Pacientes transplantados e em recuperação de cirurgia bariátrica
precisam de cuidados especiais durante a quarentena
precisam de cuidados especiais durante a quarentena
Médicos do Hospital Angelina Caron orientam pacientes que passaram por cirurgias e estão em isolamento social.
Ansiedade e reganho de peso são os maiores vilões
Ansiedade e reganho de peso são os maiores vilões
Foto: Camila Dernis / Divulgação
Quarentena também é tempo de cuidados com a saúde física e mental, em especial para aquelas pessoas que passaram por procedimentos cirúrgicos. Pacientes transplantados ou que fizeram cirurgia bariátrica devem redobrar a atenção. O Hospital Angelina Caron (HAC) é referência nesses procedimentos e orienta esses pacientes a lidar da melhor forma com o isolamento social.
A equipe médica e de psicologia do HAC destaca a seguir algumas dicas que não podem ser deixadas de lado para o bem-estar dos pacientes.
Ansiedade e reganho de peso
“Para os pacientes bariátricos, o grande problema é ansiedade. Antes e depois da cirurgia. Isolados em casa, eles ficam ainda mais ansiosos e acabam ‘descontando’ na comida”, afirma o médico Pedro Henrique Caron, cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo.
O maior perigo calórico para esses pacientes, segundo o médico, é o chamado “grazing”, hábito de “beliscar” comidas com carboidratos ao longo do dia. “A ansiedade leva a um ciclo vicioso de comer bastante, beliscando entre as refeições, o que faz com que essas pessoas voltem a engordar após a cirurgia. Mais do que uma operação, para ser bem sucedida a cirurgia bariátrica requer uma mudança nos hábitos de vida do paciente que quer deixar de lado a obesidade e ter uma vida saudável”, pontua.
Segundo ele, em relação aos impulsos e ansiedade, é preciso organização alimentar. “Temos que ter horários definidos, senão a gente entra numa onda de comer conforme der vontade e se perde. Nosso corpo sempre vai pedir algo mais calórico, o que gera ansiedade. Rotina pessoal e atividade física são atitudes boas para a nossa vida, fora da quarentena inclusive.”
Mente sã, corpo são
Coordenadora de psicologia do HAC, Alissandra de Lima Malvezi enfatiza a importância de cuidar do aspecto psicológico – não só dos pacientes recém operados. “Todos nós precisamos de autoconhecimento, cuidar da nossa mente e do nosso corpo. Isso pode ser alcançado de várias formas: o autoconhecimento pode vir por meio de uma terapia. O melhor ponto de partida para a estabilidade emocional, que leva a procurarmos uma boa alimentação, uma noite bem dormida e a termos ânimo para a prática de exercícios físicos é ter o nosso psicológico fortalecido”, recomenda, em relação a quem busca emagrecimento ou evitar o reganho de peso.
“O cuidado específico de uma terapia é importante, que pode ser feita em videoconferência. O exercício da meditação é essencial para o cérebro. Existem estudos científicos que comprovam sua eficácia, bem como o sentimento de gratidão, que gera uma alteração estrutural cerebral. Sempre digo que devemos pensar no cérebro como uma máquina, fazê-la trabalhar para funcionar bem, com a memória, os exercícios mentais, dentro da ideia do corpo são e mente sã”, define Alissandra.
A psicóloga orienta, contudo, que o nível de ansiedade precisa ser mensurado a partir de orientação profissional especializada. “É preciso ver o nível de ansiedade, se pode ser controlado com essas técnicas de relaxamento, ou se é maior, o que necessita acompanhamento psicológico e psiquiátrico. A ansiedade pode ser gatilho para compulsão alimentar e outros transtornos.”
Isolamento pós transplante
Em relação às pessoas que passaram por transplantes no último ano, o isolamento é a rotina recomendada mesmo fora de pandemias. “Esse paciente precisa estar isolado de outras pessoas e evitar aglomeração. A orientação padrão de um transplantado é essa devido aos medicamentos imunossupressores que eles tomam para evitar a rejeição do órgão, mas que acarretam uma maior exposição a infecções. E o coronavírus é uma delas”, orienta João Nicoluzzi, médico cirurgião responsável pelo Setor de Transplantes do Hospital Angelina Caron.
Sobre as consultas e o acompanhamento médico após os transplantes, Nicoluzzi ressalta que os pacientes são orientados a retornarem ao hospital uma vez por semana ou a cada 15 dias, dependendo de cada caso. “Também estamos aplicando os recursos da telemedicina, com atendimento via WhatsApp e Skype, para evitar o deslocamento presencial desses pacientes durante a pandemia.”
Entre as recomendações específicas, o médico reforça que os transplantados serão sempre pessoas com cuidados diferenciados. “Também é preciso evitar a ingestão de comidas cruas e redobrar a atenção com os hábitos de higiene pessoal. Todos esses cuidados, como evitar locais com aglomerações, são fundamentais no primeiro ano após o transplante. Com o tempo, os remédios imunossupressores vão diminuindo até que o sistema imunológico dos pacientes possa ir se recuperando, para se defender de forma adequada de qualquer infecção.”
Sobre o Hospital Angelina Caron
O Hospital Angelina Caron está localizado na cidade de Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba (PR). A instituição é um centro médico-hospitalar de referência no Sul do Brasil. Realiza, anualmente, 2,07 milhões de procedimentos em pacientes de todo o país, sendo um dos maiores parceiros do SUS no Estado. Reconhecido internacionalmente, o Serviço de Transplantes de Órgãos do hospital realiza anualmente cerca 250 procedimentos nas áreas hepática, renal, reno-pancreática, cardíaca e de tecidos corneanos, tendo ainda o credenciamento do Ministério da Saúde para transplantes pediátricos e de pulmão. Com investimentos frequentes em tecnologia e equipamentos de última geração, atua em todas as vertentes da medicina e é um centro tradicional de fomento ao ensino e à pesquisa.
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