No Brasil, o índice que mede a sustentabilidade das empresas (ISE) foi criado no ano de 2005, mas os avanços nesse campo ainda são pequenos se considerarmos os 15 anos que se passaram desde então. Este cenário soa um alerta importante para as empresas brasileiras que quiserem continuar atraindo investimentos estrangeiros.
Segundo a consultora em gestão sustentável e palestrante Roseli Capudi, o Brasil tem avançado se considerarmos como um país aindajovem em relação aos outros países, principalemente os europeus. “Os empresários por lá buscam investimentos que gerem, além de lucros, impactos positivos na sociedade”, afirma Roseli, que ministra palestras sobre Liderança Sustentável. “A temática socioambiental na Europa é mais forte e sólida que aqui. Temos poucos estudos e dados de forma conclusiva sobre o mercado de investimentos que geram impactos sociais no Brasil, mas também temos que admitir que existem iniciativas importantes nesse campo”, acrescenta.
O ÍSE foi criado pela Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e serve para medir a eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. A iniciativa tem como objetivo incentivar e apoiar as práticas sustentáveis de um grupo de empresas.
Na nova carteira estipulada para o ano de 2020, estão presente empresas como Itaú Unibanco, Lojas Renner, Petrobas, TIM, MRV, entre outras.
Na visão de Roseli Capudi, o ISE tem bom reconhecimento por parte do universo empresarial, mas o cenário ainda tem muito espaço para crescer.
Fato é que as empresas hoje têm uma clara diretriz que podem seguir quando o assunto é sustentabilidade: os critérios da ONU. Chamado de Critérios ESG, esses métodos são fundamentais para o processo de análise dos investimentos.
Eles são divididos em: E (Environmental), que determina a forma como a empresa usa sua energia, descarta lixo, se emite ou não gás carbônico e se contribui para mudanças climáticas; S (Social), que avalia os direitos dos colaboradores, cuidados com a segurança no trabalho, diversidade entre os funcionários, relacionamento com a comunidade, desenvolvimento de fornecedores, entre outros; G (Governance), que funciona como um sistema de políticas e práticas dos quais as empresas são direcionadas e controladas como diversidade no conselho, metodologia de contabilidade, políticas de anticorrupção, etc.
Por parte dos investidores, as vantagens também são inúmeras. Uma das principais delas é a transparência que os dados trazem.
“Ao ver que a empresa detém um critério voltado para ações sustentáveis, o consumidor fica mais seletivo em relação a mesma. Esses fatores são significativos para a companhia, pois passa uma imagem de desenvolvimento, preparação e na frente da tendência mundial”, destaca a palestrante.
No Estudo de CEOs mais abrangente do mundo, até o momento, sobre a contribuição das empresas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (também conhecidos como Objetivos Globais), conduzidos pelo Pacto Global das Nações Unidas e Estratégia Accenture, mais de 1.000 executivos de topo em 99 países refletiram sobre as oportunidades e desafios à sustentabilidade desde o lançamento dos Objetivos Globais.
Ao mesmo tempo em que reconhecem a oportunidade de vantagem competitiva, liderando questões ambientais, sociais e de governança e relatam progresso real, inovação e impacto impressionantes; eles reconhecem que a comunidade empresarial poderia e deveria estar dando uma contribuição muito maior para alcançar uma economia e sociedade globais sustentáveis até 2030. Eles também apontam para as barreiras que impedem os negócios de fazer mais e os facilitadores que liberariam o potencial do setor privado .
Não satisfeitos com o status quo, esses CEOs de todos os setores, regiões e empresas, grandes e pequenas, estão enviando uma chamada clara e inequívoca aos seus setores e pares para intensificar a ação e mudar os sistemas de mercado para impulsionar uma década com mais foco aos Objetivos Globais.
“Ao adotar as práticas sustentáveis vinculadas com as diretrizes organizacionais, as empresas se tornam mais próximas e honestas com seus clientes e com o mercado. Mais respeitadas pelos seus fornecedores e comunidade. Mas ainda estamos longe do ideal. Precisamos olhar para o macro, desenvolver novas lideranças e trabalhar a tríade de sustentabilidade: social, financeiro e ambiental de forma mais intensa e estratégica, diz Roseli.
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