Mercado de cosméticos naturais e veganos tem potencial para crescer no
Brasil
Estima-se que o país tenha 7 milhões de veganos; escolha alimentar tende a
se estender a outros segmentos, como o de cosméticos, movimentando cerca de
R$ 3 bilhões por ano
CURITIBA, O mercado de produtos veganos e naturais está em
crescimento no Brasil. Estima-se que cerca de 14% dos brasileiros (o
equivalente a 30 milhões de pessoas) sejam vegetarianos - dentro desse
grupo, a projeção é que 7 milhões se enquadrem como veganos, de acordo com o
Ibope Inteligência. Conforme o Instituto Ipsos, 28% dos brasileiros têm
procurado consumir menos carne. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)
conta com 2,3 mil produtos veganos certificados, comprovando itens sem
ingredientes de origem animal, que não realizam testes em animais e com
fornecedores que também não façam testes.
As projeções mostram que, no Brasil, somente os produtos orgânicos
movimentam aproximadamente R$ 4 bilhões por ano, conforme estimativas do
Conselho Brasileiro da Produção Orgânica Sustentável. Cerca de um terço da
população se mostra disposta a consumir esses produtos, conforme
levantamento realizado no ano passado. Não à toa, há expectativa de que
esses itens cresçam 20% ao ano.
O idealizador da Nesh (marca curitibana de cosméticos veganos e naturalmente
artesanais), Thiago Pissaia, afirma que o mercado está em crescimento por
inúmeros motivos. "As pessoas estão buscando mais a naturalidade dos
produtos dos anos 1940 e 1950, como uma referência dos avós, e tendo mais
informações sobre os riscos aos quais estão expostos tanto ao comer quanto
ao usar produtos de higiene pessoal, como os desodorantes industriais, que
têm alumínio", afirma. "Normalmente, a primeira mudança acontece pela
alimentação, partindo para outros segmentos, como o da higiene", ressalta.
A Nesh aposta em uma diversidade de produtos - ao todo, são mais de 70 -,
como sabonetes, xampus e condicionadores, produzidos com ativos naturais e
sem a adição de elementos nocivos ou ingredientes sintéticos em sua
composição. A empresa também desenvolveu condicionadores sólidos, sabonetes
variados de frutas, sais de banho efervescentes e cosméticos com ativos
naturais. Entre os cosméticos, encontram-se hidratantes, difusores, sprays
de ambientes, óleos corporais, esfoliantes, desodorantes naturais, entre
outros.
Os xampus, por exemplo, são livres de sulfatos, petrolatos, parabenos,
gordura animal e ftalatos, oferecendo benefícios para a saúde dos fios, do
couro cabeludo e, também, do meio ambiente, já que os resíduos que são
despejados na natureza não são prejudiciais. Toda a linha produzida pela
Nesh é biodegradável e embalada com celofane vegetal e papel reciclado,
usando pouca ou quase nenhuma embalagem plástica. A empresa já conta com a
certificação IBD (maior certificadora da América Latina para produtos
orgânicos) e está atuando para obter a chancela da SVB para os itens
veganos. "Estamos no andamento burocrático", diz Pissaia.
Diferentes públicos
A percepção de Pissaia é que o público está cada vez mais preocupado com o
impacto ambiental e em seu próprio corpo do uso de produtos
industrializados. No entanto, há, ainda, uma divisão nas lojas. O grupo dos
veganos ou pessoas já acostumadas a usar os produtos naturais e aqueles que
ainda estão considerando essa opção, buscando entender as diferenças.
"É uma mudança de consciência da sociedade como um todo. Já há o público das
pessoas mais voltadas à natureza e ao próprio cuidado pessoal. Elas conhecem
o produto, seu preço e seus benefícios: sabem o valor que existe em nossas
composições", diz o criador da Nesh. "Quem não tem muito contato ainda fica
mais receoso. Até mesmo porque, às vezes, um produto natural, como os
xampus, precisa passar por um período de transição", completa Pissaia
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