Dia dos Pais: data renova esperança de pais que enfrentaram a covid-19 longe da família.
Pacientes que passaram meses no hospital comemoram nova chance com filhos; cuidados devem fazer parte das celebrações
O comerciante Ramilto Lima passou o domingo do Dia dos Pais de 2020 parado em frente ao Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), pensando no filho, o advogado Guilherme Kovalski, que estava internado na UTI com quadro grave de covid-19. “Meu coração estava muito angustiado”, relembra. Já o filho, que havia sido intubado no dia 28 de julho, lutava pela vida para ter a chance de comemorar a data deste ano junto do pai e das duas filhas, Letícia e Larissa.
Na mesma UTI, um dia antes, o farmacêutico Raphael Sant’Anna pedia ao médico - nos momentos que antecederam a intubação - que prometesse que estaria junto da filha para passar o Dia dos Pais em 2021. “Saber que a gente precisa ser intubado dá muito medo. Medo de não poder ver e ficar próximo de quem a gente mais ama”, diz. Após um ano, esse pedido do Raphael continua emocionando o intensivista Jarbas da Silva Motta Júnior, que realizou o procedimento e estava com os dois filhos pequenos em casa esperando o pai após um longo plantão.
“A pandemia nos trouxe muitas perdas e histórias de superação, muitas delas familiares. Não tem como deixar de nos alegrar a cada alta. De ser grato a cada pai que reencontra o filho ou volta para a família. Eu já sofri todas as incertezas e medos da doença quando meu pai ficou internado por mais de 30 dias na UTI com covid e sei que não é nada fácil”, conta o médico.
Recomeço depois de sete meses
Para essas e milhares de outras famílias, o Dia dos Pais deste ano tem uma dimensão maior. Poder estar perto dos filhos, recuperados da covid-19, é o presente que eles mais desejavam no ano passado. “Costumo dizer que a covid é uma doença muito traiçoeira. Ano passado eu não acompanhei o Dia dos Pais, das Crianças, Natal. Quando fui internado, a minha filha mais nova mal sabia andar. Na minha alta ela já corria e a mais velha já sabia nadar”, relembra Guilherme, que ficou sete meses internado para se recuperar das complicações da doença. “Não sei dizer quantos dias passei parado em frente ao hospital pedindo a Deus para curar o meu filho. Ano passado a equipe médica estava cuidando dele. Esse ano, quero retomar o meu papel de pai, de cuidar e estar perto”, se emociona Ramilto.
Cuidados
Mesmo com uma redução no número de casos da covid, os especialistas afirmam que ainda não é hora para diminuir os cuidados como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento. “Muitos pais já receberam a vacina da covid-19, mas não é hora de afrouxar os cuidados. A vacina protege dos casos graves da doença, mas não significa que o vírus deixa de ser transmitido. Por isso, os cuidados para evitar reunir pessoas fora do convívio diário, fazer as refeições em locais ventilados, não compartilhar talheres e copos devem continuar”, ressalta a infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, Camila Ahrens.
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