Obra destaca a morte de mulheres por conta da cultura do Oriente Médio
Baal, da renomada escritora e psicanalista Betty Milan, é uma história que aborda questões discutidas no movimento feminista. A cada seis horas uma mulher é vítima de feminicídio no mundo, segundo dados da ONG de 2018. Em muitos países do Oriente Médio, a mulher é vista como propriedade e quando desacata o pai pode ser morta, como retrata a autora em sua obra.
A cultura do Oriente Médio é uma importante discussão aqui no Brasil, principalmente a libanesa, da qual a autora é descendente, pois, segundo os dados da última pesquisa realizada (2017) há mais libaneses no Brasil do que no Líbano. São 12 milhões de libaneses e descendentes de libaneses no Brasil, enquanto no Líbano só há 4,5 milhões (fonte: https://glo.bo/2KzomQK).
A escritora Betty traz estas questões na obra dela, Baal, recém lançada pela Editora Record e está disponível para entrevistas.
Abaixo, mais informações da obra e leia aqui com exclusividade um trecho dos primeiros capítulos. (proibida a reprodução)
Sobre a obra: Baal é uma história familiar. O patriarca e personagem principal, Omar, narra um drama sempre atual: o da imigração. No final do século XIX, quando seu melhor amigo é capturado por uma milícia para servir no exército inimigo, Omar é forçado a largar do seu país no Oriente Médio. Ao fugir da aldeia, coração partido, jura que voltará para buscar a família e a noiva. Embarca para os trópicos, atravessa o oceano e começa a vida na mascatagem, como os conterrâneos que emigraram para o Novo Mundo. Valendo-se da sua força física e da inteligência, vence as dificuldades, torna-se um próspero atacadista e constrói um palácio, Baal, «uma jóia do Oriente no Ocidente», para sua filha única, Aixa, e a família dela. Só que, depois da sua morte, os descendentes dilapidam a fortuna. O patriarca, que morreu sem poder descansar em paz por causa dos conflitos familiares, vê a guerra do país natal se repetir no país da imigração. Pervertidos pelo dinheiro e com medo do empobrecimento, os netos resolvem demolir Baal para vender só o terreno e fazer com o palácio « o negócio mais rentável ». Tiram a mãe já idosa do lugar onde ela sempre morou e a transferem com a fiel servidora e o cachorro para um cubículo. Indignado com o comportamento dos netos, Omar os culpa por não se darem conta da sua luta e do alto custo do berço de ouro que lhes proporcionou. Associa a crueldade deles à vergonha das origens. Diz que, além de xenófobos, são desmemoriados, « sucumbiram no fundo negro do esquecimento». Para se opor a isso, ele rememora a história. A rememoração o obriga, no entanto, a reconhecer os seus erros. Não se empenhou em transmitir o que aprendeu na travessia e, por preconceito em relação às mulheres, não formou a filha, para ser sua sucessora. Se valeu dela para animar Baal, o seu pequeno império tropical, e não para que o palácio continuasse a existir depois da sua morte e se tornasse o que deveria ter sido, um memorial da imigração.
Ficha técnica: Editora: Record | Assunto: romance brasileiro | Preço: 49,90 | ISBN: 978-85-01-11635-2 | Edição: 1ª edição, 2019 | Tamanho: 13,6 x 21 | Páginas: 224
Sobre a autora: Betty Milan é paulista, autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Além de publicadas no Brasil, suas obras também circulam com selos de França, Argentina e China. Colaborou nos principais jornais brasileiros e foi colunista da Folha de S.Paulo, da Veja e da Veja.com. Trabalhou para o Parlamento Internacional dos Escritores, sediado em Estrasburgo, na França. Foi convidada de honra do Salão do Livro de Paris em 1998 e em 2015. Em 2014, representou a literatura brasileira contemporânea na Feira Internacional do Livro de Miami (EUA). Antes de se tornar escritora, formou-se em medicina pela Universidade de São Paulo, especializou-se em psicanálise na França com Jacques Lacan e fundou o Colégio Freudiano do Rio de Janeiro.
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