“O ano que a Terra parou”, do jornalista Luciano Trigo chega às livrarias este mês
Obra analisa os acontecimentos que marcaram o ano de 2020, escondidos pelos debates enviesados e pelas discussões ideológicas
Quem poderia imaginar um ano em que tudo parou? A canção profética de Raul Seixas sempre pareceu a todos nós como uma fantasia divertida. Mas não foi. Uma pandemia se espalhou pelo planeta, matou mais de um milhão e meio de pessoas e impôs regras de confinamento social a populações inteiras, gerando recessão e desemprego em uma escala inimaginável. Mas isso não foi a única tragédia de 2020. Será esse o pior ano de todos os tempos?
A Faro Editorial lança este mês pelo selo Avis Rara, “O ano que a Terra parou”, do jornalista Luciano Trigo. O autor analisou os principais fatos que marcaram o ano, e conecta a feitos e eventos de outras épocas que nos oferecem um cenário do que realmente aconteceu, e como isso nos afetará nos anos vindouros.
Um ano que também ficará marcado pela escalada da insanidade provocada pela polarização política e pela consolidação de uma agenda que inclui a defesa da censura, a perseguição a adversários e, na prática, a ditadura de pequenos grupos de poder – tudo isso em nome da defesa da democracia.
Neste livro, Luciano Trigo examina o que há por trás das diferentes manifestações desse fenômeno na vida cotidiana, sempre buscando apontar caminhos para a sua superação. E alerta para os riscos decorrentes da erosão dos valores compartilhados, sem os quais nenhuma sociedade consegue sobreviver.
Uma leitura necessária para entender os tempos muito estranhos que estamos vivendo – e para manter o equilíbrio e a sanidade em meio à nova guerra de narrativas.
O autor responde:
Podemos afirmar que 2020 foi o pior ano de todos os tempos?
Seguramente houve muitos anos piores na História, em termos de volume de mortes e de sofrimento humano, bastando citar os anos do Holocausto nazista, do Holodomor stalinista e da Grande Fome chinesa, isso para ficarmos só nos genocídios do século 20. O que 2020 teve de peculiar foi lembrar à humanidade que, no fundo, ela não tem controle sobre nada nem garantia de nada, que a qualquer momento uma pandemia pode parar o planeta e provocar a morte de milhões de pessoas. A Covid-19 é um tapa na cara de uma sociedade que não passou por nenhuma das tragédias citadas acima e desaprendeu a lidar com o aspecto trágico da existência, daí o seu impacto psicológico e emocional brutal sobre as pessoas.
Acha que esse cenário ainda deve continuar? E quais seriam as piores consequências?
Vivemos um momento de grande otimismo em relação às vacinas, mas só o tempo dirá se elas são realmente eficazes e por quanto tempo, se surgirão novas mutações do coronavírus etc. Acho que o vírus não vai desaparecer, e que algumas mudanças vieram para ficar. Certamente vamos nos acomodar em algum tipo de normalidade, que será diferente da anterior, talvez isso seja questão de meses. Mas muito provavelmente a Covid-19 vai continuar fazendo vítimas, como outras doenças que não existiam até poucas décadas atrás, e com as quais aprendemos a conviver. O ser humano se adapta a tudo. Entre as consequências negativas está o aumento do controle da sociedade pelos governos, suprimindo-se liberdades individuais com o pretexto do combate à pandemia.
O que podemos esperar da sociedade daqui para frente?
O problema é que a pandemia de Copvid-19 não foi a única tragédia de 2020, ano que também ficou marcado pelo acirramento insano da polarização política, pela cultura do cancelamento, pela defesa da censura, pelo “ódio do bem”, pela vandalização de monumentos históricos e pelo que se convencionou chamar de “lacração”. Hoje vivemos uma verdadeira ditadura de grupos minoritários barulhentos, que impõem suas agendas a uma maioria silenciosa. A razão de viver desses grupos é impor sua vontade no grito, perseguindo e esfolando todos aqueles que discordarem.
Estudando possíveis cenários, o que você acha possível acontecer em 2021?
Ainda que contem com o apoio da grande mídia e do meio acadêmico, que continua totalmente dominado pelo pensamento de esquerda e progressista, muitas dessas agendas – as bandeiras identitárias, por exemplo – pela forma agressiva e intolerante como estão sendo conduzidas, podem acabar provocando uma reação das pessoas comuns, que estão vendo seus valores e crenças serem diariamente atacados. A eleição de Bolsonaro já foi, em parte, uma reação do Brasil real a pautas no campo dos costumes que são rejeitadas pela maioria dos brasileiros. O Brasil real é muito diferente da timeline das redes sociais dos professores, intelectuais e artistas. Mas é claro que o futuro desse governo e a possível reeleição de Bolsonaro dependerão, fundamentalmente, do desempenho da economia, como aliás acontece com todos os governos.
Ficha Técnica
Título: O ano em que a Terra parou
Nº de páginas: 256
Preço: R$ 49,90
Sobre o autor
Luciano Trigo é jornalista e escritor. É autor dos ensaios “O viajante imóvel – Machado de Assis e o Rio de Janeiro de seu tempo”, “Engenho e Memória – O Nordeste do açúcar na ficção de José Lins do Rego (premiado pela Academia Brasileira de Letras), “A grande feira – Uma reação ao vale-tudo na arte contemporânea” e “Guerra de narrativas – A crise política e a luta pelo controle do imaginário”. Também escreveu obras de ficção, de poesia e livros infantis. Mantém atualmente uma coluna sobre cultura e política na “Gazeta do Povo”.o fascismo ao lado dos trotskistas e anarquistas socialistas. Seus dois romances mais famosos, A revolução dos bichos e 1984, são tanto fruto de sua rica experiência de vida, como uma enfática condenação ao totalitarismo. Orwell morreu de tuberculose em Londres, em 1950
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