quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Se eu posso, qualquer um pode”, diz brasileiro eleito Padeiro do Ano em premiação interamericana
Anualmente, Confederação premia personalidades que se destacaram na panificação das Américas. Desta vez, o mérito é brasileiro.
Marcos Gugel sempre foi o filho mais próximo de Dona Telma. Ao contrário dos irmãos, podia passar horas observando e aprendendo com a mãe na cozinha, lugar onde Telma preparava de tudo, inclusive aquilo que se tornaria o maior apreço de menino: o pão de fermentação natural. “Pão é família, não tem jeito. Vai do afeto, das memórias de criança, até a técnica, o fermento, a mão na massa”, conta Marcos Gugel. É o fermento a verdadeira herança da família. Prova disso é que na próxima quarta-feira, 27, ele vai a Montevidéu, no Uruguai, onde recebe o prêmio de Padeiro CIPAN do Ano 2019 – o equivalente a Melhor Padeiro das Américas em 2019. A mais alta honraria da panificação das Américas é concedida pela Confederação Interamericana da Indústria do Pão - CIPAN.


Mas da cozinha do Paraná, estado onde nasceu, à premiação internacional, muito caminho teve de ser percorrido. Gugel, como ficou mais conhecido, começou ainda jovem a percorrer o país e compartilhar o pão. É que, quando rapaz, exerceu a profissão de caminhoneiro, o que deu a ele a oportunidade de morar e conhecer todas as regiões do nosso Brasil. Tudo isso, sem abandonar o hábito – e paixão – de produzir para consumo próprio e para venda os pães que o lembravam da mãe e da época em que, ainda com 10 anos, levantava de madrugada para acompanhar o trabalho de uma amiga padeira na primeira fornada do dia. Um gosto que muitos consideravam peculiar.
“Acredito muito em missão. Sempre foi e ainda é o meu serviço para a sociedade oferecer o pão. Tem gente que diz que o dia não começa sem o alimento, para mim sempre foi assim. Mas não se trata apenas de um pãozinho, é oportunidade. É caminho próspero para muitas famílias, como aconteceu comigo”. Hoje morador de Recife, Gugel é também professor. Um de seus maiores orgulhos é, logo quando chegou à cidade, ter ministrado por cerca de dez anos um curso profissionalizante para jovens em comunidades em situação de vulnerabilidade social da região. “Felicidade é ter empregado parte desses jovens na minha padaria. É ver que estão quase todos empreendendo, crescendo dentro da economia da panificação e confeitaria. É isso que me fortalece”, disse Gugel, emocionado.
Hoje, o Padeiro do Ano toma a frente da Campo Fertile Padaria Gourmet, junto com sua esposa Inês Helena. Conhecida pelos recifenses, é lá que ele coloca a mão na massa e desenvolve as criações que caíram no gosto dos clientes e o levaram a ser reconhecido pela excelência do trabalho. Os pães de alta hidratação, ciabatta e brioche são os queridinhos dos fregueses. Isso sem falar nas criações inspiradas em ingredientes locais, como o pão com jerimum.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria - ABIP, José Batista de Oliveira, o percurso de Marcos Gugel é exemplar para a categoria. “É isso que nos inspira na área. A história de Gugel mostra um rapaz que passou de vendedor ambulante para empreendedor da sua própria padaria. Gugel dá aulas, forma jovens, e ainda é criativo, usa de ingredientes que deixam qualquer um surpreso -  e satisfeito! Estamos muito felizes e orgulhosos com a premiação deste ano, representando muito bem a força dos brasileiros”, comenta.
O prêmio Padeiro CIPAN do Ano 2019 será entregue em cerimônia no Uruguai, dia 27 de novembro, durante a programação da Reunião Alterna da CIPAN 2019. De malas prontas para receber o título, Marcos Gugel não esconde a emoção. “Não cheguei aqui sozinho, junto comigo sobem muitos no palco. E o melhor: se eu posso me tornar o maior padeiro das Américas, qualquer um pode também alcançar seus objetivos. Basta acreditar e trabalhar com empenho em busca deles”.

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