Nós podemos viver sem energia e internet, mas não sem comida" Apelo de moradora de Almirante Tamandaré (PR) reflete dificuldades impostas pela pandemia; escolas têm sido referências para auxílios solidários Desde que começou a pandemia, Juliana Maria Custódio, de 39 anos, não conseguiu mais emprego. Moradora de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, a diarista sustenta os três filhos com a ajuda de programas sociais e, principalmente, graças ao suporte da escola na qual as crianças estão matriculadas (Marista Escola Social Ecológica). Juliana é uma das 14,8 milhões de pessoas que buscam por uma oportunidade no mercado de trabalho no Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em julho deste ano. Ela tentou encontrar outras atividades durante a pandemia, quando a principal preocupação foi a fome. “Nós podemos viver sem energia, sem internet, sem celular, sem outros tipos de gasto, mas não sem comida”, ressalta. Para ela, que sempre esteve ativa no mercado de trabalho, o momento foi de reflexão. “Para quem sempre trabalhou e trouxe sustento para a casa, fica ainda mais difícil se sentir de mãos atadas. E, nesse cenário, eu busquei ajuda com amigos, família, mas o apoio mesmo veio da escola das crianças, que promove ações solidárias continuamente para nos dar auxílio nesse momento”, conta. Em São Paulo, na casa de Gisele Jesus Barbosa, de 35 anos, a história se repete. Sem uma atividade remunerada desde os primeiros meses de 2020, Gisele busca formas de sustentar os cinco filhos. “Quando todos estavam estudando no formato presencial, tínhamos somente a última refeição do dia em casa. Então, o café da manhã, almoço e lanche eram feitos na escola e o meu compromisso era garantir o jantar. Agora, com todos em casa e com o aumento do preço dos alimentos, preciso recorrer às cestas básicas doadas pela escola (Marista Escola Ir Lourenço) para garantir o alimento na mesa”, explica. Solidariedade que alimenta De acordo com um estudo recente da Unicef, desde o início da crise da covid-19, 27 milhões de brasileiros deixaram de comer em algum momento porque não havia dinheiro para comprar comida. Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, no Brasil, a estimativa é que mais de 49 milhões de pessoas vivam em situação de insegurança alimentar moderada ou severa, o que significa que elas deixaram de se alimentar por falta de comida ou que a qualidade da alimentação piorou nos últimos anos. E para dar suporte aos afetados por essa crise, a solidariedade assume um papel essencial. Nos casos de Juliana e Gisele, o apoio veio das Escolas Sociais mantidas pelo Grupo Marista. Os espaços, que eram referências para os filhos em projetos de literatura e teatro, além do currículo tradicional, se tornaram pontos de apoio em outras necessidades da família. “Eu passei por momentos muito difíceis. Se não fosse a cesta básica entregue pela escola, não teria nada para comer em casa”, relata Gisele. Para Juliana, a lição é que sempre é possível ajudar. “Para quem pode contribuir com campanhas solidárias, peço que participe. O pouco de alguns é o que faz a diferença para a minha família”, destaca. Quando o amor resiste, a fome desiste Desde o início da pandemia, o Grupo Marista realiza campanhas de arrecadação de mantimentos para as famílias atendidas. Com as ações realizadas, foram distribuídas mais de 16 toneladas de alimentos e produtos de limpeza e higiene para 2.100 famílias que vivem em comunidades vulneráveis. No entanto, os desafios permanecem. Com o objetivo de ajudar as famílias dos alunos das escolas sociais por um período mais longo, o Grupo Marista iniciou em agosto uma campanha de arrecadação para aquisição de cestas básicas e material de higiene pessoal. “Nosso objetivo é levantar pelo menos R$ 360 mil para ajudar as famílias mais vulneráveis com cestas mensais, até o início de 2022. E, se conseguirmos superar essa meta, vamos ampliar a doação para todas as crianças atendidas”, ressalta o gerente de captação de recursos do Grupo Marista, Rodolfo Schneider. Em média, cada família é composta por quatro integrantes, mas o número é variável e algumas são mais numerosas. Presente em comunidades de 16 cidades, as escolas sociais oferecem ensino básico (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio), incluindo atividades no contraturno escolar, transformando os espaços em um ambiente seguro e de educação para as comunidades. As equipes buscam a formação solidária e ética das crianças e adolescentes atendidos, incentivando o protagonismo dos jovens dentro e fora do ambiente escolar, com o objetivo de impactar positivamente a sociedade. Com o mote “Quando o amor resiste, a fome desiste”, a campanha de arrecadação segue até o dia 20 de setembro, com doações feitas pela plataforma: www.solidariedadematafome.com.
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