O Sebrae faz um alerta para que, na medida do possível, pequenos negócios do ramo de saúde, como clínicas médicas, psicológicas e de odontologia, estejam com o quadro financeiro em dia, sem se descuidar da saúde de funcionários e “clientes/pacientes”.
O atendimento em tempos de pandemia tem gerado preocupação no setor econômico. Estudo feito pelo Sebrae mostra que o avanço do Coronavírus exige que se tenha cuidado especial com a gestão, atendimento ao cliente e comunicação. As orientações são destinadas não apenas aos consultórios, mas, também, aos profissionais liberais que atuam na área, hoje uma das mais vulneráveis aos impactos da crise no país.
Na questão do atendimento aos pacientes, são necessárias algumas medidas para garantir a segurança e evitar a contaminação, tanto na área da recepção, como no consultório. A equipe de colaboradores deve estar preparada e com equipamentos de proteção individual, como máscara e luvas, pois, neste primeiro contato, não se sabe se o paciente está com problemas respiratórios ou outros sintomas. É necessário, ainda, garantir que pacientes e profissionais tenham acesso aos suprimentos para higiene das mãos nas entradas dos serviços de saúde, nas salas de espera e nas áreas de atendimento.
A comunicação visual, como o uso de placas, pôsteres e outros mecanismos, é uma estratégia de eficácia comprovada nos consultórios. A recomendação é colocar cartazes alertando pacientes com problemas respiratórios para que solicitem máscaras logo ao entrarem na recepção do estabelecimento.
Com relação à gestão, a consultora do Sebrae/PR, Simone Millan, orienta para a possibilidade de prorrogar prazos de pagamentos a fornecedores, assim como renegociar valores de aluguel, e reduzir custos fixos, como despesas com telefone, água e luz.
“Também é preciso ficar atento às normativas e orientações para o atendimento aos pacientes. É importante buscar essas informações em fontes seguras, como as próprias entidades de classe”, afirma. Ela acrescenta que a clínica ou consultório pode, ainda, reduzir as despesas com a folha de pagamento, como prevê medida provisória do governo federal. “Caso haja a necessidade de tomar crédito para capital de giro, recomendamos que os estabelecimentos procurem, antes, o Sebrae para receber orientações”, completa.
A coordenadora administrativa-financeira da Gastroclínica, em Londrina, Maria Pieroli, conta que o número de atendimentos foi reduzido desde o início da pandemia. Os pacientes passam por uma triagem por telefone para identificar a necessidade da consulta e evitar que pessoas do grupo de risco ou que apresentem sintomas de gripe vão até a clínica. Ao chegar para a consulta, o paciente passa por uma nova triagem na entrada, com a verificação da temperatura corporal por uma enfermeira. Todos são orientados a usar máscara.
“O paciente que apresentar alterações de temperatura ou sintomas de resfriado são isolados em um consultório para aguardar atendimento. Na sequência, o espaço é higienizado”, explica.
A clínica também tem usado placas com a palavra “reservado” para espaçar os acentos na sala de espera. Os colaboradores usam equipamentos de proteção individual e álcool gel é disponibilizado em todos os ambientes. A higiene do consultório foi intensificada e funcionários que se enquadram no grupo de risco, como pessoas com mais de 60 anos e gestantes, saíram de férias.
O estabelecimento ainda promoveu a redução da jornada de trabalho de parte da equipe e concentrou a realização de exames no período da manhã. “Estamos usando o banco de horas para não ter prejuízos nos salários e no atendimento ao público”, informa.
Na Urocore, Centro de Urologia em Londrina, o atendimento aos pacientes foi suspenso por duas semanas. A fisioterapeuta Alini Brozelini Cardoso Mati conta que, durante esse período, a clínica manteve ativos os canais de comunicação digitais e um número de telefone para atendimentos emergenciais. O trabalho está sendo retomado de forma gradual, com espaçamento de horários entre os pacientes e de forma a priorizar os casos mais urgentes.
“Somos em 11 profissionais e fizemos uma escala para termos, no máximo, quatro atendendo ao mesmo tempo. Separamos quatro salas para o paciente aguardar pelas consultas”, afirma. Além disso, os ambientes passam por constante higienização e álcool gel é disponibilizado a pacientes e colaboradores.
Para equilibrar as contas, Alini diz que foi necessário suspender alguns serviços extras oferecidos aos clientes, como acesso gratuito à internet, pesquisa de satisfação, assim como despesas com o gerenciamento das mídias sociais da clínica.
“Diminuímos a velocidade do nosso pacote de internet e assumi os conteúdos das redes sociais”, afirma. Duas funcionárias do grupo de risco tiraram férias e foi necessário fazer o desligamento de uma profissional contratada recentemente. A clínica também passou a oferecer o serviço de teleatendimento, via aplicativo, para pacientes que o solicitarem. Aos poucos, também tem retomado o atendimento, com a realização de triagem prévia e fornecimento de equipamentos de proteção individual aos colaboradores.
O Sebrae orienta que as empresas invistam em capacitação remota para os colaboradores e parceiros e estabeleçam horários de descanso, oferecendo serviços que facilitem a vida dos funcionários, como alimentação, fornecimento de roupas de trabalho, salas de repouso e instalações com chuveiros e facilidades para a higienização corporal ao entrar e ao sair dos plantões, por exemplo. Por fim, a entidade chama atenção para o uso racional dos insumos necessários ao atendimento, evitando o uso indevido, desperdícios e desabastecimento.
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