O Museu Oscar Niemeyer (MON) abriu, no final de agosto, a exposição de longa duração África Expressões Artísticas de um Continente. O curador Renato Araújo, especialista em arte africana, faz um recorte das 1.700 peças provenientes da Coleção Ivani e Jorge Yunes, doadas recentemente à instituição sediada em Curitiba. São máscaras, estatuetas, bustos, miniaturas, objetos do cotidiano, instrumentos musicais e um grande número de outras peças que têm origem em países como Costa do Marfim, Mali, Nigéria, Camarões, Gabão, Angola, República Democrática do Congo, Moçambique, entre outros. Como a diretora do museu Juliana Vosnika destaca, o MON prioritariamente coleciona arte brasileira e busca se expandir fora do eurocentrismo, voltando-se para as artes latino-americana, asiática e africana.
Segundo o curador, o amor e a ânsia pelo belo, o amor e o temor à natureza e aos deuses e o destemido apreço à civilização foram tão caros às nações africanas que indistintamente distribuíram e reputaram a todos os aspectos da existência, contraditórios ou não, alguma forma de manifestação artística. “Como as artes demarcam as formas de um tempo, a exposição apresenta, assim, um dos pontos essenciais da transição do desenvolvimento das artes africanas mais antigas, desde a sua retirada do continente e a posterior descontextualização de seus significados intrínsecos, vistos no mundo moderno e contemporâneo a partir de uma ênfase em suas formas artísticas”. Araújo ressalta que a arte africana, antes restrita aos museus europeus enquanto objetos de culturas milenares ditas tradicionais, hoje as obras legadas da África puderam se conformar ao fazer artístico da atualidade, oferecendo ao mundo todo a chamada “arte tradicional africana contemporânea”, como é conhecida pelos especialistas. “Essas obras são instrumentos de modernização recentes e autênticos das artes populares africanas ou ainda reproduções modernas das antigas peças destinadas sobretudo aos mercados emergentes nos trópicos”. “Com a exposição de objetos de heranças culturais tão distintas, encontramos aqui um importante ponto em comum: dentro do museu, essas artes são elevadas a uma mesma plataforma artística, igualando a arte africana ao patamar da arte mundial. Eis uma maneira de honrar a ancestralidade visual do passado e de abrir os novos plantios, rotas e perspectivas dessa arte no futuro”, completa Araújo. Sobre o curador Renato Araújo da Silva é historiador em filosofia pela Universidade São Paulo, coautor, entre outros trabalhos publicados, do livro “África em Artes”. Curador e pesquisador, atuou no Museu Afro e realizou outras exposições como o de Arte Sacra de São Paulo. Sobre o MON O Museu Oscar Niemeyer pertence ao Estado do Paraná. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas artes de artes visuais, arquitetura e design, além da mais significativa coleção asiática da América Latina. No total o acervo conta com mais de 9 mil peças abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construídas, sendo 17 mil para exposições, o que torna o MON o maior museu de arte da América-Latina. Os principais patrocinadores da instituição são: Copel, Sanepar, Grupo volvo América latina e Moinho Anaconda. Sobre a Coleção Ivani e Jorge Yunes Construída ao longo de 50 anos pelo casal, a coleção é composta por peças que abarcam vinte e dois séculos de história, cinco continentes, técnicas e suportes os mais diversos. Desde 2017, a filha Beatriz Yunes Guarita coordena uma equipe de profissionais dedicados à catalogação e pesquisa de cada área do acervo, sua conservação e gestão. Exposição: África, Expressões Artísticas de um acervo A partir de agosto de 2021, a coleção ficará em exposição permanente, com diferentes recortes. De terça a domingo, das 10h às 18h Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 – Curitiba – Paraná. |
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