segunda Guerra Mundial em território africano foram cruéis e os impactos para seus povos. No entanto, se por um lado a narrativa é marcada por passagens difíceis, onde Jama tenta escapar da violência, da fome e da morte, por outro, Nadifa Mohamed acrescenta pequenas doses de esperança por meio de um lirismo cativante, fazendo da obra a celebração vibrante e comovente da história da própria família.
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