segunda-feira, 3 de maio de 2021

Política

 

Governo palestino tenta responsabilizar Israel por seu fracasso político e adiamento das eleições para o Conselho Nacional Palestino

Adiamento das eleições deve-se ao medo do atual presidente palestino de perder as eleições, afirma André Lajst, da ONG StandWithUs Brasil

Foto: Mahmoud Abbas, presidente palestino, responsabilizou Israel pelo adiamento das eleições do Conselho Nacional Palestino.

 

As eleições para o Conselho Nacional Palestino, que deveriam acontecer no próximo mês de maio, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, foram adiadas por ordem do presidente palestino Mahmoud Abbas. Apesar dele ter colocado a responsabilidade em Israel, alegando que os israelenses proibiram a participação dos residentes palestinos de Jerusalém Oriental nestas eleições, a verdade sobre o adiamento é outra.



Desde os acordos de Oslo, Israel permite que os palestinos residentes em Jerusalém Oriental, em torno de 10 mil,  votem nas eleições palestinas. Desta vez não foi diferente. De acordo com os acordos de 1995, a Autoridade Palestina não pode operar eleições na capital Israelense, porém os eleitores palestinos podem depositar seu voto através dos correios de Israel e, segundo Lajst,  isso também estava acertado para as eleições deste ano. 


'’A desculpa de Abbas, acusando Israel de ser o responsável por adiar as eleições, na verdade esconde o medo do próprio presidente palestino e do seu partido, o Fatah, de perderem as eleições para grupos e lideranças políticas distintas, inclusive para o Hamas",  afirma André Lajst, cientista político e diretor executivo da StandWithUs Brasil.  De fato, Abbas tem oposição dentro do próprio Fatah, como Mohammed Dahlan, líder palestino que vive nos Emirados Árabes, considerado moderado e próximo dos israelenses, ou Marwan Barghouti, terrorista do Fatah preso em Israel por envolvimento em diversos atentados terroristas durante a segunda intifada palestina (2000-2005) além de, claro, o Hamas, que abocanhou grande parte das 127 cadeiras do Conselho Nacional Palestino nas últimas eleições, em 2006. Logo após estas eleições, o Hamas expulsou os oficiais do Fatah da Faixa de Gaza e assassinou em torno de 120 homens do partido de Abbas, em um dos capítulos mais sangrentos da disputa por poder na política palestina.


Segundo Lajst, Abbas, sabendo que sua declaração -  que coloca a culpa em Israel - pode desencadear uma onda de violência e protestos, além de instigar o Hamas e outros grupos terroristas palestinos na Faixa de Gaza a atirar foguetes contra Israel, o que poderia levar a um conflito armado na região, tomou algumas providências:  enviou ontem dois oficiais próximos a ele para o Egito e Catar, com o intuito de tentar convencer o Hamas a não utilizar nenhum meio violento após o anúncio do adiamento das eleições. 


Para piorar, Jibril Rajoub, liderança palestina na Cisjordânia e opositor a Abbas, já declarou que é contra o adiamento. "É muito importante frisar que Israel não tem nenhum poder de decisão sobre as eleições palestinas ou sobre a decisão de adiá-las. A declaração de Abbas coincide com diversas acusações do governo palestino à Israel.  Este, no poder há 14 anos, dos quais 10 anos sem eleições, tenta, desesperadamente, terceirizar a responsabilidade do seu próprio fracasso político para Israel",  conclui Lajst.


Sobre a StandWithUs Brasil


A StandWithUs é uma instituição educacional sem fins lucrativos dedicada ao ensino de pessoas de todas as idades sobre Israel, Oriente Médio, e ao combate do extremismo e do antissemitismo, com o intuito de promover a paz na região.​


Com sede em Los Angeles, a organização possui dezoito escritórios em todo os EUA, além de bases no Canadá, Israel, Reino Unido e, desde 2018, no Brasil. Conta também com um centro educacional em Jerusalém e hospeda programas na América Latina, África do Sul, China, Europa e Austrália.


Por meio de campanhas, materiais didáticos e palestrantes, a ONG alcança milhões de pessoas em todo o mundo, com uma multiplicidade de plataformas em 18 idiomas diferentes.

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