Mercado prevê crescimento de 40% no setor glúten free até 2024
Chef de cozinha Ieda Lara confirma crescimento
da procura por alimentação sem glúten
A dieta sem presença do glúten, também chamada de glúten free, tem sido a escolha não apenas do público celíaco, cujo organismo não digere o glúten, mas também de quem busca por uma alimentação natural e mais saudável.
A observação é da chef de cozinha Ieda Lara, que desde 2010 percebeu essa necessidade e desde então vem se especializando em desenvolver cardápios glúten free. “Atuando como chef consultora em todo território nacional, principalmente na rede hoteleira, notei o aumento de pessoas com intolerância ao glúten e celíacas", aponta. Ela conta que
Indo ao encontro desse crescente mercado, segundo pesquisa realizada pela consultoria internacional Euromonitor, o setor deve apresentar expansão de 40% até 2024. Atualmente o Brasil é o 4º colocado em consumo de alimentos saudáveis no ranking global e movimenta US$ 35 bilhões por ano, de acordo com o mesmo estudo.
Ieda Lara é chef de cozinha desde 2005 e reúne experiência liderando cozinhas famosas em todo território nacional, como a do consagrado Restaurante Alfredo di Roma (franquia italiana), e a de hotéis, como Vila Germânica. Ao longo dos 17 anos de atuação, Ieda se especializou em alimentação vegana e glúten free cuisine, criando pratos autorais que levam sua assinatura.
Entre os mais solicitados, estão aqueles com ingredientes nutritivos veganos e com total reaproveitamento dos alimentos, como cascas e sementes, a exemplo do quibe de casca de banana e quinoa. Com esse perfil e a defesa dessa causa, foi selecionada para o programa Masterchef Profissionais em 2018.
Visita de imersão aos EUA
Para aperfeiçoar sua técnica, Ieda fez visitas de imersão a restaurantes e cafés na Califórnia (Estados Unidos), um dos locais americanos que mais valorizam o conceito de health food, glúten free e veganismo.
“Fui buscar mais conhecimento sobre esse assunto e, mesmo os californianos tendo muito interesse por essa dieta, encontrei poucos locais que oferecessem esse serviço com a segurança alimentar de que necessita esse tipo de cozinha”, informa.
Cuidados especiais para evitar contaminação cruzada
A chef de cozinha explica que, para ser considerada totalmente sem glúten e segura para os celíacos, nenhum outro tipo de alimento pode ser feito ou manipulado na mesma cozinha devido a um fenômeno chamado contaminação cruzada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população é celíaca e não faz a digestão dessa proteína.
“Existe uma diferença muito grande entre as pessoas que aderiram a uma alimentação sem glúten daquelas que portam a doença celíaca, que demandam cuidados especiais. Em vários Estados já existem associações de celíacos que orientam sobre a importância dos cuidados. A ACELPAR (Associação Paranaense de Celíacos) foi a primeira delas e uma das mais importantes entidades que certificam os restaurantes 100% glúten free”, aponta.
Muitas horas de laboratório para formular receitas tradicionais sem glúten
Um dos maiores desafios de atuar como chef de cozinha sem o glúten é justamente a elasticidade e a textura que essa proteína confere às massas. “Foram muitas horas de laboratório e pesquisa para entender como preparar receitas tradicionais sem perder o sabor e a textura”.
Para substituir a farinha de trigo, ela utiliza uma mistura de diversas farinhas, que variam bastante, dependendo do preparo. Atualmente, podemos encontrar farinhas de todos os tipos, como arroz, batata, milho, feijão, banana, coco, entre outras. “A cozinha glúten free é autoral, porque cada prato demanda um determinado mix de farinhas e a quantidade certa para que a receita não perca sabor nem textura”, ensina a chef.
Entre os alimentos, o mais desafiador é igualar o sabor do pão tradicional, item que as pessoas mais sentem falta na dieta glúten free. “Por isso, dediquei muitas horas de laboratório para elaborar a receita que uso nas minhas preparações”, conclui.
Ieda compartilha uma das receitas que faz mais sucesso entre seus clientes, pão sem glúten
Ingredientes
15g de de fermento biológico para pão
1 colher de sopa de açúcar
2 copos americanos de leite ou água, levemente aquecidos
250 g de farinha de arroz
80 g sopa de polvilho doce
30 g de amido de milho
60 g de fécula de batata
2 ovos inteiros
40 g de manteiga ou azeite de oliva
1 colher de café de sal
1 colher de café de goma xantana
1 colher de sopa de vinagre de maçã
Modo de Preparo
Na batedeira coloque todos os ingredientes líquidos
Em outro bowl peneire todos os ingredientes secos.
Comece a bater em velocidade baixa com o batedor de gancho e vá juntando aos poucos os ingredientes secos.
Bata bem até ficar uma massa bem lisa e homogênea (a massa fica bem mole)
Unte e enfarinhe bem uma forma de pão
Com a ajuda de uma espátula coloque a massa na forma
Alise a superfície do pão com as mãos untadas com azeite ou manteiga
Polvilhar gergelim (opcional)
Deixe crescer (pode ser dentro do forno DESLIGADO)
Aqueça o forno a 180 graus por 15 minutos
Asse o pão por 30 minutos ou até estar bem dourado.
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