Arquiteta dá dicas para superar dificuldades com home office e homeschooling em apartamentos compactos.
Especialista aponta estratégias viáveis para uso dos espaços da casa em tempos de atividades remotas
Cenas de crianças aparecendo no meio da reunião virtual ou irmãos disputando espaço durante uma aula on-line se tornaram corriqueiras durante a pandemia da Covid-19, que já dura mais de um ano. Diante de tantos obstáculos existentes, a frase “fique em casa” ainda não tem prazo para terminar. Quando existe um espaço para cada membro da família, a situação fica mais fácil de ser resolvida. Mas, como distribuir várias pessoas em um espaço menor como dos apartamentos compactos?
Segundo a arquiteta Cristina Cardoso, responsável pelos apartamentos decorados da construtora Yticon, é possível recorrer a algumas estratégias (permanentes ou paliativas) para viver em harmonia familiar em apartamentos com menos de 50 metros quadrados. “De um dia para outro tivemos que reestruturar nossas rotinas e nossas casas, seja para o trabalho ou estudos. Não é todo mundo que pode realizar grandes investimentos em móveis planejados ou reformas maiores sem ter previsão no orçamento. Então, o jeito é recorrer à criatividade para garantir um pouco mais de privacidade nesses tempos de atividades remotas”, diz.
Estudos em casa
Para as crianças e adolescentes, ela indica um espaço determinado para estudar, que seja livre de circulação de pessoas ou de distrações, como a televisão ou brinquedos. “Mesmo antes da pandemia, já recomendava aos pais que estabelecessem um local de estudos no próprio quarto ou num cômodo específico. O ideal é ter, pelo menos, uma bancada e uma cadeira confortável", destaca.
Em quarto dividido entre irmãos, a sugestão da especialista é o beliche em formato “L”, ou a cama na parte superior da parede, pois dessa forma é possível aproveitar mais o espaço que fica abaixo da cama, como no caso do empreendimento Solar di Ravello, de 44 metros quadrados. “Este espaço pode ser utilizado tanto para os estudos como para lazer.”
Para ajudar no ensino das atividades escolares, ela recomenda a aplicação de tinta em uma parte da parede, adesivos específicos ou vidro para ser usado como lousa. “Esta é uma alternativa extremamente em conta que ajuda pais e filhos na hora das lições e para tirar dúvidas”, exemplifica. Este espaço, inclusive, pode ser usado como quadro de avisos com a rotina. “Pode ser um simples pedaço de cartolina, em que são estabelecidas atividades e horários.”
Móveis multifuncionais e retráteis
No quesito aproveitamento de espaços, ela pontua que existem outras ideias, desde uso total das paredes até partes de trás das portas. “Se não há possibilidade de fazer mais armários, prateleiras suspensas podem substituir esse móvel. Caixas grandes também podem ser usadas para guardar objetos embaixo da cama. Dessa forma, é possível utilizar algum espaço do quarto para colocar uma mesa dobrável, que fica recolhida nos momentos de circulação e montada na hora do trabalho ou estudo”, explica a arquiteta.
Segundo ela existem vários tipos de mesa retrátil ou dobrável, desde as que são fixas nas paredes, até as que são embutidas nos móveis. “Tudo vai depender da possibilidade de investimento financeiro e, claro, um pouco de criatividade.” Há modelos que são portas de armários e, quando puxadas, viram uma bancada; outras ficam guardadas em gavetas e seguem o mesmo princípio. Estes modelos, no entanto, são feitos sob medida.
Quarto adulto
Já no quarto adulto, Cristina sugere a troca de uma das mesas de cabeceira por uma mesa de apoio. “Esse móvel, quando bem utilizado, pode ser uma penteadeira e uma mesa de trabalho. É uma alternativa com dupla funcionalidade, viável financeiramente, e que ajuda quem precisa de mais privacidade na casa”, ressalta.
Para quem não pode investir no móvel, ela ainda apresenta outra possibilidade, como o uso de uma mesa móvel, com base metálica, que pode ser usada na cama ou no sofá. “Neste caso, estamos falando de uma possibilidade para ocasiões rápidas, emergenciais, e não para trabalhar o dia todo, pois não tem ergonomia adequada”, lembra.
Uso compartilhado do ambiente
Quem precisa dividir um cômodo com outra pessoa, como uma sala de jantar, por exemplo, as alternativas ficam mais restritas, mas podem ajudar a minimizar o impacto visual. “Existem biombos retráteis que simulam paredes ou divisórias da casa, alguns até com modelos retrôs. Neste acessório, não há um isolamento acústico, mas permite mais privacidade aos outros moradores da casa enquanto a câmera do computador estiver aberta ou, ainda, diminuir as distrações de movimentação das pessoas”, diz a arquiteta.
Outra alternativa viável e barata é a instalação de cortinas ou portas de correr. As cortinas podem ser colocadas com o sistema de trilho ou um simples varão. “Esta ideia também pode ser usada para quem precisa de um fundo neutro para a realização de lives, por exemplo”, pontua. Já para melhorar o isolamento acústico, ela sugere vedação de portas e janelas com fitas e borrachas amortecedoras, materiais que são acessíveis e fáceis de serem aplicados.
Já se o uso da mesa ou bancada for compartilhado, ou seja, duas pessoas usando o móvel ao mesmo tempo, a saída é ter muita organização e delimitação de espaço. Isso pode ser feito com uso de objetos simples de papelaria e escritório, como porta-canetas, blocos, escaninho, porta-livros. Esses acessórios podem ser feitos artesanalmente ou com reaproveitamento de materiais, como caixas e potes de plástico.
Ideias fáceis e econômicas
Em quartos usados como quarto de visitas, a arquiteta aponta possibilidades de adaptação. “Se há uma cama, o uso de almofadas como encosto já diminui a sensação de um quarto, pois fica mais parecido com um sofá e o ambiente se torna mais impessoal”, aponta.
Outra medida simples e barata é o investimento em iluminação. “A luz possui grande influência sobre o despertar de nossos corpos. Quanto mais branca a iluminação, melhor para um ambiente de trabalho ou estudo. Se este espaço é multiuso, um pendente, luminária ou filetes de LED acima da bancada ajudam muito, seja como peça decorativa, mas, principalmente, funcional”, aconselha Cristina.
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