sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Efeito chamariz

 

Truque de marketing que torna vantajoso produto mais caro interfere também na dieta

Quando só o sanduíche custa R$18,00, mas o combo com batata e refrigerante tem o valor de R$ 20,00, a tendência é que você escolha a segunda opção, por ser mais vantajosa na questão do custo-benefício. Em marketing, isso é chamado de efeito chamariz. Mas isso atrapalha também sua dieta

Efeito Chamariz em combo de alimentos

São Paulo –  - Em algum momento da sua vida, você já deve ter se deparado com a situação de optar por “pagar mais” por um produto maior ou um combo por ser mais vantajoso. Isso em marketing é chamado “Efeito Chamariz” ou “Preço Isca” e existem diversos exemplos disso: ao comprar um café, por exemplo, geralmente pode escolher entre três tamanhos (pequeno, médio e grande), mas você já deve ter percebido que o médio costuma custar quase o mesmo preço do grande. Isso também é comum em fast-foods, com os combos. O sanduíche isolado é quase o mesmo valor do combo que inclui a batata e o refrigerante. Isso acontece em várias áreas do comércio, mas com relação ao setor de alimentação é necessário ficar atento para não atrapalhar a dieta. “O grande problema é consumir uma quantidade calórica a mais do que você precisa ou produtos alimentícios que vão além da sua vontade. 


Por exemplo, você pode desejar comer um sanduíche, mas já que a opção do combo é mais vantajosa, dessa forma você inclui na refeição um refrigerante, que é cheio de aditivos químicos que podem fazer mal ao metabolismo e à saúde como um todo”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

            Nem todas as pessoas são influenciadas pelo Efeito Chamariz. Segundo estudos, os hormônios também podem desempenhar um papel importante nessa influência. “Altos níveis de testosterona, por exemplo, geralmente tornam a pessoa mais impulsiva e, portanto, um candidato ideal para morder a isca”, diz a médica. “Se você está com vontade de comer um milk-shake, não há nada de errado nisso. Mas você deve colocar em primeiro lugar a sua dieta e saúde, não precisando escolher a opção maior apenas por ser mais vantajosa financeiramente se a diferença de valor entre ela a opção média ou pequena for mínima”, diz a médica.

Outras pessoas também são mais suscetíveis, principalmente com relação aos produtos alimentícios, são aquelas que fazem grandes restrições alimentares ou dietas malucas. Elas, quando se permitem uma ‘quebra’ na dieta, tendem a perder o autocontrole nessas situações. “Uma das respostas mais comuns à restrição dos alimentos é sair do controle. Quando elas se permitem comer um bolo ou um sanduíche, pensam que estragaram tudo e isso pode ser um gatilho para o descontrole: elas pensam que se já jogaram a dieta de hoje fora, podem comer ainda mais", diz ela. “Nessas situações, em que é vantajoso ter uma porção de alimentos maior, isso pode levar a consumir mais calorias do que você faria se apenas tivesse curtido comer algo saboroso sem ser tão emocionalmente carregado”, afirma a médica.

            Apesar de compensar financeiramente, a opção mais cara e maior não é a mais indicada para o seguimento de uma dieta equilibrada. “Comer um sanduíche também faz parte da alimentação normal e você sabe que nada de ruim vai acontecer se mantiver a moderação”, avisa a médica. “Mas você não precisa, porque quer um sanduíche, escolher também as batatas e refrigerante só porque são viáveis na questão do preço. Ao contrário de uma atitude de tudo ou nada, escolher de acordo com a vontade ajuda a manter o hábito saudável de boas escolhas alimentares”, enfatiza.

            Uma boa dica para escapar dessas situações é perguntar a si mesmo se você está realmente escolhendo a opção que vai atender as suas necessidades. “Fique sempre atento se você não está se distraindo com uma alternativa deliberadamente mais atraente no quesito preço”, finaliza a médica.

FONTE: *DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.


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