quarta-feira, 25 de março de 2020

Como a história ensina a lidar com pandemias
Especialista conta como Gripe Espanhola matou dezenas de milhões com desinformação e transmissão acelerada.
Vírus da Gripe Espanhola se espalhou rapidamente e atingiu diversas capitais brasileiras
créditos: Dario Studios / Depositphotos

O componente de História nas escolas, além de outros benefícios, tem como objetivo ensinar erros cometidos no passado para que a sociedade saiba como evitar que se repitam. Olhando para as grandes pandemias que já assolaram o mundo, uma que se assemelha bastante à atual crise do novo coronavírus (Covid-19) foi a Gripe Espanhola. “Com os primeiros casos aparecendo no primeiro semestre de 1918, a Gripe Espanhola surgiu quando o mundo experimentava a Grande Guerra”, conta o coordenador da assessoria de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Norton Frehse Nicolazzi Junior. “Ela acabou sendo chamada de espanhola, cogita-se, pelo fato da Espanha ser um país neutro na Guerra. Nenhum país naquele momento ia se responsabilizar por disseminar aquele vírus de mortandade tão grande”, explica



Como o Brasil também participou da guerra, o professor lembra que os primeiros brasileiros infectados foram membros de uma frota brasileira contaminada na costa do mediterrâneo. “Segundo os registros, aproximadamente 1.200 homens estavam nos seis navios da frota brasileira, mil caíram doentes e 156 morreram alguns dias depois”, relata o professor. Mas a chegada do vírus se deu em meados do mês de setembro de 1918, com a vinda, ao Rio de Janeiro, de um navio britânico com aproximadamente 200 tripulantes doentes e outros infectados aparentemente saudáveis. A partir desse momento, esses marinheiros se misturaram com a população e acabaram transmitindo o vírus, causando um contágio em progressão geométrica”, descreve Nicolazzi. A situação ficou tão precária no país que o presidente da República no momento, Rodrigues Alves, morreu em 1919, em decorrência da pandemia.
Aprendizados e lições
O especialista conta que as medidas de fechamento de fronteira e isolamento são lições aprendidas com a Gripe Espanhola e, anteriormente, com a Peste Bubônica. “Esse isolamento se mostra necessário se pensarmos na analogia histórica. No caso da Gripe Espanhola, a fronteira aberta permitiu que o vírus chegasse e rapidamente se espalhasse por diversas capitais brasileiras”, relata Nicolazzi. “No espaço de um mês, em capitais mais afastadas do litoral, tínhamos cerca de 20 óbitos por dia. Se houvesse um fechamento de fronteiras e isolamento, esse número certamente seria menor”.
Outro aprendizado é o fato de que uma pandemia não faz distinção entre credo, raça ou classe social. “O alcance do vírus ao presidente, com o fato do Rio de Janeiro ser a capital federal naquela época, nos levar a concluir que realmente não havia ninguém imune. A peste também mostrou isso na Europa, dos mais pobres ao grandes lordes, todos estavam sujeitos a serem infectados pelo vírus. Só o fato do presidente estar morando e convivendo no Rio de Janeiro fez com que ele estivesse suscetível ao contágio, como de fato aconteceu”, evidencia o professor.
Globalização e desinformação 
“Ainda não temos condições de mensurar ou comparar a atual epidemia com as anteriores, mas essa expansão, da maneira como ela ocorre, é fruto do próprio processo de progresso técnico, de progresso econômico e da ideia de uma globalização de trânsito”, diz Nicolazzi. “As pessoas em trânsito favoreceram a disseminação da Peste no final do período medieval e a disseminação da Gripe Espanhola no início do século XX, com navios circulando o mundo inteiro em função da guerra. Isso tudo favoreceu muito a propagação das doenças, assim como hoje o vírus facilmente acessa o mundo todo”.
Quanto à desinformação notada nos dias atuais, o professor conta que décadas atrás era muito pior. “As principais potências envolvidas na guerra esconderam os casos de Gripe Espanhola para não transmitir fraqueza durante o confronto. As pessoas achavam que não seriam contaminadas até o momento em que elas começam a ver os seus próximos adoecerem e morrerem em questões de poucos dias”, expõe.
“As pessoas, de certa forma, buscam um conforto numa informação. Então, a não aceitação da gravidade do problema no primeiro momento faz parte da própria dinâmica das pessoas de tentarem de alguma forma se protegerem. Em 1918, eles acabavam acreditando em qualquer coisa. O povo depositava suas esperanças em purgantes preparados à base de alfazema, de limão, cebola, vinho do Porto, cachaça, enfim, qualquer coisa que pudesse lhes dar um certo conforto. No Rio de Janeiro, tinha até distribuição de canja de galinha como a salvação contra a Gripe Espanhola. E nada disso, obviamente, surtiu efeito”, esclarece Nicolazzi.

Sobre o Sistema Positivo de Ensino
É o maior e mais tradicional sistema voltado ao ensino particular no Brasil. Com um projeto sempre atual e inovador, ele oferece às escolas particulares diversos recursos que abrangem alunos, professores, gestores e também a família do aluno com conteúdo diferenciado. Para os estudantes, são ofertadas atividades integradas entre o livro didático e plataformas educacionais que o auxiliam na aprendizagem. Os professores recebem propostas de trabalho pedagógico focadas em diversas disciplinas, enquanto os gestores recebem recursos de apoio para a administração escolar, incluindo cursos e ferramentas que abordam temas voltados às áreas de pedagogia, marketing, finanças e questões jurídicas. A família participa do processo de aprendizagem do aluno recebendo conteúdo específico, que contempla revistas e webconferências voltados à educação.

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