quarta-feira, 9 de março de 2022

Beleza Pura

 

Perdemos o medo e a vergonha de assumir nossas plásticas?

Celebridades falam abertamente sobre seus novos rostos no Instagram, criam lives, tiram fotos e contam o passo a passo das cirurgias. Nos consultórios, pacientes ‘desistem’ de sair pela porta dos fundos após procedimentos - é a nova era onde assumimos com clareza as escolhas pessoais

cirurgia plástica

São Paulo – /2022 - Diversas entrevistas recentes de famosos dão o tom de uma mudança que vem acompanhando diversos setores da sociedade: quando o assunto é tratamento estético, agora estamos em uma nova era onde assumimos com clareza as escolhas pessoas. 


O famoso designer Marc Jacobs fez um verdadeiro tour sobre sua cirurgia de facelift, postando inclusive fotos da sua recuperação; a rapper Cardi B fala abertamente sobre como seu corpo foi moldado pelo bisturi; já Cindy Crawford e Katy Perry são amantes dos preenchimentos. “Entramos em um momento de verdadeira transparência de beleza. Toxina botulínica, preenchimentos, lipoaspiração e até mesmo cirurgia plástica não são mais segredos vergonhosos; eles se tornaram um assunto comum para jantares, conversas em grupos de whatsapp - e até mesmo entrevistas com celebridades. Ninguém está defendendo que outras pessoas façam procedimentos, mas agora elas falam abertamente sobre o assunto, assumem suas escolhas pessoais, abrindo a cortina sobre o que foi, por anos, um tema tabu”, diz o Dr. Mário Farinazzo, cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

O fim da vergonha em assumir os retoques pode ser parte de uma mudança social mais ampla. Mulheres mais velhas assumem seus fios grisalhos, mas exibem o “melhor cabelo grisalho que alguém pode ter”; o mesmo movimento vimos recentemente com a briga pelo termo “anti-aging”, em um período em que está tudo bem ter rugas – e também tudo ok se você optar por um lifting. “No entanto, é bom lembrar que qualquer procedimento não é apenas uma escolha profundamente pessoal, mas também uma decisão médica que não deve ser tomada levianamente”, diz o Dr. Mário. O médico relata que os pacientes também perderam o medo das cirurgias. A aparência artificial, um dos maiores temores, é hoje mais associada aos preenchimentos injetáveis malfeitos do que ao bisturi.

O cirurgião plástico também enfatiza que a pandemia de Covid-19 ampliou a tendência de as pessoas se abrirem sobre o que estão fazendo, porque o isolamento lhes deu tempo para refletir. “Os anos de isolamento culminaram em uma busca das pessoas para viverem a vida tal como desejam. Elas querem fazer o que deixaram de fazer e se reconectar com o que as deixam felizes. Nesse sentido, você tem todo o direito de ser atraente e gostar da sua aparência. Também acho muito saudável que se elimine o fator vergonha. Todos somos afetados pela gravidade à medida que envelhecemos – e por uma série de mudanças hormonais”, diz o médico.

            Quanto aos procedimentos não invasivos, hoje eles são apenas mais uma ferramenta no “kit de maquiagem”. As celebridades também cansaram de perpetuar mentiras sobre a poção mágica, o elixir da juventude e todas essas baboseiras para conferir a um creme dermocosmético um poder de rejuvenescimento que ele nunca conseguiria entregar. “Pacientes que acreditaram nesse tipo de marketing, e não viram resultado, decidiram por procedimentos estéticos invasivos e não invasivos e gostam de propagar essa ideia de que realmente é esse procedimento que irá resolver”, diz o cirurgião plástico. “Eles gostariam que alguém tivessem lhes dito isso antes.”

Mesmo antes da pandemia, a crescente onipresença de tratamentos cosméticos, especialmente os injetáveis, também contribuiu para um diálogo mais aberto. “À medida que os procedimentos se tornam mais refinados e os resultados fazem você parecer revigorado e rejuvenescido em vez de deformado ou inflado, não é mais constrangedor. Todos esses procedimentos devem ser vistos como etapas positivas. Desde que algo possa melhorar sua qualidade de vida, não há razão para se intimidar em falar sobre isso com amigos e familiares. Você está lidando com as mudanças que acontecem conforme você envelhece, não mudando quem você é”, enfatiza.

            Essa é uma tendência, segundo o especialista. “A ideia é deixar o paciente, literalmente, mais confortável em sua própria pele. Eles se sentem mais confiantes. O incômodo some. E é perfeitamente agradável contar a outras pessoas sobre isso”, finaliza o médico.

FONTE:

*DR. MÁRIO FARINAZZO: Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rinoplasthy™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros.

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